A histeroscopia é um procedimento médico minimamente invasivo, indicado para avaliar e tratar doenças que afetam a cavidade uterina. Consiste no uso de um pequeno tubo chamado histeroscópio, que é inserido no útero através da vagina e da cérvice (colo do útero), permitindo ao médico visualizar o interior do órgão.
Há duas modalidades: ambulatorial e cirúrgica. A primeira é feita em ambulatório, com finalidade diagnóstica. Por sua vez, a histeroscopia cirúrgica requer todos os recursos de um centro operatório, portanto, é realizada em hospital.
Tanto a histeroscopia cirúrgica quanto a ambulatorial são úteis para identificar a presença de pólipos endometriais, miomas, aderências ou tumores uterinos. A abordagem cirúrgica por sua vez é aquela que pode tratar essas e outras condições.
Neste texto, abordaremos os principais aspectos relacionados à histeroscopia cirúrgica e sua importância no tratamento da infertilidade!
O que é histeroscopia cirúrgica?
A histeroscopia cirúrgica é um procedimento realizado por via vaginal com o objetivo de diagnosticar e tratar lesões na parte interna do útero. É considerada a técnica padrão ouro no tratamento de afecções intrauterinas, sendo uma das abordagens mais indicadas para corrigir problemas relacionados à infertilidade, como os miomas submucosos.
Tal procedimento começou a ser realizado no século XIX. Os avanços científicos e tecnológicos permitiram o desenvolvimento de instrumentos de menor calibre e sistemas de iluminação que deixaram a histeroscopia mais segura e precisa.
Para a realização da cirurgia, a paciente recebe anestesia (geralmente sedação) e é adequadamente posicionada. Um instrumento com microcâmera acoplada em sua extremidade (o histeroscópio) é introduzido na vagina, passa pelo colo do útero e chega à cavidade uterina, onde capta e transmite imagens em tempo real do interior do órgão. As imagens são acompanhadas em um monitor de vídeo.
O histeroscópio contém um compartimento para que os instrumentos cirúrgicos, como pinça e tesoura para ressecção, sejam introduzidos no útero. Além disso, há o canal de fluídos que garante o fluxo contínuo de um meio de distensão para melhorar a visibilidade da cavidade uterina.
Quais são as indicações da histeroscopia cirúrgica?
A histeroscopia cirúrgica pode ser indicada quando há suspeita de alguma doença uterina na região interna do útero (endométrio). Frequentemente, exames como ultrassonografia transvaginal e ressonância magnética têm grande valor para avaliação dessas doenças e planejamento terapêutico adequado.
As indicações para a histeroscopia cirúrgica incluem o tratamento de:
- Mioma com componente submucoso;
- pólipo endometrial;
- Sinequias uterinas ou síndrome de Asherman;
- alguns tipos de malformação uterina.
Os miomas são tumores benignos, frequentemente encontrados em exames ginecológicos como a ultrassonografia. Nem todos os tipos de mioma causam infertilidade. Os submucosos são os que mais interferem nas chances de gravidez, pois alteram o tecido endometrial, que é o local de implantação do embrião.
Pólipos endometriais são crescimentos anormais no tecido endometrial, que também alteram as características uterinas, dificultando a implantação embrionária e a evolução da gravidez. Nessa condição, a remoção do pólipo por histeroscopia é indicada para restauração da fertilidade ou como conduta de prevenção, visto que há risco — embora o risco seja baixo — de transformação maligna.
A síndrome de Asherman é uma condição caracterizada pela presença de muitas sinequias (aderências de tecido cicatricial) na cavidade uterina. Com isso, o espaço interno do órgão fica ocluído, dificultando implantação e manutenção de um embrião.
Quanto às malformações uterinas, o principal tipo que pode ser tratado com a histeroscopia cirúrgica é o útero septado. A mulher com esse diagnóstico tem a cavidade do útero dividida por uma parede (septo) de tecido que pode ser removida com a cirurgia.
Qual é o papel da histeroscopia cirúrgica na reprodução assistida?
A histeroscopia cirúrgica tem papel importante em deixar a “casa do embrião” adequada para sua implantação e desenvolvimento. Esse embrião pode chegar ao interior da cavidade uterina de forma natural por meio dos tratamentos de baixa complexidade (relação sexual programada ou inseminação artificial ou intrauterina) ou de alta complexidade, como a fertilização in vitro (FIV).
Na FIV, um embrião já com 5 a 7 dias de desenvolvimento em laboratório é inserido na cavidade uterina. É fundamental que esse embrião encontre um ambiente adequado e livre de doenças para poder se desenvolver.
Leia também o texto principal sobre histeroscopia cirúrgica e saiba muito mais!