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Como calcular o meu período fértil?

Por: Dr. Luiz Henrique Fernando

O período fértil da mulher é aquele que compreende os dias próximos à ovulação. Para as mulheres que estão tentando engravidar, é importante conhecer os sinais do próprio corpo e saber fazer o cálculo para estimar quais são os dias de maior fertilidade no mês.

Calcular o período fértil e intensificar as relações sexuais durante esses dias é uma conduta eficiente para aumentar as chances de gravidez, desde que ambos, mulher e homem, não tenham doenças subjacentes às dificuldades reprodutivas.

Há duas situações a considerar para o cálculo do período fértil: ciclos menstruais regulares e ciclos irregulares. Neste texto, vamos abordar os dois contextos, além de apresentar o que acontece no corpo feminino ao longo das fases do ciclo reprodutivo.

Ciclo menstrual e período fértil

O ciclo menstrual ou ciclo reprodutivo feminino é dividido em duas fases, folicular e lútea, separadas pelo evento da ovulação. Na fase folicular, os folículos ovarianos são preparados por hormônios, crescem e amadurecem para que um deles chegue a se romper e liberar um óvulo. Na fase lútea, é a vez dos hormônios prepararem o útero para receber um embrião.

Vale esclarecer que os folículos ovarianos são pequenos cistos, presentes nos ovários, que guardam os óvulos em seu interior. É como se fossem a “casa do óvulo”.

Entenda quais são as fases do ciclo feminino com mais clareza:

Fase folicular

Essa fase abrange, aproximadamente, as primeiras duas semanas do ciclo menstrual, contando a partir do primeiro dia da menstruação. Os ciclos regulares duram, em média, 28 dias, mas variações são normais, por exemplo, ciclos de 26 ou 30 dias. Entretanto, quando há alterações maiores, como no caso das mulheres que ficam meses sem menstruar, é necessário investigar se existem doenças associadas.

A fase folicular tem esse nome porque se trata do período em que os folículos ovarianos são estimulados ao desenvolvimento e amadurecimento. Quem faz esse estímulo são os hormônios folículo-estimulante (FSH) e luteinizante (LH), liberados pelo eixo das glândulas cerebrais hipotálamo e hipófise.

Ovulação

A ovulação acontece em um único dia do mês, mas é o marco central do ciclo menstrual. Ocorre geralmente na metade do ciclo, ou seja, cerca de 14 dias após o início da menstruação. O mecanismo envolvido é a ruptura de um dos folículos, aquele que se desenvolveu mais que os outros (folículo dominante), seguida da liberação de um óvulo maduro.

Um grupo de folículos ovarianos começa a se desenvolver no início da fase folicular, mas, geralmente, somente um deles se desenvolve o suficiente. Cerca de 1 dia antes da ovulação, há um aumento súbito na concentração do hormônio LH, que provoca a maturação final e o rompimento do folículo dominante. Em torno desse dia, a mulher está no período fértil.

Os testes de ovulação (veja a respeito logo abaixo, neste texto), comprados em farmácia, identificam exatamente esse fenômeno de aumento da concentração do hormônio LH.

Fase lútea

Depois que o óvulo é liberado, os resíduos do folículo ovariano dominante dão origem a uma glândula endócrina temporária chamada corpo-lúteo. Essa estrutura é responsável por secretar os hormônios estrogênio e progesterona, que modificam as características do endométrio (revestimento interno do útero) para favorecer a implantação de um embrião.

Assim como a regularidade ovulatória, a preparação uterina é determinante para a fertilidade da mulher, pois, mesmo que um óvulo seja fecundado, as chances de gravidez são baixas quando o embrião não encontra um tecido endometrial receptivo.

Cálculo do período fértil em ciclos regulares e irregulares

Calcular o período fértil em mulheres com ciclos regulares é relativamente simples, basta considerar que, se os ciclos têm 28 dias, a ovulação acontece, aproximadamente, duas semanas depois do início da menstruação. Para mulheres com ciclos de 30 dias, a ovulação ocorre cerca de 16 dias depois do início da menstruação. Temos que lembrar também que os espermatozoides permanecem dentro do corpo da mulher por até 3 dias. Então, se o casal tiver relações sexuais nos dias que antecedem a ovulação, há chances de concepção.

Apesar das possíveis variações de um ciclo menstrual normal, podemos calcular um período fértil de cerca de 5 dias: 3 dias antes da liberação do óvulo, o dia da ovulação e mais um após, tendo em vista que o óvulo pode ficar na tuba uterina por até 24 horas.

Os testes de ovulação também são úteis para o cálculo do período fértil. São tiras de medição ou testes digitais que detectam a presença do hormônio LH na urina. Conforme mencionamos acima, a concentração desse hormônio aumenta cerca de 1 dia antes da ruptura folicular e da liberação do óvulo. Portanto, se o teste indicar a presença de LH, significa que a mulher está prestes a ovular.

Há também alguns sintomas que podem ser percebidos antes da ovulação, por exemplo: aumento da libido; lubrificação íntima mais intensa; presença de secreção vaginal com aspecto de “clara de ovo”; leve amento da temperatura corporal.

Em ciclos irregulares, o cálculo é mais complexo e inexato. Nessas circunstâncias, como podem existir condições subjacentes afetando a ovulação, o mais adequado é buscar avaliação com um médico especialista.

Há várias causas de distúrbios ovulatórios e irregularidades menstruais, incluindo síndrome dos ovários policísticos (SOP), hipotiroidismo, distúrbios da hipófise e até alguns hábitos de vida que interferem negativamente no equilíbrio hormonal.

Dependendo do diagnóstico, a paciente pode receber indicação para estimulação ovariana e indução da ovulação, que são procedimentos empregados nos seguintes tratamentos de reprodução assistida: coito programado ou relação sexual programada (RSP), inseminação intrauterina (IIU) ou inseminação artificial (IA) e fertilização in vitro (FIV).

A estimulação ovariana intensifica as funções dos ovários, promovendo o desenvolvimento de mais folículos. O crescimento folicular é monitorado com ultrassonografias e dosagens hormonais, facilitando o cálculo do período fértil para os casais que vão tentar a gravidez por coito programado ou inseminação intrauterina (técnicas de baixa complexidade). Além disso, usualmente utiliza-se medicação que deflagra a ovulação, permitindo um maior controle do ciclo e aumentando as chances de sucesso.

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