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Histerossalpingografia

Por: Dr. Luiz Henrique Fernando

A histerossalpingografia é um exame ginecológico que envolve o uso de tecnologia de raio-X com aplicação de contraste. É uma ferramenta utilizada com frequência durante a avaliação da fertilidade feminina, pois sua finalidade é investigar alterações nas tubas uterinas e na cavidade do útero.

A infertilidade feminina requer uma investigação completa, que envolve dosagens hormonais e avaliação de alterações estruturais uterinas, tubárias e ovarianas. Além disso, é necessário avaliar a fertilidade do parceiro, visto que muitos casais são inférteis por fatores masculinos.

As doenças das tubas uterinas podem ser responsáveis por até 60% dos fatores de infertilidade feminina. O principal papel da histerossalpingografia é avaliar a permeabilidade tubária, característica necessária para que o processo reprodutivo natural se cumpra.

As tubas uterinas ou trompas de falópio se fixam às laterais do útero e se estendem até perto dos ovários. Suas funções incluem recolher o óvulo, carregá-lo até o local da fecundação e, depois, transportar o embrião para a cavidade uterina. Para que tudo isso aconteça, as tubas precisam estar permeáveis, ou seja, desobstruídas.

Os fatores que levam à obstrução das tubas uterinas podem ser congênitos, resultantes de infecções, endometriose e outras doenças estruturais. A oclusão tubária pode ocorrer de forma unilateral ou bilateral, acarretando infertilidade e risco aumentado de gestação ectópica.

Este texto aborda o papel da histerossalpingografia na avaliação feminina e inclui informações como indicações, doenças diagnosticadas e procedimentos para a realização do exame.

Indicações para o exame de histerossalpingografia

Essa técnica diagnóstica é indicada para investigação das causas de infertilidade feminina. É exame sensível para diagnosticar anormalidades nas tubas uterinas.

Há duas situações principais em que o exame de histerossalpingografia é contraindicado: gravidez e infecção pélvica ativa. Outra possível contraindicação está relacionada ao meio de contraste utilizado. Geralmente, é usado contraste iodado, portanto, mulheres com alergia ao iodo devem informar essa condição ao médico antes do procedimento. 

Condições diagnosticadas com a histerossalpingografia

A maior parte das anormalidades detectadas com a histerossalpingografia abrange as doenças tubárias. A obstrução e a distorção anatômica das tubas uterinas podem ser causadas por hidrossalpinge ou por aderências de tecido cicatricial.

É referida como hidrossalpinge a condição caracterizada pelo acúmulo de líquido no interior da tuba uterina e consequente dilatação do órgão. Trata-se de uma sequela da salpingite, que por sua vez é uma inflamação tubária decorrente, principalmente, de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). As infecções por clamídia e gonorreia são as mais frequentes.

A endometriose é outra causa comum de obstrução e distorção tubária, quando há formação de tecido cicatricial nas tubas uterinas. As alterações anatômicas das trompas são observadas no exame de histerossalpingografia, mas a endometriose em si é diagnosticada com outros exames, como ultrassonografia pélvica e ressonância magnética.

Alguns tipos de malformações congênitas que alteram o formato do útero e das tubas uterinas também podem ser diagnosticados com a histerossalpingografia. O defeito uterino mais comum é o septo. O útero septado apresenta uma faixa de tecido fibromuscular que divide a cavidade do órgão.

Outro exemplo de malformação congênita é o útero unicorno. Nessa condição, a cavidade uterina tem tamanho reduzido e está ligada a somente uma tuba uterina. A outra trompa não se desenvolve ou se apresenta de forma rudimentar.

As demais doenças estruturais uterinas, como miomas, pólipos e síndrome de Asherman, são detectadas com outros exames, mas também podem estar presentes nos resultados da histerossalpingografia.

Como a histerossalpingografia é realizada

Normalmente, o médico orienta que o exame seja agendado para a fase folicular inicial do ciclo menstrual, que abrange os dias subsequentes à menstruação. Nesse período, o revestimento endometrial (camada interna da parede uterina) está mais fino, o que facilita a detecção de anormalidades na cavidade do útero.

A mulher se deita na posição do exame ginecológico de rotina, um espéculo é colocado na vagina e é feita a limpeza usual do colo uterino. Em seguida, é injetado o meio de contraste por via vaginal. O líquido deve preencher toda a cavidade do útero e continuar nas tubas uterinas até chegar às extremidades fimbriadas.

Durante o preenchimento do útero e das tubas uterinas com o meio de contraste, são feitas várias radiografias pélvicas.

As imagens mostram se o líquido fluiu livremente, revelando que os órgãos estão em sua anatomia normal, ou se há anormalidades na cavidade uterina e obstrução nas tubas.

O exame é simples e rápido, de modo que a mulher pode retornar às suas atividades habituais em seguida. Um desconforto transitório semelhante à cólica é geralmente relatado.

Se a histerossalpingografia revelar condições associadas à infertilidade feminina, é preciso avaliar com o médico as opções terapêuticas. O tratamento pode incluir as técnicas da Medicina Reprodutiva, como a fertilização in vitro (FIV), que não requer permeabilidade tubária para cumprir o processo reprodutivo.

 

Referências:

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK572146/

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6097507/

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