A reprodução humana é um processo biológico complexo e que passa por uma série de etapas, desde a união dos gametas masculino e feminino, passando pelo pré-desenvolvimento do embrião e a implantação do blastocisto no útero e prosseguindo com a gestação.
Para que todos esses eventos se cumpram, são necessários:
- equilíbrio hormonal, uma vez que há vários hormônios que regulam o funcionamento do sistema reprodutor;
- anatomia normal dos órgãos — sem distorções ou obstruções causadas por defeitos congênitos ou doenças estruturais adquiridas;
- ausência de infecções genitais, que podem deixar sequelas no trato reprodutivo.
Esses são apenas alguns dos fatores a considerar, no entanto, a fertilidade é ainda mais complexa e há inúmeras condições que podem afetar as chances de reprodução de um casal. A qualidade do embrião para chegar ao estágio de blastocisto, por exemplo, é um dos pontos principais para o sucesso reprodutivo.
Neste post, você verá informações sobre: gametas, fecundação, desenvolvimento embrionário e blastocisto. Continue a leitura para entender — ou relembrar — todos esses conceitos!
O que são gametas?
São as células reprodutivas, que se originam nas gônadas ou glândulas sexuais. Os espermatozoides são os gametas masculinos, produzidos nos testículos, enquanto os óvulos são os gametas femininos, produzidos nos ovários.
A gametogênese (processo de desenvolvimento e amadurecimento dos gametas) ocorre em resposta à ação de hormônios. O FSH e o LH, secretados pela hipófise, são as gonadotrofinas, hormônios responsáveis por estimular o funcionamento das gônadas.
Na mulher, os hormônios hipofisários estimulam o desenvolvimento dos folículos ovarianos, que armazenam os óvulos. Um deles se desenvolve até o estágio ideal para a ovulação e se rompe, liberando um gameta maduro para a fertilização.
No homem, o FSH desencadeia a produção de testosterona, hormônio masculino fundamental para a produção dos espermatozoides.
Como ocorre a fecundação?
Após a produção dos gametas, ocorre a fecundação, que é a união de um espermatozoide com um óvulo, formando a primeira célula de um novo organismo humano, chamada zigoto. Para isso acontecer, é preciso que o casal tenha relação sexual próximo ao dia da ovulação, nos dias do mês que correspondem ao período fértil.
Milhões de espermatozoides entram no corpo feminino a partir da ejaculação masculina. Eles migram para os órgãos do trato reprodutivo superior e entram nas tubas uterinas, onde a fertilização acontece.
Somente uma pequena fração dos espermatozoides que entram no corpo da mulher conseguem chegar ao local em que o gameta feminino está. Apenas um deles penetra no óvulo, completando o processo de fecundação.
Como o embrião se desenvolve?
Assim que é gerado, o zigoto entra em um processo de desenvolvimento contínuo. Ele inicia como uma célula única, passa por consecutivas divisões celulares e se transforma em um embrião pluricelular, que se diferenciará em todos os órgãos e tecidos do corpo humano enquanto se desenvolve no útero materno.
A etapa de divisões celulares do zigoto é chamada de fase de clivagem. A cada 24 horas, uma nova divisão acontece, aumentando o número de células-filhas (os blastômeros), que ficam compactadas dentro da zona pelúcida, membrana que protege o óvulo.
O embrião se forma na tuba uterina e é conduzido para dentro do útero com a ajuda da motilidade tubária. Por volta de 4 dias após a fertilização, o embrião atinge o estágio de mórula (com cerca de 16 blastômeros) e chega à cavidade uterina, onde permanece por até 2 dias e recebe fluídos do útero para continuar seu desenvolvimento.
O que é blastocisto?
Blastocisto ou blástula é o embrião que apresenta um conjunto de mais de 100 células, depois de ter passado pelos estágios de clivagem e mórula. Isso ocorre entre 5 e 7 dias após o óvulo ser fecundado.
O embrião se torna blastocisto quando já está na cavidade uterina e se apresenta como uma esfera formada por centenas de blastômeros, com duas camadas celulares (embrioblasto e trofoblasto) e uma cavidade preenchida com líquido (blastocele).
O embrioblasto é o conjunto celular interno, que dará origem ao embrião. O trofoblasto é representando pelas células externas do blastocisto, que formarão os anexos embrionários, incluindo a placenta.
Na fase de blastocisto, o embrião pode estabelecer sincronização fisiológica com as células do endométrio (revestimento interno do útero), estando em estágio ideal para se implantar no útero e prosseguir seu desenvolvimento na gestação.
Como é o desenvolvimento embrionário na reprodução assistida?
Todo esse processo, que começa com a união dos gametas e vai até a formação do blastocisto, também é realizado na reprodução assistida. Nas técnicas de baixa complexidade — coito programado e inseminação artificial —, a fecundação acontece da mesma maneira que na concepção natural. Já na fertilização in vitro (FIV), técnica de alta complexidade, há algumas diferenças.
Na FIV, os óvulos são fertilizados fora do ambiente tubário, ou seja, em laboratório. Para isso, é feita a coleta dos óvulos e do sêmen, bem como o preparo seminal, que permite selecionar os espermatozoides com boa motilidade.
No dia seguinte à fertilização in vitro, é possível confirmar quantos óvulos foram fecundados. Estes são monitorados em incubadora por um período de 5 a 7 dias, enquanto passam pela etapa de divisões celulares. Em estágio de blastocisto, o (s) embrião (ões) é transferido para o útero materno, o que pode ser feito no mesmo ciclo em que foi gerado ou após congelamento.
Continue a compreender esse tema com a leitura do texto sobre blastocisto na FIV!