A hidrossalpinge é uma das muitas alterações que podem afetar o sistema reprodutor feminino, que é dividido em trato genital inferior e trato reprodutivo superior. Na parte inferior, estão o colo do útero, a vagina e a vulva. Na parte superior, estão os ovários, as tubas uterinas e o útero, órgãos responsáveis, respectivamente, pelos processos de ovulação, fecundação e implantação embrionária/gravidez.
As tubas uterinas, conhecidas ainda como trompas de falópio, fazem a ligação entre os ovários e a cavidade do útero, sendo órgãos imprescindíveis para o processo natural de concepção. Portanto, elas precisam estar saudáveis para que a mulher consiga engravidar.
Neste artigo, vamos explicar o que é hidrossalpinge e quais são os sintomas dessa condição que pode prejudicar o funcionamento das tubas uterinas. Leia e entenda!
Quais são as funções das tubas uterinas?
As trompas têm a função de recolher o óvulo no momento em que ele sai do ovário e levá-lo para a parte da tuba onde ocorre a fertilização. Depois de fecundado, ainda é função da tuba transportar o óvulo (que já se tornou embrião) para a cavidade uterina.
As tubas são dois tubos que saem das laterais do útero e se estendem até os ovários, medindo aproximadamente 10 cm. Elas não são diretamente conectadas aos ovários, mas possuem prolongamentos em suas extremidades (as fímbrias) que se movimentam e fazem a captação do óvulo.
O óvulo pode ficar cerca de 1 dia no interior da tuba uterina. Assim, se o casal tiver relações sexuais sem contracepção até 3 dias antes da ovulação (considerando o tempo de sobrevida dos espermatozoides no corpo feminino), a fertilização pode acontecer.
Uma das características das tubas uterinas é a motilidade. Devido a sua camada muscular, a tuba tem movimentos que ajudam o embrião a ser transportado para dentro do útero, onde deve se implantar para a gravidez ter início.
Note que para os espermatozoides se movimentarem até o local da fertilização e para que o embrião seja transportado para a cavidade uterina, é preciso que eles tenham livre passagem dentro da trompa — é o que chamamos de permeabilidade tubária, que pode ser afetada pela hidrossalpinge.
O que é hidrossalpinge?
A hidrossalpinge é consequência de um processo inflamatório na tuba uterina. Nessa condição, as trompas ficam preenchidas por líquido e dilatadas, com morfologia anormal. Isso pode acontecer em apenas uma das tubas ou nas duas.
A inflamação tubária é chamada de salpingite. Muitas vezes, está associada a uma inflamação mais abrangente, que afeta também outras partes do sistema reprodutor feminino, como o revestimento interno do útero (endométrio), o colo do útero e até os ovários. Esse conjunto de afecções é diagnosticado como doença inflamatória pélvica (DIP) e pode ter grande impacto na fertilidade.
As causas principais são infecções causadas por microrganismos que migram do trato genital inferior. Entre os patógenos mais encontrados, estão os causadores de clamídia e gonorreia — infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) comumente associadas a problemas reprodutivos tanto na mulher quanto no homem.
A hidrossalpinge causa obstrução tubária, dificultando ou até impedindo a movimentação dos espermatozoides e o transporte do óvulo. Além da DIP, outra causa de bloqueio na tuba uterina é a endometriose, doença que afeta várias partes da região pélvica, frequentemente as trompas.
Quais são os sintomas de hidrossalpinge?
Identificar os sintomas de hidrossalpinge é um desafio, pois essa condição não tem manifestações específicas, uma vez que se trata de uma sequela. Possíveis sintomas são:
- corrimento vaginal;
- dor pélvica, que pode piorar durante ou após o período menstrual;
- dificuldade para engravidar.
A ocorrência de gravidez ectópica também pode ser um sinal de hidrossalpinge. Se o embrião não for transportado para a cavidade uterina, há o risco de que ele se implante na própria tuba, levando à gestação ectópica, isto é, fora do útero. Esse tipo de gravidez não evolui, além de oferecer graves riscos à mulher, caso ocorra ruptura e hemorragia.
Retornando aos sintomas, também é importante ficar atenta às manifestações de outras doenças que estejam relacionadas à hidrossalpinge, como a endometriose e a DIP, que podem incluir dor pélvica, cólicas menstruais, dor na relação sexual, sangramento intermenstrual, entre outros.
Sendo assim, diante de qualquer suspeita de alteração ginecológica, recomendamos a busca por avaliação médica. O especialista poderá solicitar exames, como ultrassonografia pélvica, ressonância magnética de pelve e histerossalpingografia, para estudar as condições das tubas uterinas e dos demais órgãos reprodutores.
Como tratar essa doença?
O tratamento da hidrossalpinge pode envolver cirurgia para desobstrução tubária, procedimento esse com baixa taxa de sucesso, ou uma salpingectomia para remoção da tuba doente. As doenças associadas também precisam ser tratadas.
Se a permeabilidade tubária não for recuperada, a mulher tem a alternativa de engravidar com a fertilização in vitro (FIV), técnica de reprodução assistida. Na FIV, as tubas uterinas não são utilizadas, pois os óvulos são coletados e fertilizados em laboratório. Posteriormente, o embrião é transferido para a cavidade uterina em fase de blastocisto, pronto para se implantar no endométrio.
Vale ressaltar que a presença de hidrossalpinge pode reduzir a chance de sucesso mesmo na FIV. O líquido presente na tuba podem “se espalhar” para a cavidade endometrial e prejudicar a implantação de um embrião.
Vale reforçar que é fundamental procurar um ginecologista diante de qualquer sintoma. Seja para diagnosticar a hidrossalpinge, seja para identificar outra doença, o acompanhamento médico é o caminho para cuidar da fertilidade e da saúde de modo geral.
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