A histerossalpingografia é um exame ginecológico que envolve o uso de tecnologia de raio-X com aplicação de contraste. É uma ferramenta utilizada com frequência durante a avaliação da fertilidade feminina, pois sua finalidade é investigar alterações nas tubas uterinas e na cavidade do útero.
A infertilidade feminina requer uma investigação completa, que envolve dosagens hormonais e avaliação de alterações estruturais uterinas, tubárias e ovarianas. Além disso, é necessário avaliar a fertilidade do parceiro, visto que muitos casais são inférteis por fatores masculinos.
As doenças das tubas uterinas podem ser responsáveis por até 60% dos fatores de infertilidade feminina. O principal papel da histerossalpingografia é avaliar a permeabilidade tubária, característica necessária para que o processo reprodutivo natural se cumpra.
As tubas uterinas ou trompas de Falópio se fixam às laterais do útero e se estendem até perto dos ovários. Suas funções incluem recolher o óvulo, carregá-lo até o local da fecundação e, depois, transportar o embrião para a cavidade uterina. Para que tudo isso aconteça, as tubas precisam estar permeáveis, ou seja, desobstruídas.
Os fatores que levam à obstrução das tubas uterinas podem ser congênitos, resultantes de infecções, endometriose e outras doenças estruturais. A oclusão tubária pode ocorrer de forma unilateral ou bilateral, acarretando infertilidade e risco aumentado de gestação ectópica.
Este texto aborda o papel da histerossalpingografia na avaliação feminina e inclui informações como indicações, doenças diagnosticadas e procedimentos para a realização do exame.
Indicações para o exame de histerossalpingografia
Essa técnica diagnóstica é indicada para investigação das causas de infertilidade feminina. É exame sensível para diagnosticar anormalidades nas tubas uterinas.
Há duas situações principais em que o exame de histerossalpingografia é contraindicado: gravidez e infecção pélvica ativa. Outra possível contraindicação está relacionada ao meio de contraste utilizado. Geralmente, é usado contraste iodado, portanto, mulheres com alergia ao iodo devem informar essa condição ao médico antes do procedimento.
Condições diagnosticadas com a histerossalpingografia
A maior parte das anormalidades detectadas com a histerossalpingografia abrange as doenças tubárias. A obstrução e a distorção anatômica das tubas uterinas podem ser causadas por hidrossalpinge ou por aderências de tecido cicatricial.
É referida como hidrossalpinge a condição caracterizada pelo acúmulo de líquido no interior da tuba uterina e consequente dilatação do órgão. Trata-se de uma sequela da salpingite, que por sua vez é uma inflamação tubária decorrente, principalmente, de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). As infecções por clamídia e gonorreia são as mais frequentes.
A endometriose é outra causa comum de obstrução e distorção tubária, quando há formação de tecido cicatricial nas tubas uterinas. As alterações anatômicas das trompas são observadas no exame de histerossalpingografia, mas a endometriose em si é diagnosticada com outros exames, como ultrassonografia pélvica e ressonância magnética.
Alguns tipos de malformações congênitas que alteram o formato do útero e das tubas uterinas também podem ser diagnosticados com a histerossalpingografia. O defeito uterino mais comum é o septo. O útero septado apresenta uma faixa de tecido fibromuscular que divide a cavidade do órgão.
Outro exemplo de malformação congênita é o útero unicorno. Nessa condição, a cavidade uterina tem tamanho reduzido e está ligada a somente uma tuba uterina. A outra trompa não se desenvolve ou se apresenta de forma rudimentar.
As demais doenças estruturais uterinas, como miomas, pólipos e síndrome de Asherman, são detectadas com outros exames, mas também podem estar presentes nos resultados da histerossalpingografia.
Como a histerossalpingografia é realizada
Normalmente, o médico orienta que o exame seja agendado para a fase folicular inicial do ciclo menstrual, que abrange os dias subsequentes à menstruação. Nesse período, o revestimento endometrial (camada interna da parede uterina) está mais fino, o que facilita a detecção de anormalidades na cavidade do útero.
A mulher se deita na posição do exame ginecológico de rotina, um espéculo é colocado na vagina e é feita a limpeza usual do colo uterino. Em seguida, é injetado o meio de contraste por via vaginal. O líquido deve preencher toda a cavidade do útero e continuar nas tubas uterinas até chegar às extremidades fimbriadas.
Durante o preenchimento do útero e das tubas uterinas com o meio de contraste, são feitas várias radiografias pélvicas.
As imagens mostram se o líquido fluiu livremente, revelando que os órgãos estão em sua anatomia normal, ou se há anormalidades na cavidade uterina e obstrução nas tubas.
O exame é simples e rápido, de modo que a mulher pode retornar às suas atividades habituais em seguida. Um desconforto transitório semelhante à cólica é geralmente relatado.
Se a histerossalpingografia revelar condições associadas à infertilidade feminina, é preciso avaliar com o médico as opções terapêuticas. O tratamento pode incluir as técnicas da Medicina Reprodutiva, como a fertilização in vitro (FIV), que não requer permeabilidade tubária para cumprir o processo reprodutivo.