Nas últimas décadas, temos presenciado mudanças sociais importantes, o que reflete diretamente nas configurações familiares. Dentre essas transformações, está a acessibilidade cada vez maior dos casais homoafetivos a direitos como o casamento e a adoção.
A medicina reprodutiva tem acompanhado e se adaptado a essas novas realidades, oferecendo opções para que os casais homoafetivos tenham chances de ter filhos biológicos.
Antes, a ideia de família era tradicionalmente associada à união entre um homem e uma mulher, com (frequentemente) a finalidade principal de ter filhos. Com a crescente conscientização sobre a diversidade, hoje, em muitos países, inclusive no Brasil, sabemos que os casais homoafetivos têm liberdade para constituir uma família.
Nesse cenário, a reprodução assistida se tornou uma ferramenta importante. Com suas técnicas específicas, como a doação de gametas e a barriga solidária, esses casais podem ter a experiência de gerar descendentes com sua herança genética.
Leia o texto na íntegra e entenda quais são as possibilidades da reprodução assistida para os casais homoafetivos!
Como os casais homoafetivos podem ter filhos biológicos?
No contexto atual da medicina reprodutiva, existem diversas possibilidades para os casais homoafetivos terem seus filhos biológicos. Há diferenças entre os tratamentos dos casais masculinos e femininos.
Para as mulheres, o processo pode ser um pouco mais simples, pois as duas parceiras têm óvulos e útero para engravidar e precisam apenas de doação de sêmen. Embora o tratamento seja um pouco mais complexo para os homens, também é possível que os casais masculinos realizem o sonho da paternidade.
Veja quais técnicas são indicadas para os casais homoafetivos masculinos e femininos!
Reprodução assistida para casais homoafetivos masculinos
Os casais masculinos têm os espermatozoides de ambos os parceiros para efetuar seu tratamento de reprodução, mas precisam de ovodoação (doação de óvulos) e barriga solidária. A opção de tratamento de reprodução assistida para esses casais é a fertilização in vitro (FIV).
Os dois parceiros podem passar pela avaliação da fertilidade masculina, que inclui a realização do espermograma, além de dosagens hormonais, rastreio de infecções e exames genéticos. O material de um deles é coletado e submetido às técnicas de preparo seminal, permitindo a seleção dos espermatozoides com maior potencial de fertilização.
Na etapa seguinte, os espermatozoides são utilizados para fecundar óvulos doados por uma mulher saudável. Os óvulos usados são, geralmente, de uma doadora anônima (mas pode também ser de uma parente de até quarto grau – desde que não incorra em consanguinidade).
Os embriões gerados são acompanhados em incubadora com ambiente adequado para seu desenvolvimento fora do útero. Depois de 5 a 7 dias de cultivo, os embriões ou são congelados ou são transferidos para um útero.
O casal homoafetivo masculino precisa contar com a participação de uma mulher que aceite gestar o bebê. Com a técnica chamada de barriga solidária, cessão temporária de útero ou gestação de substituição, os futuros pais têm a possibilidade de acompanhar de perto o desenvolvimento de seu filho, do início ao fim da gravidez.
Todos os envolvidos passam por avaliação física e psicológica e recebem os devidos esclarecimentos, antes de embarcar nessa jornada. Entre os pontos importantes que são previamente estabelecidos, estão a questão da filiação dentro dos aspectos legais e o comprometimento do casal para arcar com todo o suporte que a cedente temporária de útero precisar na gravidez e no pós-parto.
Reprodução assistida para casais homoafetivos femininos
As mulheres em relacionamento homoafetivo podem ter filhos com duas técnicas da reprodução assistida: a FIV e a inseminação artificial ou intrauterina.
A inseminação artificial é uma técnica de baixa complexidade, de realização mais simples que a FIV. Consiste, basicamente, em três etapas: estimulação ovariana, preparo seminal e introdução do sêmen no útero.
Para realizar a inseminação intrauterina, é preferível que a candidata à gestante tenha no máximo 35 anos. As parceiras podem decidir entre elas qual será a gestante e mãe genética da criança ou podem ter essa decisão orientada pelo médico especialista, com base na avaliação da fertilidade e da saúde geral de ambas.
Uma alternativa bastante interessante na reprodução assistida para casais homoafetivos femininos é a gestação compartilhada, situação essa em que as duas mulheres podem participar da gestação, em momentos diferentes.
A gestação compartilhada acontece somente no contexto da FIV e consiste em fertilizar os óvulos de uma das parceiras e transferir o (s) embrião (ões) para o útero da outra. Assim, uma é a mãe genética e a outra vivencia a gravidez.
Com todas essas possibilidades da medicina reprodutiva, os casais homoafetivos têm chances de realizar o sonho de construir sua família com filhos biológicos. Nessa trajetória, é importante contar com o apoio de profissionais experientes e capacitados, que vão esclarecer todas as dúvidas do casal e apresentar as técnicas disponíveis.
Para complementar sua leitura e ampliar o entendimento, leia também o texto institucional sobre reprodução assistida para casais homoafetivos!