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Estimulação ovariana: como é feita nas técnicas de reprodução assistida

Publicado em: 09/05/24
Por: Dr. Luiz Fernando Henrique

A medicina reprodutiva trabalha com tratamentos que envolvem diversos procedimentos para auxiliar os casais que lidam com dificuldades para engravidar naturalmente. Uma das técnicas empregadas dentro desse contexto é a estimulação ovariana.

As técnicas de reprodução assistida são realizadas de formas diferentes e variam quanto a complexidade e procedimentos envolvidos. As possibilidades de tratamento para infertilidade incluem basicamente: coito programado, inseminação artificial e fertilização in vitro (FIV) — todas elas iniciadas com estimulação ovariana, mas com protocolos distintos.

Leia este artigo com calma e atenção para compreender o que é estimulação ovariana e como é realizada!

Ciclo menstrual e reserva ovariana

O primeiro passo para entender como funciona a estimulação ovariana é saber o que é reserva ovariana. Nessa reserva, estão armazenados todos os folículos e óvulos que a mulher poderá desenvolver em sua vida reprodutiva, isto é, no decorrer dos ciclos menstruais.

A mulher não produz ovócitos primários ao longo da vida, já nasce com a reserva ovariana completa. Na puberdade, quando os ciclos menstruais têm início, há cerca de 300 a 500 mil folículos ovarianos e dentro de cada um deles há um óvulo.

Com o estímulo endógeno do hormônio FSH (folículo-estimulante), um grupo de folículos ovarianos começa a se desenvolver na primeira fase de cada ciclo menstrual — fase folicular, que abrange as duas primeiras semanas, a partir do início da menstruação.

Dentre os folículos que começam a crescer, geralmente é apenas um deles que se desenvolve o suficiente para atingir o pico de maturação, o que ocorre em resposta ao estímulo do hormônio LH (luteinizante). Depois disso, o folículo dominante se rompe e libera um óvulo, processo esse que conhecemos como ovulação.

Com o recrutamento cíclico dos folículos, a reserva ovariana passa por uma redução progressiva ao longo dos anos — redução que é mais acentuada a partir dos 35. Entre os 45 e 55 anos, aproximadamente, a reserva de óvulos se esgota completamente e os ciclos menstruais cessam, caracterizando a menopausa.

Estimulação ovariana: o que é?

A estimulação ovariana é uma técnica empregada nos tratamentos de reprodução assistida, que consiste em utilizar medicações hormonais (orais ou injetáveis) para estimular o desenvolvimento dos folículos ovarianos.

Mulheres com problemas ovulatórios são beneficiadas com a estimulação ovariana. No entanto, essa técnica não é indicada somente para distúrbios de ovulação, já que se trata da etapa inicial dos tratamentos de reprodução assistida em geral.

Primeiramente, a mulher precisa realizar a avaliação da reserva ovariana. Isso é feito com dosagens hormonais, sobretudo a análise dos níveis do hormônio antimülleriano (AMH), e exames de ultrassonografia pélvica para contagem dos folículos antrais.

A avaliação da reserva ovariana faz parte da investigação básica da infertilidade, pois permite estimar o número de folículos presentes na reserva ovariana. Além disso, conhecer o estado dessa reserva é importante para definir, entre outras coisas, quais medicações serão utilizadas para a estimulação.

Estimulação ovariana nas diferentes técnicas de reprodução assistida

Vários exames femininos e masculinos, além da avaliação da reserva ovariana, complementam a investigação diagnóstica do casal que lida com dificuldades para engravidar. Baseando-se nos dados coletados, é possível decidir quais técnicas de reprodução assistida serão utilizadas.

Seja com técnicas de baixa ou alta complexidade, a estimulação ovariana segue as mesmas etapas:

  • uso de medicações;
  • acompanhamento do crescimento dos folículos com ultrassonografias e dosagens hormonais;
  • uso do fármaco para induzir a maturação final dos folículos e deflagrar a ovulação.

A diferença entre as técnicas está no objetivo (número de óvulos que se deseja obter) e na dosagem das medicações. Entenda melhor!

Coito programado e inseminação intrauterina (baixa complexidade)

Nas técnicas de baixa complexidade, o óvulo é fertilizado in vivo (no corpo da mulher, na tuba uterina). Sendo assim, o protocolo de estimulação ovariana deve ser brando, com doses menores de medicação para evitar a hiperstimulação (mais de 3 folículos) e os riscos de gestação gemelar.

A diferença entre a realização do coito programado e da inseminação artificial é que: na primeira técnica, o único procedimento envolvido é a estimulação ovariana, e o casal é orientado a programar suas relações sexuais com base na previsão dos dias de ovulação e período fértil; na inseminação intrauterina, além do estímulo aos ovários, temos as etapas de preparo seminal e colocação dos espermatozoides dentro do útero na clínica com auxílio de um cateter.

FIV (alta complexidade)

Na FIV, há um controle maior do processo conceptivo e chances de evitar uma gestação múltipla, pois os óvulos são fecundados em laboratório e é possível transferir apenas um embrião para o útero. Os embriões excedentes são congelados e podem ser transferidos no futuro, em outras tentativas.

O protocolo de estimulação ovariana na alta complexidade é mais intenso. O objetivo é obter múltiplos óvulos maduros, aumentando assim as chances de formar um bom número de embriões e consequentemente oferecer maior chance de gravidez.

Continue a ler a respeito do tema, acessando nosso texto principal sobre estimulação ovariana

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