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Pólipo endometrial

Por: Dr. Luiz Fernando Henrique

O tecido que reveste o útero internamente é o endométrio. Muitas doenças podem afetar essa camada uterina, modificando as características anatômicas e funcionais do órgão. Pólipos endometriais apresentam potencial impacto no bem-estar e na fertilidade da mulher.

Esses pólipos são proliferações anormais das células do endométrio. Podem ser fixos ao tecido (sésseis) ou ligados por uma haste (pedunculados), únicos ou múltiplos e com tamanhos variados — desde cerca de 5 mm até vários centímetros, chegando a preencher toda a cavidade do útero.

Essa doença é mais encontrada em mulheres entre 30 e 45 anos, porém pode surgir em todas as faixas etárias, inclusive na pós-menopausa.

Um ponto importante é o risco de transformação maligna. Em sua maioria, os pólipos endometriais são benignos, mas alguns fatores podem aumentar o risco de malignidade, como estado de pós-menopausa, presença de pólipo grande, sangramento vaginal sintomático, obesidade e uso de tamoxifeno (medicamento usado no tratamento de câncer de mama).

Ter conhecimento sobre essa doença e saber como identificá-la é importante, especialmente se você tem planos de engravidar.

O que causa o pólipo endometrial?

A causa exata dessa afecção é desconhecida. Acredita-se que a estimulação de estrogênio, hormônio responsável pela proliferação cíclica das células endometriais, tenha um papel central no desenvolvimento dos pólipos.

O aumento da concentração de receptores de estrogênio e a expressão reduzida dos receptores de progesterona também estão associados à formação dos pólipos.

Há vários fatores que contribuem para o aumento dos efeitos estrogênicos ao longo da vida da mulher. O sobrepeso e a obesidade, por exemplo, favorecem a produção elevada de estrogênio endógeno.

Outro fator de risco é a administração de estrogênio exógeno na terapia hormonal, indicada para mulheres que enfrentam os sintomas e repercussões do hipoestrogenismo na menopausa.

Entre os demais fatores que podem contribuir para o desenvolvimento dos pólipos endometriais estão o uso de tamoxifeno e a inflamação crônica do endométrio (endometrite), que é mantida pela secreção de ocitocinas e fatores de crescimento.

Quais são os sintomas do pólipo endometrial?

Os pólipos endometriais podem ser assintomáticos ou sintomáticos. Quando apresentam sintomas, estes estão principalmente associados ao sangramento uterino anormal, incluindo:

  • períodos menstruais prolongados ou com fluxo abundante;
  • sangramento após as relações sexuais;
  • escapes fora do período menstrual;
  • sangramento após a menopausa;
  • dificuldade para engravidar ou levar a gestação adiante.

A infertilidade associada aos pólipos endometriais ocorre porque é no endométrio que o embrião deve se implantar para que a gravidez comece. Portanto, o sucesso da implantação embrionária e o avanço da gravidez dependem de boas condições endometriais.

Se você observar algum dos sintomas descritos, não hesite: procure avaliação médica!

Quais exames são feitos para o diagnóstico de pólipo endometrial?

O primeiro passo para o diagnóstico é a avaliação dos sintomas. Em seguida, o exame especular permite identificar pólipos endocervicais que se exteriorizam pelo orifício externo do colo do útero.

Em algumas situações, surge a suspeita de pólipos quando anormalidades cervicais são reveladas na ultrassonografia transvaginal de rotina. O ultrassom com Doppler é uma opção relevante para identificar a vascularização de neoformações endocervicais e endometriais.

A histerossonografia e a histerossalpingografia são outros exames que podem sugerir a presença de pólipo endometrial. Contudo, a técnica considerada padrão-ouro na investigação e no tratamento de doenças da cavidade do útero é a histeroscopia.

Na modalidade ambulatorial, a histeroscopia é precisa na detecção dos pólipos endometriais, além de possibilitar, no momento do diagnóstico, a ressecção dos nódulos pequenos.

Na histeroscopia, também é feita a biópsia do tecido endometrial. O material é enviado para estudo anatomopatológico, possibilitando a diferenciação entre lesões benignas e malignas, mesmo sendo rara a malignização.

Como é o tratamento do pólipo endometrial?

O tratamento dos pólipos pode envolver conduta expectante e, principalmente, cirurgia por histeroscopia. Fatores importantes para o planejamento terapêutico são o tamanho dos pólipos e o desejo reprodutivo da mulher.

Quando não há intenção de gravidez e o pólipo é menor que 1,5 cm, é possível somente acompanhar, realizando exames regulares para monitorar se houve crescimento. No entanto, essas pequenas lesões são facilmente tratadas em ambiente ambulatorial, dispensando o acompanhamento contínuo.

As indicações para cirurgia incluem:

  • desejo reprodutivo;
  • pólipo sintomático;
  • pólipos com mais de 1,5 cm;
  • pólipo endocervical;
  • paciente em estado de pós-menopausa.

Os pólipos maiores são removidos com histeroscopia cirúrgica. O procedimento é realizado em ambiente hospitalar, com sedação. Nessa modalidade, utilizam-se instrumentos de maior diâmetro para fazer ressecções mais amplas com segurança.

Se você deseja engravidar, é fundamental retirar os pólipos, mesmo os menores. As chances de concepção podem melhorar após a polipectomia, mas isso depende, ainda, de outros fatores, como idade materna, condições gerais do sistema reprodutor e fertilidade do parceiro.

As possibilidades de gravidez — por tentativas naturais ou com o auxílio da Medicina Reprodutiva — devem ser abordadas entre o casal e com seu médico para definir os passos seguintes ao tratamento cirúrgico.

A fertilização in vitro (FIV) e outras técnicas de reprodução assistida são possíveis alternativas na condição de infertilidade associada aos pólipos endometriais ou outros fatores.

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