Dr Luiz Henrique | WhatsApp

Histeroscopia cirúrgica e tratamento da infertilidade

A histeroscopia é um procedimento médico minimamente invasivo, indicado para avaliar e tratar doenças que afetam a cavidade uterina. Consiste no uso de um pequeno tubo chamado histeroscópio, que é inserido no útero através da vagina e da cérvice (colo do útero), permitindo ao médico visualizar o interior do órgão.

Há duas modalidades: ambulatorial e cirúrgica. A primeira é feita em ambulatório, com finalidade diagnóstica. Por sua vez, a histeroscopia cirúrgica requer todos os recursos de um centro operatório, portanto, é realizada em hospital.

Tanto a histeroscopia cirúrgica quanto a ambulatorial são úteis para identificar a presença de pólipos endometriais, miomas, aderências ou tumores uterinos. A abordagem cirúrgica por sua vez é aquela que pode tratar essas e outras condições.

Neste texto, abordaremos os principais aspectos relacionados à histeroscopia cirúrgica e sua importância no tratamento da infertilidade!

O que é histeroscopia cirúrgica?

A histeroscopia cirúrgica é um procedimento realizado por via vaginal com o objetivo de diagnosticar e tratar lesões na parte interna do útero. É considerada a técnica padrão ouro no tratamento de afecções intrauterinas, sendo uma das abordagens mais indicadas para corrigir problemas relacionados à infertilidade, como os miomas submucosos.

Tal procedimento começou a ser realizado no século XIX. Os avanços científicos e tecnológicos permitiram o desenvolvimento de instrumentos de menor calibre e sistemas de iluminação que deixaram a histeroscopia mais segura e precisa.

Para a realização da cirurgia, a paciente recebe anestesia (geralmente sedação) e é adequadamente posicionada. Um instrumento com microcâmera acoplada em sua extremidade (o histeroscópio) é introduzido na vagina, passa pelo colo do útero e chega à cavidade uterina, onde capta e transmite imagens em tempo real do interior do órgão. As imagens são acompanhadas em um monitor de vídeo.

O histeroscópio contém um compartimento para que os instrumentos cirúrgicos, como pinça e tesoura para ressecção, sejam introduzidos no útero. Além disso, há o canal de fluídos que garante o fluxo contínuo de um meio de distensão para melhorar a visibilidade da cavidade uterina.

Quais são as indicações da histeroscopia cirúrgica?

A histeroscopia cirúrgica pode ser indicada quando há suspeita de alguma doença uterina na região interna do útero (endométrio). Frequentemente, exames como ultrassonografia transvaginal e ressonância magnética têm grande valor para avaliação dessas doenças e planejamento terapêutico adequado.

As indicações para a histeroscopia cirúrgica incluem o tratamento de:

  • Mioma com componente submucoso;
  • pólipo endometrial;
  • Sinequias uterinas ou síndrome de Asherman;
  • alguns tipos de malformação uterina.

Os miomas são tumores benignos, frequentemente encontrados em exames ginecológicos como a ultrassonografia. Nem todos os tipos de mioma causam infertilidade. Os submucosos são os que mais interferem nas chances de gravidez, pois alteram o tecido endometrial, que é o local de implantação do embrião.

Pólipos endometriais são crescimentos anormais no tecido endometrial, que também alteram as características uterinas, dificultando a implantação embrionária e a evolução da gravidez. Nessa condição, a remoção do pólipo por histeroscopia é indicada para restauração da fertilidade ou como conduta de prevenção, visto que há risco — embora o risco seja baixo — de transformação maligna.

A síndrome de Asherman é uma condição caracterizada pela presença de muitas sinequias (aderências de tecido cicatricial) na cavidade uterina. Com isso, o espaço interno do órgão fica ocluído, dificultando implantação e manutenção de um embrião.

Quanto às malformações uterinas, o principal tipo que pode ser tratado com a histeroscopia cirúrgica é o útero septado. A mulher com esse diagnóstico tem a cavidade do útero dividida por uma parede (septo) de tecido que pode ser removida com a cirurgia.

Qual é o papel da histeroscopia cirúrgica na reprodução assistida?

A histeroscopia cirúrgica tem papel importante em deixar a “casa do embrião” adequada para sua implantação e desenvolvimento. Esse embrião pode chegar ao interior da cavidade uterina de forma natural por meio dos tratamentos de baixa complexidade (relação sexual programada ou inseminação artificial ou intrauterina) ou de alta complexidade, como a fertilização in vitro (FIV).

Na FIV, um embrião já com 5 a 7 dias de desenvolvimento em laboratório é inserido na cavidade uterina. É fundamental que esse embrião encontre um ambiente adequado e livre de doenças para poder se desenvolver.

Leia também o texto principal sobre histeroscopia cirúrgica e saiba muito mais!

Casais homoafetivos e reprodução assistida: conheça em detalhes as possibilidades

Nas últimas décadas, temos presenciado mudanças sociais importantes, o que reflete diretamente nas configurações familiares. Dentre essas transformações, está a acessibilidade cada vez maior dos casais homoafetivos a direitos como o casamento e a adoção.

A medicina reprodutiva tem acompanhado e se adaptado a essas novas realidades, oferecendo opções para que os casais homoafetivos tenham chances de ter filhos biológicos.

Antes, a ideia de família era tradicionalmente associada à união entre um homem e uma mulher, com (frequentemente) a finalidade principal de ter filhos. Com a crescente conscientização sobre a diversidade, hoje, em muitos países, inclusive no Brasil, sabemos que os casais homoafetivos têm liberdade para constituir uma família.

Nesse cenário, a reprodução assistida se tornou uma ferramenta importante. Com suas técnicas específicas, como a doação de gametas e a barriga solidária, esses casais podem ter a experiência de gerar descendentes com sua herança genética.

Leia o texto na íntegra e entenda quais são as possibilidades da reprodução assistida para os casais homoafetivos!

Como os casais homoafetivos podem ter filhos biológicos?

No contexto atual da medicina reprodutiva, existem diversas possibilidades para os casais homoafetivos terem seus filhos biológicos. Há diferenças entre os tratamentos dos casais masculinos e femininos.

Para as mulheres, o processo pode ser um pouco mais simples, pois as duas parceiras têm óvulos e útero para engravidar e precisam apenas de doação de sêmen. Embora o tratamento seja um pouco mais complexo para os homens, também é possível que os casais masculinos realizem o sonho da paternidade.

Veja quais técnicas são indicadas para os casais homoafetivos masculinos e femininos!

Reprodução assistida para casais homoafetivos masculinos

Os casais masculinos têm os espermatozoides de ambos os parceiros para efetuar seu tratamento de reprodução, mas precisam de ovodoação (doação de óvulos) e barriga solidária. A opção de tratamento de reprodução assistida para esses casais é a fertilização in vitro (FIV).

Os dois parceiros podem passar pela avaliação da fertilidade masculina, que inclui a realização do espermograma, além de dosagens hormonais, rastreio de infecções e exames genéticos. O material de um deles é coletado e submetido às técnicas de preparo seminal, permitindo a seleção dos espermatozoides com maior potencial de fertilização.

Na etapa seguinte, os espermatozoides são utilizados para fecundar óvulos doados por uma mulher saudável. Os óvulos usados são, geralmente, de uma doadora anônima (mas pode também ser de uma parente de até quarto grau – desde que não incorra em consanguinidade).

Os embriões gerados são acompanhados em incubadora com ambiente adequado para seu desenvolvimento fora do útero. Depois de 5 a 7 dias de cultivo, os embriões ou são congelados ou são transferidos para um útero.

O casal homoafetivo masculino precisa contar com a participação de uma mulher que aceite gestar o bebê. Com a técnica chamada de barriga solidária, cessão temporária de útero ou gestação de substituição, os futuros pais têm a possibilidade de acompanhar de perto o desenvolvimento de seu filho, do início ao fim da gravidez.

Todos os envolvidos passam por avaliação física e psicológica e recebem os devidos esclarecimentos, antes de embarcar nessa jornada. Entre os pontos importantes que são previamente estabelecidos, estão a questão da filiação dentro dos aspectos legais e o comprometimento do casal para arcar com todo o suporte que a cedente temporária de útero precisar na gravidez e no pós-parto.

Reprodução assistida para casais homoafetivos femininos

As mulheres em relacionamento homoafetivo podem ter filhos com duas técnicas da reprodução assistida: a FIV e a inseminação artificial ou intrauterina.

A inseminação artificial é uma técnica de baixa complexidade, de realização mais simples que a FIV. Consiste, basicamente, em três etapas: estimulação ovariana, preparo seminal e introdução do sêmen no útero.

Para realizar a inseminação intrauterina, é preferível que a candidata à gestante tenha no máximo 35 anos. As parceiras podem decidir entre elas qual será a gestante e mãe genética da criança ou podem ter essa decisão orientada pelo médico especialista, com base na avaliação da fertilidade e da saúde geral de ambas.

Uma alternativa bastante interessante na reprodução assistida para casais homoafetivos femininos é a gestação compartilhada, situação essa em que as duas mulheres podem participar da gestação, em momentos diferentes.

A gestação compartilhada acontece somente no contexto da FIV e consiste em fertilizar os óvulos de uma das parceiras e transferir o (s) embrião (ões) para o útero da outra. Assim, uma é a mãe genética e a outra vivencia a gravidez.

Com todas essas possibilidades da medicina reprodutiva, os casais homoafetivos têm chances de realizar o sonho de construir sua família com filhos biológicos. Nessa trajetória, é importante contar com o apoio de profissionais experientes e capacitados, que vão esclarecer todas as dúvidas do casal e apresentar as técnicas disponíveis.

Para complementar sua leitura e ampliar o entendimento, leia também o texto institucional sobre reprodução assistida para casais homoafetivos!