Durante os anos férteis de uma mulher, mês a mês os órgãos passam por processos cíclicos e o corpo se prepara para uma possível gravidez. Uma das condições mais frequentes que tem o potencial de prejudicar esse funcionamento cíclico dos órgãos reprodutores femininos é a síndrome dos ovários policísticos (SOP).
Leia este post até o fim e entenda o que é SOP!
O que é SOP?
SOP é a sigla para síndrome dos ovários policísticos.
As causas da SOP não são completamente esclarecidas, mas acredita-se que predisposição genética e fatores ambientais/comportamentais exercem forte influência.
Os sinais e sintomas mais frequentes dessa síndrome são:
- alterações menstruais e reprodutivas — oligomenorreia (menstruação infrequente), amenorreia (ausência de menstruação) e infertilidade;
- alterações na pele e nos cabelos, por exemplo, acne, pele oleosa, queda de cabelo (alopécia) e aumento de pelos em locais tipicamente masculinos (hirsutismo).
- presença de múltiplos cistos menores do que 10 mm nos ovários (folículos);
- aumento de níveis sanguíneos de hormônios androgênicos.
Também podem ocorrer disfunções metabólicas, incluindo maior risco de obesidade (sobretudo, de gordura abdominal), resistência insulínica, diabetes tipo 2, aumento do colesterol, gordura no fígado, entre outras.
A SOP é uma endocrinopatia comum e chega a afetar quase 20% das mulheres em idade reprodutiva, dependendo dos critérios adotados para avaliação. Atualmente, o diagnóstico é baseado na presença de ao menos 2 dos 3 critérios seguintes:
- anovulação crônica;
- sinais clínicos ou laboratoriais de hiperandrogenismo;
- ovários policísticos, confirmados com exame de ultrassonografia.
Por que a SOP pode causar infertilidade?
Para falar sobre a relação entre SOP e infertilidade, precisamos recordar uma série de assuntos importantes sobre o funcionamento dos ovários, começando com a formação da reserva ovariana. Esse é o nome dado ao estoque de óvulos que as mulheres têm.
A reserva ovariana é formada durante a vida intrauterina. Assim, a menina nasce com todos os óvulos que poderá desenvolver ao longo de sua vida reprodutiva, desde o primeiro ciclo menstrual até a menopausa.
A partir da puberdade, os ovários funcionam de modo cíclico, sendo estimulados pelos hormônios gonadotróficos e promovendo os processos de ovulação, produção de hormônios e preparação do útero.
Em resumo, o ciclo menstrual acontece da seguinte forma:
- no início do ciclo (período marcado pelo início da menstruação), a hipófise (glândula localizada no cérebro) libera as gonadotrofinas — hormônio folículo-estimulante (FSH) e hormônio luteinizante (LH) —, que estimulam os ovários;
- sob estímulo hormonal, os ovários começam a desenvolver um grupo de folículos ovarianos, responsáveis por armazenar os óvulos;
- esses folículos em crescimento produzem estrógenos, hormônios que estimulam a proliferação das células do endométrio (camada interna do útero);
- geralmente, apenas um dos folículos ovarianos prossegue com seu desenvolvimento, sendo chamado de folículo dominante;
- na metade do ciclo menstrual (aproximadamente, 2 semanas após o início da menstruação), o folículo dominante atinge a maturação final e se rompe para liberar um óvulo maduro — é o evento da ovulação;
- após a ovulação, as células do folículo dominante formam o corpo-lúteo, uma glândula endócrina temporária que produz estrogênio e progesterona para deixar o endométrio receptivo a um possível embrião;
- se não existir embrião para se implantar no útero, o corpo-lúteo involui e para de produzir os hormônios que mantêm a integridade e a função do endométrio. Então, o tecido endometrial descama e é eliminado do corpo como menstruação.
Nas mulheres com diagnóstico de SOP frequentemente esse processo cíclico não funciona adequadamente. Os policistos ovarianos observados na ultrassonografia são decorrentes das falhas no desenvolvimento folicular, pois vários folículos começam a crescer e não progridem.
A anovulação crônica é o principal fator para a infertilidade em mulheres com SOP, mas não o único. Também pode haver redução da receptividade endometrial devido à deficiência na produção de progesterona.
Além de infertilidade, alguns estudos identificaram que mulheres com SOP podem apresentar maior risco de problemas obstétricos, como abortamento espontâneo, diabetes gestacional, pré-eclâmpsia e parto prematuro. A boa notícia é que medidas comportamentais podem proteger as mulheres do risco desses diagnósticos.
Como é o tratamento?
Os objetivos do tratamento da SOP incluem: controlar os sintomas de hiperandrogenismo e restaurar a função ovulatória. A conduta terapêutica depende, entre outros fatores, da intenção de gravidez da paciente.
Mulheres com sobrepeso ou obesidade devem começar o tratamento com modificações no estilo de vida. A perda de cerca de 5% do peso corporal pode ajudar a normalizar a ovulação e os ciclos menstruais.
Quando não há desejo de engravidar, pode-se controlar os sintomas com medicações hormonais com anticoncepcionais e medicações antiandrogênicas. Já as mulheres que desejam engravidar têm opções de tratamento de reprodução assistida, que incluem indução da ovulação associada a técnicas de baixa ou alta complexidade, dependendo da avaliação geral do casal infértil.
Mulheres jovens e que apresentam somente os problemas de ovulação podem ter sucesso com coito programado ou inseminação artificial. Se existirem outros fatores de infertilidade conjugal além da SOP, como idade materna superior a 35 anos ou alterações masculinas, pode ser indicado o tratamento com fertilização in vitro (FIV).
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