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Como descobrir se sou infértil?

Por: Dr. Luiz Henrique Fernando

A infertilidade é uma condição associada a disfunções no sistema reprodutor e pode afetar mulheres e homens em proporções semelhantes. Diante da dificuldade persistente para chegar a um resultado positivo nos testes de gravidez, o casal pode chegar a essa questão: “como descobrir se sou infértil?”.

Para começar, um ponto importante a considerar é o tempo de tentativas. Em cada ciclo reprodutivo (ou ciclo menstrual), as chances de engravidar são de, aproximadamente, 15 a 20%. Quando há fatores de infertilidade presentes, essa probabilidade é reduzida.

A recomendação dos especialistas e das entidades de saúde é que o casal procure avaliação médica após 12 meses de tentativas — período de relações sexuais frequentes, sem qualquer tipo de contracepção. Para mulheres com mais de 35 anos, recomenda-se um período de tentativas de 6 meses, pois o avanço da idade feminina também é um fator de infertilidade.

Embora engravidar pareça ser fácil, visto que a reprodução é natural entre os seres vivos, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que 1 em cada 6 pessoas é afetada pela infertilidade em todo o mundo. Isso corresponde a cerca de 17,5% da população adulta, portanto, um número significativo.

A realização de exames laboratoriais e de imagem faz parte da investigação de um casal infértil. A partir disso, o acompanhamento médico e os tratamentos apropriados para cada caso podem elevar as chances de gravidez.

Este texto traz informações sobre a avaliação da fertilidade feminina e masculina e as formas de tratamento.

Atenção aos sintomas

Além da dificuldade para engravidar, é importante observar sinais e sintomas que possam estar associados a doenças nos órgãos reprodutores.

A mulher infértil pode ter condições que causam:

  • irregularidades menstruais;
  • dor no baixo abdome e na região pélvica;
  • cólicas menstruais intensas;
  • dor na relação sexual;
  • sangramento após a relação sexual;
  • sangramento fora de época;
  • dor e ardência para urinar;
  • secreção vaginal anormal.

Já o homem, quando tem alterações no trato reprodutivo, pode apresentar:

  • dor e inchaço testicular;
  • assimetria dos testículos;
  • presença de veias dilatadas nos testículos;
  • secreção peniana;
  • dor e ardor para urinar;
  • presença de sangue na urina ou no sêmen;
  • dor na relação sexual e na ejaculação;
  • redução da libido e disfunção erétil.

Avaliação da fertilidade feminina

Falamos em infertilidade conjugal quando se trata de investigar os fatores que podem deixar o casal infértil. Há exames indicados para o homem e a mulher, como as dosagens hormonais e o cariótipo, assim como há técnicas de imagem específicas para a avaliação do sistema reprodutor feminino.

Veja quais são os principais exames solicitados para a investigação da infertilidade feminina e o que eles podem identificar:

Ultrassonografia pélvica

A ultrassonografia pélvica é o primeiro exame de imagem a ser realizado. O exame pode ajudar no diagnóstico de doenças no útero, nas tubas uterinas e nos ovários, incluindo:

  • endometriose;
  • adenomiose;
  • síndrome dos ovários policísticos (SOP);
  • sinequias uterinas;
  • mioma uterino;
  • pólipo endometrial;
  • malformações nos órgãos;
  • tumores uterinos e ovarianos.

Histerossalpingografia

Esse é um exame de radiografia com aplicação de contraste. O líquido é injetado via vaginal e deve fluir pelo colo uterino, passar pelo corpo do útero e pelas tubas uterinas. Dessa forma, é possível detectar alterações estruturais no útero e nas tubas, tais como malformações e obstruções.

Histeroscopia

A histeroscopia é a técnica padrão-ouro para avaliar e tratar doenças do endométrio, camada interna do útero. O procedimento envolve a introdução de um instrumento com microcâmera pelo canal vaginal. As imagens obtidas podem revelar alterações endometriais como pólipo, mioma submucoso, sinequias, hiperplasias, entre outras.

Avaliação da reserva ovariana

A reserva ovariana é o estoque de óvulos que a mulher tem para desenvolver e ovular ao longo da vida. A avaliação dessa reserva é feita com ultrassonografia para contagem dos folículos antrais (os quais guardam os ovócitos) e dosagem do hormônio antimülleriano.

Ressonância magnética

A ressonância magnética pode ser realizada na avaliação de rotina ou quando há necessidade de complementar o ultrassom para avaliar a cavidade pélvica. Para algumas condições como miomatose uterina, endometriose, adenomiose, entre outras, é um exame importante, pois apresenta elevado nível de detalhamento.

Avaliação da fertilidade masculina

Para o homem também há uma série de exames, sendo o espermograma o principal. Muitas vezes, essa ferramenta é suficiente para revelar alterações na fertilidade masculina. Os demais exames são solicitados para avaliação complementar e identificação das doenças subjacentes.

Espermograma

O espermograma consiste em análises macro e microscópicas de amostras seminais. O exame pode revelar alterações nas características físicas do sêmen, assim como problemas na produção (quantidade) e na qualidade (morfologia e motilidade) dos espermatozoides.

Entre as condições mais graves identificadas pelo espermograma, está a azoospermia, que significa ausência de espermatozoides no fluído ejaculado. Há várias causas para isso, as quais são pesquisadas com outros exames.

Ultrassom da bolsa testicular

A ultrassonografia da bolsa escrotal é importante quando há suspeita de doenças e malformações no trato genital masculino, tais como: tumores, torção testicular, varicocele, ausência congênita dos vasos deferentes, obstruções decorrentes de infecções genitais, entre outras.

Teste de fragmentação do DNA espermático

Testes de função espermática também podem ser solicitados na avaliação da infertilidade masculina, sobretudo o teste de fragmentação do DNA espermático. Esse exame identifica se há alto índice de perda da integridade do DNA dos espermatozoides, fator que pode acarretar falhas de fertilização e baixa qualidade dos embriões.

Além de doenças, como a varicocele, alguns hábitos de vida, como sedentarismo, tabagismo, alcoolismo, estresse, entre outros, podem elevar o nível de fragmentação do DNA dos espermatozoides.

Dosagens hormonais

Os exames de dosagens hormonais são habitualmente realizados para avaliar tanto os hormônios masculinos quanto os femininos, por exemplo: FSH e LH (hipofisários); testosterona, estradiol e progesterona (produzidos nas gônadas); hormônios das glândulas tireoide e suprarrenais. Essas e outras substâncias são fundamentais para o funcionamento equilibrado do sistema reprodutor.

Exames genéticos

Testes genéticos, principalmente o exame do cariótipo, são importantes para rastrear alterações cromossômicas (numéricas e estruturais) que interferem na fertilidade masculina e feminina e aumentam o risco de formar embriões de baixa qualidade.

Descobri que sou infértil: o que fazer?

A avaliação clínica, a identificação dos possíveis sintomas associados à infertilidade e os resultados de todos os exames solicitados permitem ao médico especialista chegar a um diagnóstico, que pode envolver fatores masculinos, femininos ou ambos. Conforme o diagnóstico, podem ser indicadas condutas pontuais para tratar as doenças de base, além de técnicas de reprodução assistida.

Os tratamentos médicos convencionais incluem administração de medicamentos e intervenções cirúrgicas, dependendo do problema diagnosticado. Já as técnicas de reprodução assistida são: coito programado ou relação sexual programada e inseminação artificial ou inseminação intrauterina (ambas de baixa complexidade); fertilização in vitro, mais conhecida apenas como FIV (alta complexidade).

Ao descobrir que é infértil e conhecer os fatores associados, o casal chega a opções para superar suas dificuldades reprodutivas. Por isso, é importante contar com um médico especialista em medicina reprodutiva, que poderá avaliar de forma detalhada e indicar um tratamento individualizado.

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