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Uretrite, orquite, epididimite e prostatite

Por: Dr. Luiz Fernando Henrique

Entre as condições potencialmente relacionadas à infertilidade masculina, estão as infecções genitais, as quais se apresentam como uretrite, orquite, epididimite e prostatite. Tais condições podem ser agudas ou crônicas, e as causas mais comuns são as infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), destacando-se agentes como clamídia e a gonorreia.

As infecções do trato geniturinário masculino estão associadas a 15% a 20% dos casos de infertilidade. Nessas situações, os espermatozoides podem ser afetados de diferentes formas: no desenvolvimento, no amadurecimento ou no transporte pelo trato reprodutivo.

Os processos inflamatórios provocam prejuízo na qualidade do sêmen por causa do aumento de espécies reativas de oxigênio.

Neste texto, você verá informações sobre uretrite, orquite, epididimite e prostatite.

Uretrite

A uretrite é a inflamação da uretra, o tubo fibromuscular que permite a saída da urina (em homens e mulheres) e do sêmen (no homem). Há uma forte associação dessa doença com as ISTs. Conforme suas causas, é classificada como gonocócica e não gonocócica.

A principal causa de uretrite é a infecção por Neisseria gonorrhoeae, bactéria da gonorreia — nesse caso, classifica-se como uretrite gonocócica.

A infecção por Chlamydia trachomatis, bactéria da clamídia, é a causa mais comum de uretrite não gonocócica. Outros agentes infecciosos encontrados nesse tipo de uretrite incluem: Mycoplasma genitalium, Trichomonas vaginalis e vírus Herpes Simplex.

A uretrite também pode ter causas não infecciosas, como traumas decorrentes de instrumentação uretral ou inserção de corpo estranho; irritação, provocada por pressão ou atrito (no uso de roupas apertadas, no andar de bicicleta e até na relação sexual) ou por uso de produtos de higiene e outras substâncias irritantes.

Os sintomas variam de acordo com o microrganismo causador. A manifestação mais comum é o corrimento uretral purulento. Dor e queimação ao urinar, coceira e úlceras genitais são outros possíveis sintomas.

A inflamação da uretra pode desencadear estenose uretral devido à presença de fibroses (formação de tecido cicatricial), levando à obstrução urinária e ejaculatória em condições mais graves.

Orquite

A orquite é a inflamação unilateral ou bilateral dos testículos, órgãos responsáveis pela produção de testosterona e de espermatozoides. Esses órgãos permanecem fora da cavidade abdominopélvica, dentro do saco escrotal, assim têm mais proteção contra infecções genitais.

A orquite isolada é rara, geralmente surge em associação com a epididimite. A causa mais comum é a caxumba. Esse tipo de infecção ocorre principalmente em jovens. Adultos não vacinados também são suscetíveis.

Na fase aguda — que se inicia cerca de uma semana após o aparecimento dos sintomas clássicos da caxumba —, a orquite pode causar sintomas como febre, dor de cabeça, dor e inchaço nos testículos. Depois de duas semanas, essas manifestações tendem a desaparecer, e pode ocorrer atrofia testicular.

Anos após a recuperação, o homem ainda pode apresentar alterações na contagem, na morfologia ou na motilidade dos espermatozoides. Aproximadamente, 30% dos homens que desenvolvem orquite por caxumba ficam inférteis, o que ocorre devido à atrofia do epitélio germinativo com interrupção da produção de testosterona e dos espermatozoides.

A infecção simultânea nos testículos e epidídimos, chamada orquiepididimite, também pode resultar de caxumba. Outras causas de orquite são:

  • virais — rubéola, varicela, citomegalovírus e outros;
  • bacterianas — por clamídia, gonorreia, sífilis e bactérias que causam infecções na próstata e no trato urinário, incluindo Escherichia coli, espécies de Staphylococcus e Streptococcus e outras.

Epididimite

A epididimite é a inflamação dos epidídimos, tubos localizados na borda posterior dos testículos e responsáveis por armazenar os espermatozoides enquanto estes amadurecem. É uma doença comum e que pode ser confundida com torção testicular.

As infecções por clamídia e gonorreia causam cerca de 50% das epididimites em homens com menos de 39 anos. Após essa idade, a infecção pode ser causada por Escherichia coli e outras bactérias comumente encontradas no trato gastrointestinal.

Quando a doença está associada a infecções do trato urinário, resulta do fluxo retrógrado de urina ou estagnação da urina ao longo do trato geniturinário.

Entre os sintomas de epididimite, estão: dor e inchaço escrotal, de início gradual — ao contrário da torção testicular, que causa dor aguda —, sintomas urinários (dor, queimação, aumento da frequência, sensação de urgência ou incontinência) e secreção uretral.

A epididimite pode provocar infertilidade devido à presença de aderências cicatriciais que causam obstruções no trajeto dos espermatozoides, os quais devem sair dos epidídimos e passar pelos vasos deferentes para se juntar aos fluídos que formam o sêmen.

Prostatite

Prostatite é a inflamação da próstata, glândula acessória masculina. A função dessa glândula é produzir o fluído prostático, que se une aos espermatozoides e às secreções das vesículas seminais e das glândulas bulbouretrais para formar o sêmen.

Quase 10% das prostatites bacterianas agudas se tornam crônicas. Os fatores de risco para a progressão da doença incluem: abuso de álcool, diabetes mellitus, tabagismo, doença anorretal, volume aumentado da próstata e histórico de cirurgia na próstata.

Enterococcus, Staphylococcus, Escherichia coli e bactérias atípicas estão entre os agentes etiológicos das prostatites crônicas, embora as causas muitas vezes sejam desconhecidas.

Os sintomas incluem:

  • dor pélvica;
  • dor e queimação para urinar;
  • micção frequente e com sensação de urgência;
  • dores no períneo, na região suprapúbica, nos testículos e no pênis;
  • sintomas urinários obstrutivos, como hesitação para iniciar a micção, gotejamento, fluxo lento e retenção urinária;
  • problemas sexuais, como disfunção erétil e ejaculação precoce.

A relação entre prostatite crônica e infertilidade pode envolver condições como: inflamação da glândula acessória; microcirculação e vascularização prejudicadas; coinfecção por papilomavírus humano (HPV); autoimunidade; obesidade; e síndrome metabólica.

Diagnóstico e tratamento das infecções genitais

Em caso de suspeita de infecção genital, após avaliação clínica detalhada e exame físico, são feitos a cultura de urina e o esfregaço uretral para a pesquisa de microrganismos infecciosos.

A ultrassonografia testicular com Doppler avalia tanto as estruturas anatômicas quanto o fluxo sanguíneo. O ultrassom também é importante para descartar torção testicular em pacientes com dor escrotal aguda, pois a torção requer atendimento de emergência.

O espermograma analisa os impactos da infecção nos parâmetros seminais. A alteração mais grave que pode ser detectada é a azoospermia (ausência de espermatozoides no ejaculado). Isso ocorre devido a obstruções no trato genital ou falhas na produção dos gametas.

O tratamento das infecções genitais é feito com medicamentos antibióticos ou antivirais, de acordo com o microrganismo encontrado. Se houver sintomas, o paciente também pode precisar de analgésicos, anti-inflamatórios, uso de suporte escrotal e aplicação de compressas frias.

Mesmo após tratamento adequado, sequelas podem perdurar com consequente diagnóstico de subfertilidade ou infertilidade. Nesses casos, há técnicas de reprodução assistida que podem auxiliar indivíduos ou casais a engravidar, técnicas que vão desde extrair espermatozoides dos testículos até fertilizar óvulos e formar embriões. Converse com um médico especializado em Medicina Reprodutiva.

 

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