A histeroscopia cirúrgica é a técnica padrão ouro para o tratamento de doenças da cavidade uterina.
A primeira histeroscopia foi realizada ainda no século XIX, no ano de 1869, pelo médico italiano Diomede Pantaleoni. Com essa abordagem, ele identificou e tratou um pólipo endometrial em uma paciente de 60 anos que tinha sangramento pós-menopausa.
Com os avanços na área, foram desenvolvidos instrumentos menores, sistemas de iluminação da cavidade uterina, meios de distensão seguros e energia bipolar. Hoje, portanto, há duas modalidades: diagnóstica/ambulatorial e cirúrgica.
Este texto fala sobre a histeroscopia cirúrgica, que, embora seja um procedimento simples e minimamente invasivo, é feito obrigatoriamente em ambiente hospitalar. Veja as indicações e como a cirurgia é feita!
Quais são as indicações da histeroscopia cirúrgica?
A cirurgia histeroscópica é indicada quando há suspeita ou diagnóstico de alguma afecção na cavidade do útero. As alterações podem ser primeiramente reveladas em exames de ultrassonografia pélvica, ressonância magnética, histerossalpingografia ou histeroscopia ambulatorial.
De modo geral, as indicações mais comuns para o tratamento com histeroscopia cirúrgica incluem:
- sangramento uterino anormal;
- sangramento pós-menopausa;
- espessamento anormal do endométrio (tecido que reveste o útero por dentro);
- anomalia congênita mülleriana, como o útero septado;
- mioma submucoso;
- pólipo endometrial;
- síndrome de Asherman;
- remoção de corpo estranho, como o dispositivo intrauterino (DIU) — o procedimento pode até ser realizado no primeiro trimestre de gravidez, quando os fios não são vistos no exame pélvico.
As contraindicações são poucas: mulheres com infecção pélvica ativa, sinais de herpes genital, mulheres grávidas ou com suspeita de gravidez. Por ser um procedimento que necessita de sedação, pacientes com condições clínicas de risco (doenças cardíacas, pulmonares, entre outras) devem ser bem avaliadas antes de serem submetidas ao procedimento.
Como a histeroscopia cirúrgica é realizada?
A histeroscopia cirúrgica é um procedimento minimamente invasivo, realizado em ambiente hospitalar por especialista experiente, equipe treinada e com todos os recursos necessários para a condução segura de uma cirurgia.
A operação é realizada com a paciente anestesiada. O histeroscópio, um instrumento rígido ou flexível equipado com microcâmera, é inserido pela vagina e passa pelo orifício externo do colo do útero, sendo posicionado de forma a permitir a visualização completa da cavidade uterina.
Para garantir boa visibilidade do interior do órgão, também são usados meios de distensão, como o soro fisiológico em fluxo contínuo.
Além de se conectarem facilmente a canais de fluídos, fonte de luz e microcâmera, os histeroscópios para o procedimento cirúrgico possuem um compartimento que permite a introdução de instrumentos de pequeno calibre utilizados para ressecção de estruturas.
De dentro do útero, a microcâmera acoplada ao histeroscópio transmite imagens de toda a cavidade para um monitor de vídeo. Qualquer lesão pode ser identificada e tratada com segurança e precisão.
Como são o pré e o pós-operatório da histeroscopia cirúrgica?
Antes da histeroscopia cirúrgica, a paciente passa por avaliação pré-operatória, consulta com o anestesista e exames individualizados, de acordo com sua história médica e existência de comorbidades que possam aumentar os riscos da cirurgia.
As mulheres na pós-menopausa podem se submeter à histeroscopia cirúrgica a qualquer momento do mês. Para as pacientes que ainda menstruam, o procedimento pode ser marcado para as primeiras semanas do ciclo menstrual, pois na fase secretora ou pós-ovulatória o endométrio está mais espesso, isso pode interferir na identificação das lesões ou levar a um sobrediagnóstico de pólipos endometriais.
A histeroscopia cirúrgica é um procedimento relativamente rápido e simples. A paciente interna e recebe alta no mesmo dia, ficando apenas cerca de 4 a 5 horas no hospital. A recuperação pós-operatória também é rápida e, no dia seguinte, é permitido retornar ao trabalho e reassumir as outras atividades de rotina.
No geral, a histeroscopia cirúrgica é segura. Há um risco mínimo de complicações, como perfuração uterina ou sobrecarga de fluídos do meio de distensão.
As pacientes que tratam condições que estavam afetando sua fertilidade podem recuperar suas chances de gravidez após a histeroscopia cirúrgica — isso também depende de outros fatores, como idade materna, estado da reserva ovariana e fertilidade do parceiro.
No mês seguinte ou com um intervalo de 1 a 2 meses após a realização da histeroscopia cirúrgica, a mulher que deseja engravidar pode voltar às tentativas de uma gestação natural ou realizar a transferência embrionária em um ciclo de fertilização in vitro (FIV).