A videolaparoscopia é uma técnica cirúrgica minimamente invasiva realizada para tratar doenças diversas que se desenvolvem nos órgãos do abdome e da pelve. Na área de ginecologia e medicina reprodutiva, tem um papel fundamental, pois pode corrigir condições que afetam a fertilidade e a qualidade de vida das mulheres.
O início dos procedimentos por laparoscopia foi um marco na evolução da medicina, no início do século passado. Nas décadas de 1960 e 1980 aconteceram mudanças inovadoras, quando a abordagem laparoscópica deixou de ser somente diagnóstica para ser uma técnica cirúrgica.
Os pioneiros da cirurgia por laparoscopia foram os médicos alemães Kurt Semm e Erich Mühe. Desde então, ocorreram melhorias significativas no treinamento cirúrgico acompanhadas do desenvolvimento de instrumentos apropriados que requintaram a videolaparoscopia e a tornaram segura e acessível.
Os avanços técnicos nos trouxeram ao cenário da cirurgia laparoscópica assistida por robótica. A tendência é que a tecnologia continue aprimorando a videolaparoscopia, incluindo inovações baseadas em inteligência artificial e realidade aumentada.
Atualmente, a videolaparoscopia já é considerada uma abordagem terapêutica rotineira e preferível, tendo em vista que os riscos associados são bem menores que na cirurgia convencional aberta (laparotomia).
Quais são as indicações da Videolaparoscopia?
Há um amplo leque de alterações ginecológicas que a videolaparoscopia pode tratar. Embora a técnica também tenha inúmeras aplicações diante de doenças do sistema digestório e outros, vamos apresentar somente as indicações em ginecologia e medicina reprodutiva, as quais incluem:
- dor pélvica aguda;
- dor pélvica crônica;
- endometriose;
- massas e aderências pélvicas;
- cistos de ovários;
- doença inflamatória pélvica (DIP);
- anomalias müllerianas uterinas e outras malformações genitais;
- mioma intramural e subseroso;
- histerectomia laparoscópica (cirurgia para retirada do útero), que pode ser combinada com a histerectomia por histeroscopia (feita por via vaginal);
- laqueadura tubária;
- obstrução das tubas uterinas;
- gestação ectópica;
- deslocamento dos órgãos genitais (distopias) e prolapso da cúpula vaginal;
- tratamento cirúrgico do câncer de ovário, câncer de endométrio e câncer de colo uterino.
Como a videolaparoscopia é realizada?
A videolaparoscopia é feita em ambiente hospitalar, com a paciente sob efeito de anestesia geral. O procedimento envolve a introdução do instrumental cirúrgico e eletrônico na cavidade abdominal por meio de pequenas incisões próximas à cicatriz umbilical.
O set eletrônico inclui aparelhos essenciais para a realização da cirurgia, como videocâmera, fonte de luz, monitor de vídeo, eletrocautérío e insuflador de dióxido de carbono (CO2). No instrumental cirúrgico, constam trocartes para a introdução dos demais instrumentos, pinças de apreensão, tesouras, sistema de irrigação e aspiração para manter a área manipulada limpa na presença de sangramento, entre outros.
Antes de começar a cirurgia, a mulher é posicionada com muito cuidado, pois alterações hemodinâmicas e respiratórias podem ser agravadas ou amenizadas de acordo com o posicionamento da paciente.
A cirurgia laparoscópica começa com a inserção de agulha de pneumoperitônio e a infusão de CO2 para distender a cavidade abdominal e facilitar o acesso às estruturas internas. Em seguida, o primeiro trocarte é introduzido na cicatriz umbilical para a colocação da óptica.
São feitas mais 2 ou 3 incisões de 5 a 15 mm na região suprapúbica para a introdução dos demais trocartes, que servem como portal para a inserção dos outros instrumentos cirúrgicos.
Após a introdução do aparelho com microcâmera, toda a cavidade abdominal e pélvica é inspecionada, enquanto as imagens são acompanhadas pela equipe médica em um monitor de vídeo de alta resolução. Assim, anormalidades encontradas podem ser corrigidas com precisão e segurança.
Como é o pós-cirúrgico da videolaparoscopia?
A maioria das mulheres consegue retomar suas atividades de rotina depois de 1 a 2 semanas. Como em qualquer outra cirurgia, é importante respeitar as recomendações de repouso para evitar complicações pós-operatórias e facilitar o processo de cicatrização.
Entre as vantagens da videolaparoscopia, estão:
- maior precisão cirúrgica com menor trauma;
- menor incidência de hematoma e infecções de parede abdominal;
- diminuição do tempo de internação hospitalar;
- melhor resultado estético, devido às pequenas incisões;
- recuperação mais rápida e retorno precoce às atividades habituais.
Avaliação individualizada, profissionais bem treinados e entendimento adequado do objetivo do procedimento cirúrgico são itens fundamentais para o sucesso nesses tipos de tratamento.