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Preservação da fertilidade

Por: Dr. Luiz Henrique Fernando

A medicina reprodutiva passou por muitos avanços desde suas primeiras aplicações clínicas. Hoje, é possível superar inúmeras condições de infertilidade feminina e masculina com as técnicas de baixa e alta complexidade. Outra importante opção é a preservação da fertilidade.

Homens e mulheres podem congelar seus gametas para contornar o efeito negativo que o avançar da idade, tratamentos oncológicos ou outras condições médicas provocam nessas células. Em ocasião futura, esse material biológico pode ser utilizado em tratamentos como fertilização in vitro (FIV) ou inseminação artificial.

Este é o grande objetivo da preservação da fertilidade: ampliar as possibilidades das pessoas que não podem ou não querem ter filhos na fase atual de suas vidas, mas têm planos futuros de maternidade/paternidade.

Você verá, neste texto, em quais situações é possível preservar óvulos, sêmen e embriões para recuperar as chances de gravidez no futuro e entenderá como isso é feito.

Indicações para preservação da fertilidade

A preservação da fertilidade é indicada diante de várias condições médicas, benignas e malignas, além de ser uma conduta eletiva para as mulheres que preferem postergar a gravidez.

Conheça as principais indicações!

Preservação social da fertilidade/adiamento da maternidade

A gestação tardia é uma realidade na sociedade contemporânea. Em razão das múltiplas oportunidades pessoais, acadêmicas e profissionais — além da mudança na dinâmica dos relacionamentos afetivos e da instabilidade conjugal —, as mulheres estão deixando os planos de gravidez para depois dos 30 e até dos 40 anos.

No entanto, o envelhecimento biológico não cessa. Após os 35 anos, a redução das chances de gravidez natural é uma realidade devido ao declínio da qualidade dos óvulos.

Dentro desse contexto, o congelamento dos óvulos para preservação da fertilidade ganhou importância, uma vez que proporciona aumento significativo na chance de gravidez futura para a pessoa que congelou seus óvulos e só vai engravidar após um determinado intervalo de tempo.

Preservação oncológica da fertilidade

Mulheres e homens têm o direito de serem devidamente informados sobre os possíveis efeitos colaterais dos tratamentos oncológicos, dentre eles o risco de infertilidade e as possibilidades de prevenção. A preservação oncológica da fertilidade inclusive, tem cobertura das operadoras de planos de saúde.

A quimioterapia e a radioterapia, dentre outras terapias oncológicas, podem causar diferentes danos às gônadas (ovários e testículos) e à produção hormonal. A gravidade dos efeitos depende do tipo de tratamento, duração e doses administradas. Para as mulheres, também depende da idade e do estado da reserva ovariana no início do tratamento.

As terapias contra o câncer são bem-sucedidas atualmente, sobretudo quando iniciadas em estágios iniciais da doença. Portanto, com a redução da mortalidade, também houve um aumento de jovens sobreviventes que ainda desejam ter filhos. A preservação da fertilidade é uma alternativa valiosa para esse grupo.

Outras razões médicas

A preservação da fertilidade se estende a condições médicas como endometriose ovariana e risco de falência ovariana prematura ou menopausa precoce, que pode estar associada a alterações genéticas, como síndrome de Turner e pré-mutação do X frágil.

Outras cirurgias pélvicas femininas e masculinas podem oferecer riscos à fertilidade, por exemplo, a correção de varicocele nos homens. Além disso, há doenças autoimunes e hematológicas, como nefrite lúpica e anemia falciforme, que podem necessitar de tratamentos médicos específicos com risco de causar infertilidade.

Preservação da fertilidade transgênero

Outro grupo emergente que pode se beneficiar da preservação da fertilidade são os indivíduos que pretendem realizar terapia hormonal para mudança de sexo química e cirurgia de redesignação sexual.

As opções para preservar as células reprodutivas dependem da fase da transição de gênero. Mulheres transexuais (designadas como homens ao nascer), podem fazer o congelamento do esperma antes da retirada dos órgãos genitais. Para as meninas trans pré-púberes, a alternativa existente é o congelamento de tecido testicular.

Para os homens transexuais (designados como mulheres ao nascer), dependendo da idade da transição, existem as possibilidades de congelar óvulos maduros ou tecido ovariano.

Os indivíduos que já passaram pela cirurgia de reconstrução genital, que inclui a retirada das gônadas (ovários e testículos), não podem reverter a esterilidade, mas há outras possibilidades encontradas na reprodução assistida, como doação de gametas e embriões.

Procedimentos necessários para realizar a preservação da fertilidade

Para mulheres adultas, a principal opção de preservação da fertilidade é o congelamento dos óvulos. Futuramente, eles podem ser descongelados e fertilizados em um tratamento de fertilização in vitro. Os óvulos são coletados após estimulação ovariana controlada com medicações hormonais que favorecem o desenvolvimento de múltiplos óvulos.

As mulheres também podem optar pela criopreservação de embriões, se já tiverem um parceiro masculino comprometido.

Para meninas pré-púberes com diagnóstico de câncer, a única opção é o congelamento de tecido ovariano, que contêm milhares de ovócitos imaturos. Esse procedimento envolve a remoção de tecido do córtex do ovário, que poderá ser reimplantado no futuro.

A preservação da fertilidade masculina é feita por meio do congelamento de sêmen — de preferência, devem ser congeladas ao menos 2 ou 3 amostras. Em meninos pré-púberes diagnosticados com câncer, existe a opção da criopreservação de tecido testicular, mas ainda é considerada experimental.

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