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Doação de sêmen

Por: Dr. Luiz Fernando Henrique

A opção de fazer o tratamento de reprodução assistida com doação de sêmen, óvulos e embriões ampliou o leque de possibilidades para as pessoas e os casais que não conseguem ter filhos utilizando seus próprios gametas.

O esperma doado pode ser usado em tratamentos com inseminação artificial ou intrauterina (quando os gametas masculinos são introduzidos no útero da paciente) ou com FIV – fertilização in vitro (técnica em que os óvulos são retirados da mulher e fertilizados em laboratório). A escolha da técnica depende das características da mulher, como idade e condições de fertilidade.

No Brasil, até recentemente, a doação de sêmen era feita somente em caráter de anonimato — doadores e receptores sem acesso às informações uns dos outros. Nas últimas atualizações da resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM), ficou estabelecido que os gametas também podem ser doados por parentes, desde que sejam respeitados alguns critérios, sobre os quais falaremos ao longo do texto.

Para quem é indicado o tratamento com doação de sêmen?

As indicações para o tratamento com doação de sêmen incluem as seguintes situações:

Para ser doador, os critérios são: ter entre 18 e 45 anos e boa saúde comprovada por exames. A triagem dos candidatos à doação de sêmen inclui: histórico médico, exame físico e testes laboratoriais para rastrear infecções. O rastreio genético também é necessário.

É feito o registro das características físicas do doador, de modo que os casais interessados podem optar por aquele com quem tenham semelhanças fenotípicas.

Quando a doação é feita por um conhecido, a triagem também pode envolver avaliação psicológica e consulta jurídica.

Como a doação de sêmen é realizada?

As amostras de espermatozoides recebidas por doação passam por técnicas de preparo seminal e são congeladas. Essas amostras permanecem em bancos de sêmen ou nas clínicas de reprodução assistida e são descongeladas quando chega o momento de utilizá-las para inseminação intrauterina ou para fertilizar os óvulos na FIV.

Veja como a doação de sêmen é utilizada na inseminação artificial e na fertilização in vitro:

Inseminação intrauterina

A inseminação artificial é uma opção para mulheres com menos de 35 anos e tubas uterinas permeáveis. O tratamento normalmente começa com a estimulação ovariana, embora também possa ser feito em ciclos não estimulados, com o acompanhamento do processo ovulatório natural da paciente.

Quando o folículo ovariano dominante apresenta o tamanho adequado, realiza-se a indução da ovulação. A previsão é de que o óvulo seja liberado aproximadamente 36 horas após a aplicação dos indutores. Dentro desse período, a amostra do sêmen doado — previamente processada para obter espermatozoides de acordo com os parâmetros de normalidade — é inserida no útero da mulher que pretende engravidar.

Fertilização in vitro

A FIV é uma técnica mais complexa que a inseminação intrauterina. O primeiro passo é a estimulação ovariana, feita com um protocolo específico para desenvolver múltiplos folículos, dentro dos quais estão os óvulos que precisam amadurecer para o processo de fertilização.

Após o acompanhamento do crescimento folicular e a indução da ovulação, os óvulos são coletados dos ovários da paciente e fertilizados em laboratório, utilizando os espermatozoides recebidos a partir da doação de sêmen.

Com a fertilização, formam-se os embriões, que são monitorados em incubadora durante seus primeiros dias de desenvolvimento. Os embriões que atingem o estágio de blastocisto, aproximadamente com 5 dias de cultivo, são transferidos para o útero.

Quais são as normas do CFM para a doação de sêmen?

São várias regras que devem ser observadas na prática de doação de gametas e embriões. Veja algumas:

  • não é permitida nenhuma exploração comercial ou compensação financeira — o que é comum em outros países, como nos Estados Unidos;
  • a doação é anônima, com exceção dos casos em que o doador tem parentesco de até 4º grau com um dos parceiros do casal receptor, desde que não incorra em consanguinidade — o sêmen doado não pode ser de um parente da mulher que vai ser inseminada ou utilizar seus óvulos na FIV, mas pode ser de um familiar de seu parceiro ou parceira;
  • em situações especiais relacionadas à saúde, informações sobre os doadores anônimos podem ser fornecidas exclusivamente aos médicos;
  • as clínicas devem manter um registro permanente com dados clínicos e características fenotípicas dos doadores.

Essas e outras normas são importantes para que a doação de sêmen, bem como de óvulos e embriões, seja uma prática segura tanto para os doadores quanto para as famílias receptoras.

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