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Preparo seminal

Por: Dr. Luiz Henrique Fernando

O preparo seminal, conhecido também como capacitação espermática ou processamento seminal, é feito para identificar o potencial reprodutivo do homem, permitindo a seleção dos espermatozoides de melhor qualidade.

Esse procedimento laboratorial é feito em tratamentos de reprodução assistida, como a inseminação artificial e a fertilização in vitro (FIV). Dessa forma, podemos obter uma amostra seminal contendo mais gametas com motilidade e boa morfologia para fertilizar um óvulo.

No processo natural de concepção, a capacitação dos espermatozoides acontece no próprio trato reprodutivo da mulher. Tanto é que dezenas ou até centenas de milhões de gametas podem entrar no corpo feminino por meio da relação sexual, mas apenas cerca de 1% deles chega ao local da fertilização.

Este texto apresenta os métodos do preparo seminal e as aplicações dessa técnica nos tratamentos de reprodução assistida!

Espermograma e preparo seminal

O espermograma é o exame que avalia os aspectos macroscópicos e microscópicos do sêmen. Apesar de não ser um exame que atesta fertilidade ou infertilidade, é um exame útil para rastreamento da saúde do sêmen de um indivíduo.

O resultado do espermograma de alguns homens é limítrofe e deixa dúvidas quanto ao seu potencial para uma gravidez natural ou mesmo para a concepção com técnicas de reprodução assistida. Para tratamentos como inseminação artificial ou FIV clássica, é preciso obter no mínimo 5 milhões de espermatozoides dentro dos parâmetros de qualidade espermática.

O preparo seminal consiste em um processamento que seleciona uma fração de melhor qualidade de determinada amostra seminal. O processamento geralmente proporciona maior concentração e motilidade por ml de amostra seminal. É um processo útil tanto para avaliação do sêmen quanto para preparo dele para tratamentos como a inseminação intrauterina ou FIV.

A coleta do sêmen para avaliação e processamento geralmente é feita por masturbação.

Métodos de preparo seminal

No laboratório de reprodução humana, há diversos protocolos e técnicas empregadas no preparo seminal. Por essa razão, todos os exames (espermograma e teste de fragmentação do DNA espermático) são avaliados com antecedência para melhor atuação e resultado. É imprescindível a realização da análise da amostra fresca no dia do preparo para que o protocolo a ser utilizado seja bem-sucedido. Entre os diversos preparos, os mais utilizados são:

  • Lavagem simples/Sperm washing: é atribuído a casos de qualidades seminais inferiores, buscando manipular o mínimo possível da amostra e concentrar o maior número de espermatozoides para o procedimento de destino. Neste protocolo, a amostra é centrifugada para que haja a separação do plasma seminal e dos gametas masculinos;
  • Migração ascendente/Swim-up: é uma técnica destinada a amostras seminais de bom prognóstico, ou seja, que têm concentração e motilidade de acordo com os parâmetros esperados. A amostra é posicionada em um bloco aquecido a 45° e a ela é cuidadosamente adicionado o meio de cultivo. O objetivo final é fazer com que os melhores e mais rápidos espermatozoides alcancem a superfície do líquido. Apenas a parte superior dessa amostra é retirada, uma vez que ali estão os melhores gametas para a fertilização;
  • Gradiente descontínuo de densidades: é indicado a amostras com parâmetros seminais medianos ou com baixa recuperação. Baseia-se na aplicação de uma força centrífuga sobre os espermatozoides e outros elementos do sêmen, obrigando-os a vencer gradientes de densidades diferentes. Os espermatozoides de maior qualidade ultrapassam essas camadas, e o plasma seminal, as células germinativas, os leucócitos e os espermatozoides imóveis ficam retidos no sobrenadante, sendo desprezados. O resultado é uma amostra limpa e com os melhores espermatozoides;
  • Zymot: é uma placa provida de um chip de microfluido que seleciona os espermatozoides por meio de sua motilidade. A separação e o processamento do sêmen por microfluidos pode permitir uma melhor seleção de espermatozoides com menos fragmentação de DNA e espécies reativas a oxigênio (ROS), sendo um método menos traumático e indicado quando o paciente tem esse parâmetro aumentado. Evita-se assim que o espermatozoide passe pelo mecanismo de centrifugação, que pode contribuir para o aumento dessa variante.

É importante ressaltar que cada preparo é analisado de forma individual para cada paciente e que todos esses métodos podem ser utilizados para tratamentos de baixa e alta complexidade.

O preparo seminal nas diferentes técnicas de reprodução assistida

Os tratamentos no âmbito da reprodução humana assistida são de baixa ou alta complexidade. As técnicas mais simples são o coito programado ou relação sexual programada e a inseminação artificial. A mais complexa é a FIV. O preparo seminal somente não é realizado no coito programado.

A inseminação artificial consiste em introduzir no útero da paciente uma amostra de esperma que foi submetida ao processamento seminal. Então, os espermatozoides com potencial de fertilizar o óvulo migram para as tubas uterinas, onde a fecundação pode acontecer.

A FIV é feita em mais etapas, as quais incluem: estimulação ovariana, punção dos óvulos, preparo seminal, fertilização em laboratório, cultivo embrionário e transferência dos embriões para o útero. Ainda, se for necessário, aplicam-se técnicas de recuperação espermática para obter os gametas masculinos.

 

Em síntese, o preparo seminal pode ajudar a aumentar as chances de gravidez, pois com esses métodos é possível capacitar os espermatozoides e selecionar aqueles com melhores características e potencial de fertilização.

 

Material consultado:

https://portaldaurologia.org.br/medicos/cientifico/Manual_Infertilidade_online.pdf

https://pncq.org.br/uploads/pdfs/manual_laboratorio_oms_A5_web.pdf

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