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Espermograma

Por: Dr. Luiz Henrique Fernando

O espermograma ou análise seminal é um exame fundamental para avaliação da fertilidade masculina. As análises macro e microscópicas revelam os aspectos físicos do sêmen, bem como as características dos espermatozoides.

O espermograma pode identificar anormalidades seminais, mas é um teste que pode necessitar de outras técnicas de investigação, como a ultrassonografia da bolsa testicular e a ressonância magnética, para descobrir quais são as causas das alterações espermáticas.

A concentração, a motilidade, a morfologia e a vitalidade dos espermatozoides são parâmetros essenciais para os resultados de um espermograma, mas não são os únicos. Volume do ejaculado, pH do esperma, marcadores vesiculares e prostáticos, entre outras informações obtidas com a análise seminal também são importantes, do ponto de vista clínico.

Os parâmetros seminais podem variar consideravelmente entre diferentes amostras do mesmo homem. Sendo assim, é necessário realizar mais de uma análise, com um intervalo entre elas, para determinação dos valores médios.

Vale esclarecer que um resultado normal no espermograma não é garantia de um bom prognóstico reprodutivo, assim como uma análise alterada não impossibilita totalmente a concepção. O exame é um guia na avaliação do casal infértil, mas todas as condições masculinas e femininas precisam ser investigadas no contexto da infertilidade conjugal.

Quais são as indicações para o espermograma?

A análise seminal é frequentemente indicada na avaliação de infertilidade ou como exame de rastreamento para aqueles que desejam investigar seu potencial reprodutivo de forma preventiva.

O espermograma também é feito para avaliar o sucesso de procedimentos cirúrgicos, como vasectomia, reversão de vasectomia e correção de varicocele. Nessas situações, o exame é necessário para confirmar se houve esterilização ou restauração da fertilidade.

Ainda, diante de outras alterações de saúde, como infecções genitais e distúrbios endócrinos, o homem pode ser orientado a realizar um espermograma para verificar se houve impactos na produção ou na qualidade de seus espermatozoides.

Quais são os possíveis resultados do espermograma?

Um resultado normal do espermograma (normozoospermia) evidencia que o homem tem o eixo hipotálamo-hipófise em bom funcionamento, produção adequada de espermatozoides, glândulas sexuais acessórias (próstata e vesículas seminais) saudáveis, permeabilidade da via seminífera e boa função ejaculatória.

Os resultados alterados trazem uma ampla gama de anormalidades seminais e espermáticas. Embora o exame não seja um atestado definitivo de infertilidade, pode trazer informações relevantes para chegar ao diagnóstico de doenças e encontrar a melhor forma de tratamento.

Veja as principais alterações detectadas com o espermograma:

  • hipospermia — baixo volume ejaculado, menos que 1,5 ml;
  • oligozoospermia — baixa concentração de gametas, menos de 15 milhões de espermatozoides por ml de sêmen;
  • azoospermia — ausência de espermatozoides no ejaculado após a centrifugação;
  • criptozoospermia — espermatozoides encontrados somente após a centrifugação;
  • necrozoospermia — baixo número de gametas vivos, menos que 58%;
  • astenozoospermia — baixo percentual de espermatozoides com motilidade progressiva, menos que 32%;
  • teratozoospermia — quantidade reduzida de gametas com boa morfologia, inferior a 4%;
  • leucocitospermia — alto índice de leucócitos na amostra seminal, células que têm a função de proteger o organismo em casos de infecção e inflamação.

A partir desses resultados, avaliação complementar pode ser necessária. A lista de condições que pode causar infertilidade masculina é longa, incluindo: varicoceles, disfunções endócrinas, alterações genéticas, infecções genitais, defeitos anatômicos congênitos, exposição frequente a toxinas (drogas, tabagismo etc.) e ao calor intenso (ocupacional), distúrbios ejaculatórios, entre outras.

Como o espermograma é realizado?

O homem é orientado a manter abstinência sexual entre 48 e 72 horas antes da coleta para o exame. Ejaculações frequentes tendem a reduzir o volume ejaculado; por outro lado, a abstinência prolongada pode alterar a motilidade e a vitalidade dos espermatozoides.

A coleta do sêmen é feita por masturbação, que geralmente o homem realiza na própria clínica de análises, embora alguns estabelecimentos também permitam a coleta domiciliar, desde que o material seja rapidamente levado ao laboratório. É importante que o material seja coletado em frasco de abertura ampla para evitar que frações da amostra sejam perdidas no momento da ejaculação.

Primeiramente, realiza-se a análise macroscópica do sêmen. São avaliados os aspectos físicos, como volume ejaculado, coloração do fluído, tempo de liquefação e viscosidade.

Em seguida, é feita a análise microscópica, que revela dados sobre a concentração, a vitalidade, a morfologia e a motilidade dos espermatozoides, entre outros aspectos, como a presença de leucócitos e de células redondas — um alto índice de células redondas sinaliza estresse oxidativo elevado, decorrente de fatores como hipertermia testicular.

A avaliação dos parâmetros seminais deve ser feita com, no mínimo, duas amostras diferentes, pois há muitas variações em amostras distintas do mesmo indivíduo. O intervalo mais adequado entre as duas coletas deveria acompanhar o período do ciclo germinativo masculino, que é de aproximadamente 3 meses.

Entretanto, por questão de praticidade e celeridade na avaliação, pode-se colher a segunda amostra após 15 dias da primeira. Ainda, se as duas análises forem muito discrepantes entre si, pode ser preciso fazer uma terceira.

Diante de resultados alterados no espermograma, as formas de tratamento propostas podem incluir a correção dos problemas subjacentes e técnicas de reprodução assistida.

Para alterações espermáticas discretas, e se a parceira do homem apresentar boas condições reprodutivas, pode-se iniciar o tratamento de reprodução assistida com preparo seminal e inseminação artificial ou intrauterina.

Se o espermograma apontar condições mais complexas, como oligozoospermia e azoospermia, a fertilização in vitro (FIV) com injeção intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI) pode ser a melhor opção. Nesses tratamentos, os gametas podem ser coletados dos testículos ou epidídimos com técnicas de recuperação espermática.

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