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Adenomiose

Por: Dr. Luiz Henrique Fernando

A adenomiose é uma patologia caracterizada pela presença de tecido semelhante ao endométrio (revestimento interno do útero) dentro do miométrio (camada intermediária da parede uterina).

O endométrio é um tecido que responde à ação dos hormônios reprodutivos, estrogênio e progesterona, e altera suas características ao longo do ciclo menstrual. Sendo assim, os fragmentos endometriais que se encontram no miométrio são estimulados pela ação hormonal. Dessa forma, a adenomiose é uma patologia hormônio-dependente.

Adenomiose e endometriose têm mecanismos patogênicos semelhantes — não raro, as duas coexistem —, mas são doenças distintas. Na primeira, os fragmentos de endométrio crescem no miométrio; na endometriose, o tecido se implanta fora do útero, em outras partes da região pélvica e até em sítios extrapélvicos.

Quais são as causas da adenomiose?

Os fatores etiológicos dessa doença não são totalmente conhecidos. A teoria mais aceita é a da invaginação ou invasão direta do endométrio basal no miométrio.

Segundo essa proposição, a zona juncional mioendometrial, que separa as duas camadas uterinas, pode enfraquecer quando a mulher passa por cirurgias, como a cesariana, permitindo que células endometriais invadam o miométrio.

Outra teoria discutida é a da metaplasia, que sugere a existência de resquícios embrionários das estruturas que dão origem aos órgãos reprodutores femininos (ductos de Müller), os quais poderiam originar no miométrio um tecido semelhante ao endométrio.

Também são apontados vários fatores de risco para o surgimento da adenomiose, tais como:

  • sobrepeso ou obesidade;
  • idade superior a 40 anos;
  • histórico de duas ou mais gestações (multiparidade);
  • padrão menstrual com ciclos curtos;
  • menarca precoce;
  • fatores genéticos e imunológicos;
  • realização de procedimentos cirúrgicos no útero, como curetagem, cesariana, remoção de pólipos ou miomas, entre outros.

Quais são os sintomas de adenomiose?

Os sintomas de adenomiose podem ser facilmente confundidos com os de outras doenças uterinas. Há também o desafio de fazer o diagnóstico precoce porque até um terço das portadoras não tem sintomas. De modo geral, é importante estar atenta a qualquer alteração que indique alguma patologia ginecológica.

Em casos de adenomiose, as manifestações clínicas incluem:

  • sangramento uterino anormal;
  • aumento de volume menstrual;
  • cólicas intensas;
  • dor pélvica;
  • dor no intercurso sexual;
  • aumento do volume uterino;
  • sensação de pressão no baixo ventre;
  • infertilidade.

A adenomiose pode ser um desafio para mulheres que ainda querem engravidar, pois é uma condição que pode afetar tanto a implantação embrionária quanto a evolução da gestação. A maior parte das mulheres com diagnóstico de adenomiose conseguirá engravidar naturalmente e não terá complicações obstétricas. Porém, parte dessas mulheres pode ter parto prematuro e neonato com baixo peso devido à adenomiose.

Quais exames são feitos para o diagnóstico de adenomiose?

A avaliação diagnóstica requer anamnese, exame pélvico e técnicas de análise por imagem. O passo inicial é a investigação clínica, que permite o levantamento dos sintomas, além de informações sobre o histórico menstrual e reprodutivo da paciente. Já no exame pélvico, o médico pode perceber o aumento do volume uterino.

Entre os métodos de diagnóstico por imagem, as opções mais indicadas são a ultrassonografia transvaginal e a ressonância magnética. Esses exames também têm acurácia para identificar os subtipos da adenomiose, que pode ser focal ou difusa.

Como tratar a adenomiose?

As possibilidades de tratamento para a adenomiose incluem uso de medicação anti-inflamatória, fármacos hormonais, cirurgia e, para as mulheres que não conseguem engravidar, técnicas de reprodução assistida. A definição da conduta mais adequada depende de fatores como sintomatologia, idade da mulher e estado reprodutivo.

Os anti-inflamatórios auxiliam na redução da dor durante o período menstrual. Os medicamentos hormonais (contraceptivos orais combinados, dispositivo intrauterino à base de progesterona e outros) ajudam a controlar o fluxo menstrual e reduzir as cólicas, mas são uma opção somente para mulheres que não almejam uma gravidez.

Quando os sintomas não são amenizados com o tratamento farmacológico, a cirurgia é a principal indicação. O procedimento cirúrgico é feito com técnicas minimamente invasivas, como videolaparoscopia ou histeroscopia. Outras abordagens incluem ablação endometrial e embolização da artéria uterina.

Pacientes com idade avançada e que não querem mais ter filhos também podem considerar a cirurgia de histerectomia (remoção do útero), quando os sintomas são graves e não melhoram com outras intervenções.

De modo geral, é preciso partir de uma avaliação médica com olhar individualizado. Os tratamentos variam caso a caso; o que pode ser efetivo para uma mulher, nem sempre é para outras.

É necessário avaliar com cautela o volume uterino, os sintomas, entre outros aspectos da doença, para saber o quanto cada paciente foi afetada e se a adenomiose pode prejudicar a fertilidade ou não.

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