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Miomas

Por: Dr. Luiz Fernando Henrique

Miomas são tumores benignos que se formam a partir de células do miométrio, tecido muscular que ocupa a camada intermediária da parede do útero.

Também chamados de leiomiomas ou fibroides, os miomas uterinos são muito comuns entre mulheres em idade reprodutiva, mas, como frequentemente são assintomáticos e não motivam a busca por tratamento, os dados podem não revelar a prevalência exata. A estimativa é de que até 40% das mulheres em idade fértil tenham mioma.

Leiomiomas podem ser tanto assintomáticos quanto sintomáticos, a depender do tamanho e da localização desses nódulos. Os principais sintomas são sangramento uterino aumentado, cólicas menstruais, aumento de volume abdominal (quando são volumosos) e infertilidade.

Os miomas submucosos têm grande potencial de dificultar a implantação e evolução de um embrião. Eles estão localizados na parte central (ou interna) do útero, local onde um embrião deve se implantar e se desenvolver.

Há miomas que estão localizados na parte medial do útero, denominados intramurais. Eles estão mais frequentemente associados à infertilidade quando são volumosos (maiores que 3 a 4 cm) ou numerosos.

Para entender melhor a classificação dos miomas, é importante conhecer a divisão histológica da parede uterina. O útero tem três camadas de tecido, da mais interna para a externa, que são denominadas: endométrio, miométrio e camada serosa (perimétrio). Dessa forma, conforme sua localização, os miomas são classificados como:

  • submucosos, quando invadem o endométrio;
  • intramurais, quando crescem dentro do miométrio;
  • subserosos, quando se projetam para a camada externa.

Acima, temos uma classificação geral dos leiomiomas. Entretanto, há uma subclassificação mais detalhada, proposta pela Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO ), que descreve os seguintes tipos:

 

  • 0- intracavitário pediculado;
  • 1- menos que 50% intramural;
  • 2- mais que 50% intramural;
  • 3- 100% intramural, em contato com o endométrio;
  • 4- intramural;
  • 5- subseroso, mais que 50% intramural;
  • 6- subseroso, menos que 50% intramural;
  • 7- subseroso pediculado;
  • 8- outros (cervical, parasita).

Quais são as causas e fatores de risco dos miomas?

A origem exata dos miomas é desconhecida, mas sabemos que há influência genética e hormonal. Os miomas se desenvolvem a partir da mutação de uma única célula, que gera células filhas idênticas a ela e, conforme se proliferam, geram os nódulos que denominamos miomas.

Os leiomiomas são hormônio-dependentes. Seu desenvolvimento tem relação estreita com a presença de hormônios estrógenos, em específico, que são substâncias fundamentais para as funções reprodutivas femininas.

Além dos fatores hormonais e genéticos, aspectos ambientais podem estar implicados no surgimento dos miomas, portanto considera-se uma condição multifatorial.

São observados os seguintes fatores de risco:

  • primeira menstruação muito jovem (menarca precoce);
  • não ter engravidado (nuliparidade);
  • menopausa tardia;
  • sobrepeso ou obesidade;
  • história familiar de mioma;
  • afrodescendência;
  • alguns fatores do estilo de vida, por exemplo o consumo excessivo de carne vermelha.

Quais são os sintomas de miomas?

A maior parte das mulheres que têm mioma não apresenta sintomas significativos. A sintomatologia depende de aspectos como tamanho, número e localização dos tumores.

O sangramento uterino anormal é a principal manifestação de miomatose uterina. Nessa condição, a mulher pode apresentar fluxo menstrual abundante ou por período prolongado. Quando o sangramento intenso é frequente, a anemia é uma possível consequência.

Outros sintomas são: cólicas, dor pélvica, dor na relação sexual e distensão abdominal. Quando os miomas pressionam a bexiga ou o intestino, a mulher pode ter alterações nos hábitos urinários e intestinais.

Dificuldade para engravidar e abortamento de repetição também podem sinalizar a existência de miomas. Além disso, há outros riscos obstétricos envolvidos, como a restrição do crescimento fetal e parto prematuro. No entanto, a grande maioria das mulheres com miomas que engravida tem uma gestação sem qualquer intercorrência.

Quais exames são feitos para o diagnóstico de miomas?

Uma anamnese adequada avaliando todos os possíveis sintomas é fundamental. O exame físico direcionado é relevante e exames de imagem, como a ultrassonografia transvaginal e a ressonância magnética da pelve, são de extrema importância para a confirmação da hipótese diagnóstica e para a avaliação do número, localização e tamanho do(s) mioma(s).

Exames adicionais que podem ajudar na avaliação de miomas submucosos são a histeroscopia diagnóstica e a histerossonografia.

Como tratar os miomas?

Tumores pequenos e assintomáticos podem não necessitar de tratamento. Nessas condições, adota-se a conduta expectante, que envolve a realização periódica de exames de imagem.

O uso de medicação hormonal, incluindo contraceptivos orais combinados, é uma opção para mulheres com sintomas, mas sem intenção de gravidez.

O tratamento cirúrgico é indicado quando o tratamento clínico não é bem-sucedido, os miomas são volumosos e pressionam os órgãos adjacentes, entre outros motivos.

Quando indicado o tratamento cirúrgico, deve-se também discutir e individualizar a técnica cirúrgica. Miomas podem ser retirados por meio de laparotomia (cirurgia aberta), laparoscopia, histeroscopia ou cirurgia robótica.

O tratamento dos miomas pode ser uma importante etapa para chegar a uma gestação. Depois disso, deve-se discutir se o próximo passo envolverá tentativas naturais de gravidez ou algum tipo de tratamento de Medicina Reprodutiva.

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