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Coito programado

Por: Dr. Luiz Henrique Fernando

O coito programado, também chamado de relação sexual programada, é uma técnica de baixa complexidade da reprodução assistida. Consiste em acompanhar o ciclo menstrual da mulher para prever o dia da ovulação e, assim, definir o momento propício do mês para que ocorram as relações sexuais.

O tratamento do casal infértil deve ser o mais individualizado possível. A partir da avaliação diagnóstica, deve-se levar em conta todos os fatores que dificultam a gravidez natural. Se possível, a intervenção começa com alternativas terapêuticas mais simples e menos dispendiosas, como o coito programado. Na persistência de resultados negativos, a continuidade do tratamento passa a depender de técnicas mais complexas.

Calcular o período fértil e programar as relações sexuais é um método antigo para ajudar a engravidar — bem como para evitar a gravidez. Entretanto, os recursos empregados na reprodução assistida, como uso de medicações hormonais e acompanhamento ultrassonográfico, tornam o coito programado mais eficaz quando bem indicado.

Em quais situações o coito programado é indicado?

O tratamento é indicado principalmente para pacientes com disfunções ovulatórias, como anovulação (ausência de ovulação) ou oligovulação (ciclos ovulatórios infrequentes). Também é uma opção inicial para casais com infertilidade sem causa aparente (ISCA).

Para ter chance de sucesso com o coito programado, é preferível que a mulher tenha menos de 35 anos e tubas uterinas sem doenças, distorções anatômicas ou obstruções. Além disso, o homem deve apresentar resultados normais no exame de espermograma, ou seja, alterações masculinas não podem ser superadas com essa técnica.

As disfunções ovulatórias estão entre as principais causas de infertilidade feminina. Os problemas que podem afetar a ovulação incluem endocrinopatias, fatores relacionados ao estilo de vida e outras condições, como:

  • síndrome dos ovários policísticos (SOP);
  • distúrbios do eixo hipotálamo-hipófise;
  • hipotireoidismo;
  • menopausa natural ou falência ovariana prematura (menopausa precoce);
  • obesidade;
  • atividade física excessiva;
  • estresse.

Como o coito programado é realizado?

O coito programado pode ser feito com ou sem fármacos estimuladores das funções ovarianas. A indução da ovulação é uma técnica simples e eficaz para pacientes com infertilidade por disfunções ovulatórias.

As medicações e os protocolos selecionados pelo médico para indução da ovulação são baseados na causa subjacente ao distúrbio ovulatório. As pacientes também podem ser, inicialmente, submetidas a técnicas convencionais para melhorar sua função ovulatória, incluindo mudanças no estilo de vida e tratamento medicamentoso da endocrinopatia associada.

A indução da ovulação nas técnicas de baixa complexidade (coito programado e inseminação artificial) deve ser diferente da estimulação ovariana que visa a coleta de múltiplos oócitos nos tratamentos com fertilização in vitro (FIV). Em baixa complexidade, utilizam-se doses baixas de indutores de ovulação.

O objetivo na baixa complexidade é induzir o desenvolvimento folicular para obter um óvulo maduro, reduzindo assim as chances de gravidez gemelar e o risco de síndrome do hiperestímulo ovariano (SHO).

A ultrassonografia transvaginal seriada e os exames de dosagens hormonais são realizados durante o período de desenvolvimento folicular para determinar o dia da ovulação. Quando os folículos ovarianos (estruturas que guardam os óvulos) chegam ao tamanho ideal de aproximadamente 18 mm, administra-se o hormônio hCG (gonadotrofina coriônica humana), que induz a maturação final e a ruptura do folículo para liberar o óvulo maduro.

Com base no acompanhamento do processo ovulatório, o casal é orientado a ter relações sexuais no período da ovulação até 1 dia depois da liberação do óvulo.

Quais são as taxas de sucesso do coito programado?

Os casais que atendem aos critérios de indicação — idade feminina abaixo de 35, tubas uterinas saudáveis e fertilidade masculina normal — têm em torno de 15% a 20% de chance de engravidar com o coito programado.

Os números mostram que, mesmo que a mulher tenha problemas de ovulação, as taxas de concepção com a relação sexual programada são semelhantes às de gravidez natural (não assistida pela medicina reprodutiva) em casais férteis.

Diagnosticar as causas dos distúrbios ovulatórios, realizar a avaliação da reserva ovariana e investigar de forma detalhada as condições da fertilidade feminina e masculina são as medidas necessárias para chegar ao tratamento mais apropriado para cada casal.

Caso o coito programado não tenha o resultado esperado após vários ciclos, o casal que deseja engravidar pode decidir, com o apoio de seu médico, se prossegue com a inseminação artificial ou com a fertilização in vitro.

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