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Correção de varicocele

Por: Dr. Luiz Henrique Fernando

A varicocele é caracterizada pela dilatação das veias que drenam o sangue nos testículos. É a principal causa tratável de infertilidade masculina, chegando a ser encontrada em até 40% dos homens inférteis ou subférteis.

Essa doença nem sempre precisa de tratamento. Os homens deverão ser devidamente avaliados e podem receber indicação para a correção cirúrgica em situações específicas.

Um importante impacto clínico da varicocele é a redução da produção de testosterona, hormônio produzido nos testículos e responsável pelo funcionamento do sistema reprodutor e pelo desenvolvimento das características sexuais secundárias masculinas. Por consequência, pode ocorrer atrofia testicular, atraso no desenvolvimento puberal, disfunção sexual, diminuição de massa muscular, entre outras alterações.

Este texto mostra como a varicocele pode afetar a fertilidade masculina, quais são as técnicas para correção de varicocele e em quais situações a correção cirúrgica pode ser indicada.

Varicocele e infertilidade masculina

Nem todo homem com diagnóstico de varicocele terá infertilidade ou subfertilidade, mas essa correlação frequentemente existe.

Em um espermograma, vários aspectos são analisados: o exame pode revelar alterações na concentração, na morfologia e/ou na motilidade dos espermatozoides.

Os homens podem apresentar alteração na produção espermática porque a presença de varicocele aumenta a temperatura intratesticular, diminui a oxigenação e eleva o estresse oxidativo, entre outros mecanismos prejudiciais à espermatogênese.

Além de afetar a produção de espermatozoides, a varicocele pode aumentar os índices de fragmentação do DNA espermático, fator associado à diminuição da qualidade das células reprodutivas.

Indicações para a correção cirúrgica de varicocele

A correção de varicocele pode ser indicada nas seguintes situações:

  • alterações confirmadas no exame de espermograma;
  • redução na produção de testosterona;
  • sintomas que não melhoram com medicação e outras medidas analgésicas;
  • atraso no desenvolvimento puberal;
  • atrofia testicular.

Os pacientes jovens (na puberdade ou no início da vida adulta) que não apresentam sintomas e ainda não pretendem formar uma família podem apenas acompanhar sua condição por meio de exames anuais. Aqueles com sintomas leves também podem fazer uso de medicação analgésica e suporte escrotal para aliviar o incômodo quando a varicocele for sintomática, fato que é raro.

Quanto à indicação da varicocelectomia diante da infertilidade, a American Society for Reproductive Medicine e a American Urological Association recomendam que as varicoceles clínicas (grau II e III) sejam tratadas cirurgicamente quando: o homem apresenta alterações nos parâmetros seminais ou nos testes de função espermática, considerando que sua parceira seja fértil ou tenha uma condição tratável de infertilidade.

Nessas condições, o casal ainda tem chances de gerar filhos biológicos pelo método natural ou com a ajuda da reprodução assistida.

Técnicas cirúrgicas empregadas na correção de varicocele

A abordagem padrão-ouro para a correção cirúrgica de varicocele é a microcirurgia subinguinal (minimamente invasiva, feita com auxílio de um microscópio cirúrgico e pequenas incisões). Outra forma de tratamento inclui a embolização venosa, por via percutanea. A escolha da melhor técnica deve ser discutida com o médico. A microcirurgia subinguinal é o método de escolha, pois está associada a:

  • menores índices de lesões arteriais e complicações pós-cirúrgicas, como a atrofia testicular, devido à visualização microscópica das artérias;
  • menores índices de recidiva e/ou persistência da varicocele;
  • redução do risco de hidrocele (acúmulo de líquido na bolsa testicular), pois a visualização microscópica ajuda a preservar os vasos linfáticos.

Os procedimentos microcirúrgicos para correção de varicocele duram cerca de 2 horas, e o paciente pode receber alta no mesmo dia.

Reavaliação da fertilidade após a correção de varicocele

A correção de varicocele melhora os parâmetros seminais em até 70% dos homens que passam pelo procedimento. Mesmo se o casal necessitar de técnicas de reprodução assistida para engravidar, os espermatozoides terão melhor qualidade após a cirurgia.

Como a espermatogênese leva tempo, geralmente encontramos melhora dos parâmetros seminais após 3 e 6 meses da cirurgia.

Dependendo da idade e reserva ovariana da parceira, entre outros fatores, o caminho pelo qual o casal irá engravidar deverá ser discutido com médico especializado em Medicina Reprodutiva.

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