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DIP: o que é? Conheça a doença

A sigla DIP se refere à doença inflamatória pélvica, uma das condições femininas potencialmente relacionadas à infertilidade.

São diversos os motivos que podem dificultar a ocorrência de uma gravidez. Em se tratando da DIP, podemos encontrar acometimento do útero e das tubas uterinas simultaneamente — às vezes, até dos ovários. Quando não é identificada e tratada precocemente, essa doença pode deixar sequelas nos órgãos reprodutores que não são mais tratáveis apenas com medicação, como a hidrossalpinge.

Veja, neste artigo, o que é DIP, as causas, fatores de risco, sintomas e outras informações importantes sobre o assunto!

O que é DIP

A DIP é uma doença que cursa de forma aguda e é resultante de infecção genital. Os agentes infecciosos iniciam sua ação no trato inferior e sobem para os órgãos do trato reprodutivo superior, espalhando o processo inflamatório por várias partes da pelve.

As inflamações da DIP podem afetar: o colo do útero (cervicite); o endométrio, parte interna do útero (endometrite); as tubas uterinas (salpingite); os ovários (ooforite). É possível, ainda, que os patógenos tenham acesso ao peritônio, tecido que recobre os órgãos na cavidade pélvica e abdominal.

Causas

A DIP é uma doença polimicrobiana. Vários tipos de microrganismos já foram identificados como causadores dessa afecção, como Streptococcus, Staphylococcus, Escherichia coli e Mycoplasma genitalium.

Entre as principais bactérias que causam a DIP, estão as responsáveis por infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), sobretudo Chlamydia trachomatis e Neisseria gonorrhoeae, que dão origem à clamídia e à gonorreia.

Fatores de risco

Alguns fatores relacionados ao comportamento sexual aumentam o risco de a mulher contrair uma IST e desenvolver a DIP, por exemplo: prática habitual de relações sexuais sem uso de preservativos; início precoce das relações; múltiplas parcerias.

Outros fatores de risco para a DIP, de modo geral, são: idade na faixa etária da adolescência e da vida adulta jovem; realização de procedimentos médicos que podem facilitar a entrada dos patógenos no trato reprodutivo superior, como curetagem pós-parto ou aborto, colocação de dispositivo intrauterino (DIU) e alguns tipos de exames e cirurgias uterinas.

Prevalência

A prevalência da DIP é subestimada, visto que muitos casos não são notificados, principalmente porque há mulheres que apresentam sintomas leves na fase aguda e não procuram avaliação médica. Contudo, estima-se que cerca de 5% das mulheres tenham pelo menos um episódio da doença durante a idade reprodutiva — fase da vida que abrange todos os anos em que ocorrem os ciclos menstruais.

Prevenção

Prevenir é o melhor caminho para evitar complicações de saúde. Para a prevenção da DIP, que está comumente associada a ISTs, uma das condutas mais eficientes é o uso de preservativos em todas as relações sexuais.

Como identificar a DIP?

É possível detectar a DIP por meio dos sintomas e de exames específicos. As manifestações da doença abrangem:

  • febre;
  • dor na parte inferior do abdome;
  • dor durante a relação sexual;
  • secreção vaginal com cor e odor sugestivos de infecção;
  • escapes de sangue fora do período menstrual e após a relação sexual;
  • dor ao urinar.

Os sintomas podem aparecer por semanas. Quando o diagnóstico é feito nessa fase, seguido do tratamento precoce, as sequelas da DIP podem ser evitadas. Caso contrário, a mulher pode ter consequências da doença não tratada, incluindo: disseminação da infecção para outros órgãos, como o fígado (peri-hepatite); hidrossalpinge; endometrite crônica; abscessos; aderências; dor pélvica crônica; risco aumentado para gravidez ectópica.

A infertilidade associada à DIP é causada principalmente por acometimento das tubas uterinas. Um processo infeccioso/inflamatório nas tubas uterinas podem prejudicar seu funcionamento. A tuba uterina, com os movimentos ciliares, tranporta o embrião até o útero. Se os cílios são acometidos, esse transporte é prejudicado. Eventualmente, encontramos hidrossalpinge (acúmulo de fluídos dentro da tuba) como consequência da obstrução tubária também provocada pelo processo infeccioso. A endometrite crônica também torna o endométrio menos receptivo e prejudica as taxas de implantação embrionária, além de aumentar o risco para aborto espontâneo.

O diagnóstico da DIP é feito com: avaliação clínica dos sintomas e fatores de risco; exame físico; exames laboratoriais, inclusive para o rastreio dos agentes infecciosos; ultrassonografia pélvica, para avaliar as possíveis sequelas da doença.

Como essa doença deve ser tratada?

O tratamento da DIP é feito com antibióticos. Mulheres em condições mais graves, por exemplo, com diagnóstico de peritonite pélvica, presença de abscessos e gestantes, devem ser tratadas em ambiente hospitalar.

Quanto às sequelas da DIP, não é possível revertê-las com tratamento medicamentoso. Cirurgias são opções para remover aderências e corrigir a hidrossalpinge, mas também não garantem a recuperação da fertilidade.

Considerada a técnica mais complexa da reprodução assistida, a FIV pode superar diversas alterações que impedem a gravidez natural, inclusive a obstrução das tubas uterinas. Sendo assim, é uma alternativa para mulheres com sequelas de DIP.

Aprofunde suas informações com a leitura de mais um texto sobre DIP!

Ultrassonografia pélvica: importância na investigação da infertilidade

A ultrassonografia pélvica é um exame fundamental para muitas análises na área de ginecologia e na investigação da infertilidade, incluindo a avaliação da reserva ovariana e o rastreio de doenças, como mioma e endometriose.

A tecnologia dos exames de ultrassom envolve o uso de ondas sonoras de alta frequência que refletem nas estruturas internas e permitem a formação das imagens, revelando órgãos com anatomia normal ou com alterações.

Os exames de ultrassonografia são amplamente utilizados em praticamente todas as especialidades da medicina, incluindo ginecologia, cardiologia, ortopedia, gastroenterologia e muitas outras.

Na área de medicina reprodutiva, já existem diversos exames para investigação da infertilidade conjugal. A ultrassonografia pélvica transvaginal é um dos mais importantes.

Neste post, você verá quais são as indicações e a importância da ultrassonografia pélvica no contexto da investigação da infertilidade. Confira!

O que é ultrassonografia pélvica?

É o exame que avalia os órgãos da pelve feminina com a tecnologia de emissão de ondas ultrassônicas. Geralmente, a ultrassonografia pélvica é a primeira técnica diagnóstica indicada para investigação de alterações ginecológicas, pois fornece imagens com boa acurácia do útero, das tubas uterinas e dos ovários, além de outras estruturas da pelve.

Há duas modalidades do exame: a ultrassonografia transvaginal e a suprapúbica (sobre o abdome). Para avaliação da infertilidade feminina, a primeira modalidade é a mais utilizada, no entanto, ambas podem ser complementares, a depender da suspeita clínica.

Na ultrassonografia pélvica transvaginal, é utilizado um instrumento com formato apropriado chamado transdutor. Trata-se de uma pequena sonda que é revestida por preservativo, recoberta com um gel condutor e inserida pelo canal vaginal.

As ondas ultrassônicas são emitidas pelo transdutor, refletidas nos órgãos e captadas, gerando imagens que são exibidas em um monitor de vídeo. As imagens mostram a anatomia e o movimento dos órgãos em tempo real, revelando possíveis anormalidades. O uso de Doppler colorido pode, ainda, mostrar o fluxo nos vasos sanguíneos.

A ultrassonografia pélvica é um exame simples, não invasivo e indolor, que não emite radiação ionizante e tem boa acurácia para avaliação morfológica dos órgãos reprodutores femininos. Em resumo, é uma técnica de grande valor diagnóstico na especialidade ginecológica e na investigação da infertilidade.

Quais são as indicações da ultrassonografia pélvica na investigação da infertilidade?

A infertilidade conjugal é definida pela dificuldade de engravidar dentro do período de pelo menos 1 ano de tentativas. Nessa situação, o casal deve procurar avaliação com um médico especialista em medicina reprodutiva.

O ultrassom da pelve pode revelar diversas condições femininas associadas à dificuldade de concepção natural, incluindo:

Além disso, no acompanhamento regular com o ginecologista, a ultrassonografia pélvica pode ser indicada quando a mulher apresenta alterações como sangramento uterino anormal, dor pélvica frequente, dor no baixo abdome, presença de massa pélvica, histórico de abortos recorrentes e suspeita de gravidez ectópica.

Qual é a importância da ultrassonografia na reprodução assistida?

A ultrassonografia pélvica é muito realizada no contexto da reprodução assistida, principalmente antes da indicação de qualquer tratamento, respaldando a avaliação da reserva ovariana e a investigação das causas de infertilidade.

De acordo com os resultados dos exames, conhecemos o prognóstico reprodutivo do casal e podemos dialogar sobre as possibilidades de tratamento, que podem incluir medicação, cirurgia e técnicas de reprodução assistida.

A avaliação da reserva ovariana é uma etapa fundamental. É feita com ultrassonografia pélvica para contagem dos folículos antrais e dosagem do hormônio antimülleriano. Com base nessas avaliações, é possível estimar o número de óvulos disponíveis e prever a resposta de cada mulher ao uso de medicações para estimulação ovariana.

Além de auxiliar na investigação da infertilidade e na avaliação da reserva ovariana, a ultrassonografia pélvica é importante em outros momentos dos tratamentos de reprodução assistida:

  • para acompanhar o crescimento dos folículos durante a etapa de estimulação ovariana — isso é feito nos tratamentos com coito programado, inseminação artificial e fertilização in vitro (FIV);
  • para realização da aspiração dos folículos ovarianos na FIV. É um procedimento feito sob sedação em que uma agulha guiada por ultrassom transvaginal esvazia os folículos para captação dos óvulos;
  • para avaliar as condições do endométrio, antes da transferência embrionária na FIV. O tecido endometrial reveste o útero por dentro, sendo o local de implantação do embrião, portanto, precisa estar com espessura e forma adequadas, o que pode ser observado pelo ultrassom;
  • para guiar a transferência do embrião na FIV. Assim, o médico pode visualizar o trajeto do cateter e depositar o embrião próximo ao local de implantação.

Por fim, depois de ser útil na investigação da infertilidade e nos tratamentos de reprodução assistida, a ultrassonografia pélvica também é necessária para monitorar o desenvolvimento fetal durante a gravidez.

Entenda mais sobre o exame e sua importância com a leitura do texto: ultrassonografia pélvica!

Hidrossalpinge: saiba como identificar os sintomas

A hidrossalpinge é uma das muitas alterações que podem afetar o sistema reprodutor feminino, que é dividido em trato genital inferior e trato reprodutivo superior. Na parte inferior, estão o colo do útero, a vagina e a vulva. Na parte superior, estão os ovários, as tubas uterinas e o útero, órgãos responsáveis, respectivamente, pelos processos de ovulação, fecundação e implantação embrionária/gravidez.

As tubas uterinas, conhecidas ainda como trompas de falópio, fazem a ligação entre os ovários e a cavidade do útero, sendo órgãos imprescindíveis para o processo natural de concepção. Portanto, elas precisam estar saudáveis para que a mulher consiga engravidar.

Neste artigo, vamos explicar o que é hidrossalpinge e quais são os sintomas dessa condição que pode prejudicar o funcionamento das tubas uterinas. Leia e entenda!

Quais são as funções das tubas uterinas?

As trompas têm a função de recolher o óvulo no momento em que ele sai do ovário e levá-lo para a parte da tuba onde ocorre a fertilização. Depois de fecundado, ainda é função da tuba transportar o óvulo (que já se tornou embrião) para a cavidade uterina.

As tubas são dois tubos que saem das laterais do útero e se estendem até os ovários, medindo aproximadamente 10 cm. Elas não são diretamente conectadas aos ovários, mas possuem prolongamentos em suas extremidades (as fímbrias) que se movimentam e fazem a captação do óvulo.

O óvulo pode ficar cerca de 1 dia no interior da tuba uterina. Assim, se o casal tiver relações sexuais sem contracepção até 3 dias antes da ovulação (considerando o tempo de sobrevida dos espermatozoides no corpo feminino), a fertilização pode acontecer.

Uma das características das tubas uterinas é a motilidade. Devido a sua camada muscular, a tuba tem movimentos que ajudam o embrião a ser transportado para dentro do útero, onde deve se implantar para a gravidez ter início.

Note que para os espermatozoides se movimentarem até o local da fertilização e para que o embrião seja transportado para a cavidade uterina, é preciso que eles tenham livre passagem dentro da trompa — é o que chamamos de permeabilidade tubária, que pode ser afetada pela hidrossalpinge.

O que é hidrossalpinge?

A hidrossalpinge é consequência de um processo inflamatório na tuba uterina. Nessa condição, as trompas ficam preenchidas por líquido e dilatadas, com morfologia anormal. Isso pode acontecer em apenas uma das tubas ou nas duas.

A inflamação tubária é chamada de salpingite. Muitas vezes, está associada a uma inflamação mais abrangente, que afeta também outras partes do sistema reprodutor feminino, como o revestimento interno do útero (endométrio), o colo do útero e até os ovários. Esse conjunto de afecções é diagnosticado como doença inflamatória pélvica (DIP) e pode ter grande impacto na fertilidade.

As causas principais são infecções causadas por microrganismos que migram do trato genital inferior. Entre os patógenos mais encontrados, estão os causadores de clamídia e gonorreia — infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) comumente associadas a problemas reprodutivos tanto na mulher quanto no homem.

A hidrossalpinge causa obstrução tubária, dificultando ou até impedindo a movimentação dos espermatozoides e o transporte do óvulo. Além da DIP, outra causa de bloqueio na tuba uterina é a endometriose, doença que afeta várias partes da região pélvica, frequentemente as trompas.

Quais são os sintomas de hidrossalpinge?

Identificar os sintomas de hidrossalpinge é um desafio, pois essa condição não tem manifestações específicas, uma vez que se trata de uma sequela. Possíveis sintomas são:

  • corrimento vaginal;
  • dor pélvica, que pode piorar durante ou após o período menstrual;
  • dificuldade para engravidar.

A ocorrência de gravidez ectópica também pode ser um sinal de hidrossalpinge. Se o embrião não for transportado para a cavidade uterina, há o risco de que ele se implante na própria tuba, levando à gestação ectópica, isto é, fora do útero. Esse tipo de gravidez não evolui, além de oferecer graves riscos à mulher, caso ocorra ruptura e hemorragia.

Retornando aos sintomas, também é importante ficar atenta às manifestações de outras doenças que estejam relacionadas à hidrossalpinge, como a endometriose e a DIP, que podem incluir dor pélvica, cólicas menstruais, dor na relação sexual, sangramento intermenstrual, entre outros.

Sendo assim, diante de qualquer suspeita de alteração ginecológica, recomendamos a busca por avaliação médica. O especialista poderá solicitar exames, como ultrassonografia pélvica, ressonância magnética de pelve e histerossalpingografia, para estudar as condições das tubas uterinas e dos demais órgãos reprodutores.

Como tratar essa doença?

O tratamento da hidrossalpinge pode envolver cirurgia para desobstrução tubária, procedimento esse com baixa taxa de sucesso, ou uma salpingectomia para remoção da tuba doente. As doenças associadas também precisam ser tratadas.

Se a permeabilidade tubária não for recuperada, a mulher tem a alternativa de engravidar com a fertilização in vitro (FIV), técnica de reprodução assistida. Na FIV, as tubas uterinas não são utilizadas, pois os óvulos são coletados e fertilizados em laboratório. Posteriormente, o embrião é transferido para a cavidade uterina em fase de blastocisto, pronto para se implantar no endométrio.

Vale ressaltar que a presença de hidrossalpinge pode reduzir a chance de sucesso mesmo na FIV. O líquido presente na tuba podem “se espalhar” para a cavidade endometrial e prejudicar a implantação de um embrião.

Vale reforçar que é fundamental procurar um ginecologista diante de qualquer sintoma. Seja para diagnosticar a hidrossalpinge, seja para identificar outra doença, o acompanhamento médico é o caminho para cuidar da fertilidade e da saúde de modo geral.

Confira mais um texto sobre hidrossalpinge para ter mais informações!

O que é inseminação artificial?

Podemos dividir os tratamentos de reprodução assistida em técnicas de baixa e alta complexidade. Como alta complexidade entendemos a necessidade de um laboratório de embriologia com profissionais altamente qualificados e equipamentos específicos para manipulação e cultivo de gametas, entre outras atividades. Dividimos os tratamentos da seguinte maneira:

Neste post, vamos explicar o que é inseminação artificial, apresentando suas principais indicações e as etapas da técnica. Acompanhe!

O que é inseminação artificial?

A inseminação intrauterina consiste na introdução de uma amostra de sêmen no interior da cavidade uterina da mulher. O procedimento é realizado durante o período da ovulação.

O processo natural de fecundação acontece na tuba uterina. As tubas, antes chamadas de trompas de falópio, são dois tubos alongados que se conectam às laterais superiores do útero (uma de cada lado) e se prolongam até bem perto dos ovários.

Por sua vez, os ovários são os órgãos que armazenam, desenvolvem e liberam os óvulos — normalmente, um por mês. Quando o óvulo é liberado na ovulação, a tuba uterina o recolhe e o leva para a ampola tubária (parte mais dilatada da tuba), onde ele poderá ser fertilizado por um espermatozoide.

Os gametas masculinos migram para o trato reprodutivo superior, entrando nas tubas uterinas para fertilizar o óvulo.

Após a fertilização, os movimentos musculares da tuba fazem o óvulo fecundado (embrião) ser transportado para a cavidade uterina para que ele possa se implantar no endométrio (tecido que reveste o útero por dentro) e dar início à gravidez.

Na inseminação artificial, os espermatozoides são colocados no útero e dali em diante devem continuar seu trajeto, que é entrar nas tubas uterinas para fertilizar o óvulo. Todos os processos seguintes, como desenvolvimento embrionário e implantação, ocorrem como na concepção natural.

Entre as pessoas que podem ser indicadas ao tratamento com inseminação artificial, estão:

  • casais cujo parceiro masculino tenha alterações espermáticas leves;
  • mulheres solteiras e casais homoafetivos femininos, que precisam de doação de sêmen;
  • casais com ISCA;
  • mulheres com endometriose em estágio leve, sem comprometimento dos ovários e das tubas uterinas.

Para ter chance de sucesso com a inseminação artificial, é importante que a mulher atenda aos critérios de idade e permeabilidade tubária.

Como a inseminação artificial é feita?

A inseminação artificial é uma técnica simples, considerada de baixa complexidade. Como vimos, a fertilização acontece nas tubas, assim como na reprodução natural. Além disso, são necessários poucos procedimentos, incluindo: estimulação ovariana/indução da ovulação (se necessário); preparo seminal; introdução da amostra de sêmen no útero.

Entenda melhor cada etapa:

Indução da ovulação

A estimulação ovariana é um tratamento feito com medicações hormonais que provocam o desenvolvimento dos folículos, que são pequenas “bolsas” responsáveis por armazenar os óvulos.

A inseminação artificial pode ser feita com ou sem indução da ovulação, dependendo das causas de infertilidade diagnosticadas. Quando a mulher ovula regularmente e não é necessário estimular os ovários, realizam-se apenas o acompanhamento do desenvolvimento folicular e o desencadeamento da ovulação com uso de medicação para que a inserção do sêmen no útero ocorra no momento adequado.

Com a estimulação hormonal, o crescimento dos folículos também é monitorado. Isso é feito com exames de ultrassonografia pélvica e dosagens hormonais. Assim, conforme o dia previsto para a ovulação, as etapas seguintes da inseminação artificial são realizadas.

Coleta e preparo seminal

O sêmen do parceiro da mulher é coletado por masturbação ou, para aquelas que precisam de doação de sêmen, obtido em bancos de esperma.

Uma etapa importante da inseminação artificial é o preparo seminal. Por meio de diferentes técnicas é possível preparar uma amostra seminal livre de células não germinativas e contendo somente espermatozoides com boa motilidade.

Inseminação

No dia da ovulação, a amostra seminal processada é introduzida na cavidade do útero utilizando um cateter. O procedimento é feito sem sedação, de forma rápida e sem causar dor ou desconforto.

Em cada ciclo de tentativa, a mulher tem até 20% de chance de engravidar com a inseminação artificial.

Leia também o texto principal sobre inseminação artificial e conheça um pouco mais

Ovodoação e ovorecepção: veja como a técnica pode te ajudar

A ovodoação e ovorecepção é uma técnica que oferece a possibilidade de engravidar a mulheres que enfrentam dificuldades associadas a distúrbios ovulatórios graves, decorrentes de baixa reserva ovariana por idade avançada, falência ovariana prematura, entre outras condições.

Seja para concepções naturais, seja para gestações provenientes de tratamentos de reprodução assistida, como a fertilização in vitro (FIV), é necessário que ocorra a união entre um espermatozoide (gameta masculino) e um óvulo (gameta feminino).

Dessa união, é gerado o zigoto (primeira célula de um novo organismo), que evoluirá para embrião pluricelular, com condições fisiológicas para se implantar no endométrio uterino, marcando o início de uma gravidez.

Entretanto, algumas mulheres não têm óvulos em quantidade suficiente ou com a qualidade necessária para gerar embriões saudáveis. É nesse contexto que trabalhamos com a ovodoação e ovorecepção.

Continue a leitura e compreenda a importância dessa técnica!

O que é ovodoação?

A ovodoação, chamada também de doação de óvulos, é uma técnica na qual uma doadora anônima cede seus óvulos para que sejam usados no tratamento de reprodução assistida de outra mulher ou casal, quando estes não têm os gametas femininos necessários para gerar filhos.

Existem duas formas de ovodoação: voluntária e compartilhada. Na primeira situação, a doadora entrega seus gametas em um gesto altruísta, solidário. Na doação compartilhada, tanto a mulher que doa quanto a que recebe os óvulos estão em tratamento de reprodução assistida por fatores diferentes de infertilidade — uma tem óvulos, a outra não —, assim, elas compartilham do material genético e dos custos com o tratamento.

Independentemente da forma de ovodoação, a doadora precisa, primeiramente, passar por avaliação detalhada, física e psicológica. Vários exames são solicitados, inclusive para rastreio de infecções e alterações genéticas.

Além de ter boa reserva ovariana e condições adequadas de saúde geral, a doadora deve ter menos que 37 anos. Esse limite de idade é determinando pela resolução do CFM (Conselho Federal de Medicina), tendo em vista que a qualidade dos óvulos diminui com o avanço da idade.

No tratamento, a doadora passa pelo processo de estimulação ovariana, realizado com medicações hormonais que têm como objetivo a produção de múltiplos óvulos. Essas células (óvulos) são coletadas e 100% doadas (no caso de uma doadora altruísta) ou compartilhadas com uma receptora.

As células que foram destinadas à receptora serão fertilizadas com o sêmen de seu parceiro (ou sêmen doado se for necessário) e o tratamento da receptora seguirá o seu caminho. Os óvulos que ficarem com a doadora serão fertilizados com o sêmen de seu parceiro (ou sêmen de doador, se for o caso) e também seguirá o seu caminho.

De modo geral, os embriões formados por essas fertilizações são congelados para posterior transferência.

O que é ovorecepção?

Se a ovodoação consiste no procedimento de doar os óvulos, logo a ovorecepção significa recebê-los.

A ovorecepção consiste em utilizar óvulos doados por uma mulher saudável, que é previamente avaliada e submetida à estimulação ovariana para desenvolver vários óvulos. Uma vez fertilizados, os óvulos — que, nessa etapa, já são embriões — são monitorados por alguns dias em incubadora, durante a fase de clivagem (processo de divisão celular). Então, em estágio de blastocisto, um embrião (ou mais) é transferido para o útero da receptora.

A ovodoação e ovorecepção e todas as demais técnicas da FIV são realizadas de forma controlada e segura, a fim de garantir o bem-estar de todas as pessoas envolvidas. Além disso, tanto a doadora quanto o casal receptor de gametas devem passar por uma série de avaliações médicas antes desses procedimentos.

Outro ponto interessante é que, além da recepção de óvulos de uma doadora anônima, a ovorecepção permite o envolvimento de pessoas próximas. Segundo as normas éticas do CFM, é possível receber gametas de parentes de até 4º grau, sob a condição de que não incorra em consanguinidade.

Para quem essas técnicas são indicadas?

A ovodoação e ovorecepção pode ajudar mulheres e casais a terem filhos, caso não tenham gametas femininos em quantidade ou qualidade suficientes para gerar embriões saudáveis.

A técnica é uma opção para:

  • mulheres que não têm mais óvulos devido à menopausa natural (por idade avançada) ou precoce (que ocorre antes dos 40 anos, ocasionada por problemas genéticos ou tratamentos médicos);
  • mulheres com alto risco de gerar filhos com síndromes genéticas — embora, em muitos casos, o teste genético pré-implantacional (PGT) seja indicado para evitar esse tipo de alteração;
  • casais homoafetivos masculinos, os quais também precisam de barriga solidária;
  • pacientes que tiveram abortos de repetição ou várias falhas em tratamentos com FIV.

Há uma procura significativa por tratamentos de reprodução assistida com ovodoação e ovorecepção, especialmente na condição de doação compartilhada, pois dessa forma, tanto a doadora quanto a receptora são beneficiadas em seu tratamento.

Para saber mais sobre ovodoação e ovorecepção, siga este link para o texto principal!

Estimulação ovariana: como é feita nas técnicas de reprodução assistida

A medicina reprodutiva trabalha com tratamentos que envolvem diversos procedimentos para auxiliar os casais que lidam com dificuldades para engravidar naturalmente. Uma das técnicas empregadas dentro desse contexto é a estimulação ovariana.

As técnicas de reprodução assistida são realizadas de formas diferentes e variam quanto a complexidade e procedimentos envolvidos. As possibilidades de tratamento para infertilidade incluem basicamente: coito programado, inseminação artificial e fertilização in vitro (FIV) — todas elas iniciadas com estimulação ovariana, mas com protocolos distintos.

Leia este artigo com calma e atenção para compreender o que é estimulação ovariana e como é realizada!

Ciclo menstrual e reserva ovariana

O primeiro passo para entender como funciona a estimulação ovariana é saber o que é reserva ovariana. Nessa reserva, estão armazenados todos os folículos e óvulos que a mulher poderá desenvolver em sua vida reprodutiva, isto é, no decorrer dos ciclos menstruais.

A mulher não produz ovócitos primários ao longo da vida, já nasce com a reserva ovariana completa. Na puberdade, quando os ciclos menstruais têm início, há cerca de 300 a 500 mil folículos ovarianos e dentro de cada um deles há um óvulo.

Com o estímulo endógeno do hormônio FSH (folículo-estimulante), um grupo de folículos ovarianos começa a se desenvolver na primeira fase de cada ciclo menstrual — fase folicular, que abrange as duas primeiras semanas, a partir do início da menstruação.

Dentre os folículos que começam a crescer, geralmente é apenas um deles que se desenvolve o suficiente para atingir o pico de maturação, o que ocorre em resposta ao estímulo do hormônio LH (luteinizante). Depois disso, o folículo dominante se rompe e libera um óvulo, processo esse que conhecemos como ovulação.

Com o recrutamento cíclico dos folículos, a reserva ovariana passa por uma redução progressiva ao longo dos anos — redução que é mais acentuada a partir dos 35. Entre os 45 e 55 anos, aproximadamente, a reserva de óvulos se esgota completamente e os ciclos menstruais cessam, caracterizando a menopausa.

Estimulação ovariana: o que é?

A estimulação ovariana é uma técnica empregada nos tratamentos de reprodução assistida, que consiste em utilizar medicações hormonais (orais ou injetáveis) para estimular o desenvolvimento dos folículos ovarianos.

Mulheres com problemas ovulatórios são beneficiadas com a estimulação ovariana. No entanto, essa técnica não é indicada somente para distúrbios de ovulação, já que se trata da etapa inicial dos tratamentos de reprodução assistida em geral.

Primeiramente, a mulher precisa realizar a avaliação da reserva ovariana. Isso é feito com dosagens hormonais, sobretudo a análise dos níveis do hormônio antimülleriano (AMH), e exames de ultrassonografia pélvica para contagem dos folículos antrais.

A avaliação da reserva ovariana faz parte da investigação básica da infertilidade, pois permite estimar o número de folículos presentes na reserva ovariana. Além disso, conhecer o estado dessa reserva é importante para definir, entre outras coisas, quais medicações serão utilizadas para a estimulação.

Estimulação ovariana nas diferentes técnicas de reprodução assistida

Vários exames femininos e masculinos, além da avaliação da reserva ovariana, complementam a investigação diagnóstica do casal que lida com dificuldades para engravidar. Baseando-se nos dados coletados, é possível decidir quais técnicas de reprodução assistida serão utilizadas.

Seja com técnicas de baixa ou alta complexidade, a estimulação ovariana segue as mesmas etapas:

  • uso de medicações;
  • acompanhamento do crescimento dos folículos com ultrassonografias e dosagens hormonais;
  • uso do fármaco para induzir a maturação final dos folículos e deflagrar a ovulação.

A diferença entre as técnicas está no objetivo (número de óvulos que se deseja obter) e na dosagem das medicações. Entenda melhor!

Coito programado e inseminação intrauterina (baixa complexidade)

Nas técnicas de baixa complexidade, o óvulo é fertilizado in vivo (no corpo da mulher, na tuba uterina). Sendo assim, o protocolo de estimulação ovariana deve ser brando, com doses menores de medicação para evitar a hiperstimulação (mais de 3 folículos) e os riscos de gestação gemelar.

A diferença entre a realização do coito programado e da inseminação artificial é que: na primeira técnica, o único procedimento envolvido é a estimulação ovariana, e o casal é orientado a programar suas relações sexuais com base na previsão dos dias de ovulação e período fértil; na inseminação intrauterina, além do estímulo aos ovários, temos as etapas de preparo seminal e colocação dos espermatozoides dentro do útero na clínica com auxílio de um cateter.

FIV (alta complexidade)

Na FIV, há um controle maior do processo conceptivo e chances de evitar uma gestação múltipla, pois os óvulos são fecundados em laboratório e é possível transferir apenas um embrião para o útero. Os embriões excedentes são congelados e podem ser transferidos no futuro, em outras tentativas.

O protocolo de estimulação ovariana na alta complexidade é mais intenso. O objetivo é obter múltiplos óvulos maduros, aumentando assim as chances de formar um bom número de embriões e consequentemente oferecer maior chance de gravidez.

Continue a ler a respeito do tema, acessando nosso texto principal sobre estimulação ovariana

Endometrite e clamídia: qual é a relação?

A endometrite é uma inflamação na camada interna do útero, geralmente causada por infecções bacterianas. Em sua fase crônica, pode cursar de forma assintomática, mas a ausência de sintomas não significa que a doença é inofensiva.

A parte interna do útero, que é afetada pela endometrite, é chamada de endométrio. É um tecido ricamente vascularizado e que passa por alterações celulares e moleculares em cada ciclo menstrual, renovando-se mensalmente para melhorar sua receptividade e acolher um embrião.

Vamos mostrar, neste texto, quais são as implicações da endometrite na fertilidade, o que é clamídia e qual a relação entre esses temas. Acompanhe e compreenda!

Quais são as consequências da endometrite na fertilidade?

A endometrite pode acarretar falha de implantação de embriões no útero e aumento de risco de abortamento, portanto, é uma doença potencialmente causadora de infertilidade e precisa de avaliação e tratamento.

Os impactos da endometrite na fertilidade da mulher estão associados às seguintes modificações:

  • ambiente uterino inflamatório, o que altera o processo de multiplicação das células do endométrio;
  • presença de micropólipos e distorção anatômica da superfície endometrial;
  • alteração na contratilidade do útero.

A endometrite crônica pode demorar a ser diagnosticada, uma vez que tende a ser assintomática ou manifestar sintomas leves. Já em sua fase aguda pode ter apresentações clínicas mais evidentes, que incluem dor na parte inferior do abdome, corrimento vaginal anormal, dor na relação sexual, sangramento após as relações e fora do período menstrual.

A inflamação no endométrio pode fazer parte da doença inflamatória pélvica (DIP), que também inclui os quadros de cervicite, salpingite e ooforite — inflamação no colo do útero, nas tubas uterinas e nos ovários, respectivamente.

O que é clamídia?

Clamídia é a mais prevalente entre as infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), afeta principalmente os órgãos genitais, mas também pode acometer os olhos e a garganta. Homens e mulheres com vida sexual ativa podem contrair essa infecção.

A principal forma de transmissão é o contato sexual (vaginal, oral ou anal) sem preservativos. A infecção também pode ser transmitida da mãe para o bebê, durante a gestação ou o parto.

O agente causador da clamídia é a bactéria Chlamydia trachomatis. As infecções são, em sua maioria, assintomáticas. Os possíveis sintomas são: secreção vaginal amarelada, sangramento, dor ao urinar e dor no baixo ventre.

Se não for corretamente tratada, a clamídia pode resultar em problemas como dor pélvica crônica, dificuldade para engravidar, gravidez ectópica (fora do útero, geralmente na tuba uterina) e complicações gestacionais e neonatais.

Qual é a relação entre endometrite e clamídia?

A infecção por clamídia é uma das principais causas de endometrite. O risco aumenta quando a mulher tem imunidade baixa ou passa por intervenções médicas que envolvem manipulação uterina, como curetagem após parto ou aborto, cirurgias, biópsia e inserção de dispositivo intrauterino (DIU).

Há mais microrganismos envolvidos na etiologia da endometrite, incluindo bactérias causadoras de gonorreia, vaginose bacteriana e outras que habitam os tratos genital, urinário e gastrointestinal.

A relação entre clamídia e infertilidade é ampla, pois, além da endometrite, essa infecção pode desencadear os outros processos inflamatórios da DIP. A salpingite, por exemplo, tem como consequência perda de função ou obstrução das tubas uterinas. Essa obstrução pode provocar hidrossalpinge, condição caracterizada pelo acúmulo de líquido nas tubas uterinas.

Para que a gravidez aconteça, o óvulo precisa ser captado pelas fímbrias tubárias, fertilizado dentro da tuba e transportado para a cavidade uterina, onde deverá se implantar no endométrio. As alterações tubárias e uterinas dificultam a realização de todo esse processo.

Como é o tratamento?

O tratamento da clamídia e da endometrite envolve o uso de antibióticos para combater a infecção bacteriana. Após o uso das medicações, a mulher pode recuperar sua fertilidade, dependendo de outros fatores, como idade, permeabilidade das tubas uterinas, condições ovarianas/ovulatórias, além da saúde reprodutiva de seu parceiro.

Mulheres com histórico de DIP e que, além de endometrite crônica, desenvolveram salpingite e hidrossalpinge, podem enfrentar maiores dificuldades para restaurar sua fertilidade. Isso porque os espermatozoides não conseguem se mover no interior da tuba para chegar ao local em que deveriam fecundar o óvulo. Da mesma forma, a obstrução tubária impede o transporte do óvulo fertilizado para o útero.

A fertilização in vitro (FIV) é uma possibilidade para mulheres com infertilidade por fator tubário e uterino. A técnica consiste em: estimular o desenvolvimento de múltiplos óvulos; coletar os gametas femininos e masculinos; fertilizar os óvulos em laboratório; transferir o (s) embrião (ões) para o útero, depois de alguns dias de cultivo em incubadora.

A clamídia e a endometrite são condições que impõem riscos à fertilidade da mulher, portanto, não devem ser negligenciadas. A atenção aos sintomas — mínimos que sejam — e o acompanhamento médico são condutas importantes para chegar ao diagnóstico e ao tratamento, antes que as doenças se agravem e deixem sequelas.

Leia mais: siga o link para o texto sobre endometrite (clamídia) e confira outras informações!

O que é endometriose?

A endometriose é uma doença complexa, com apresentações clínicas variadas e com potencial impacto significativo no bem-estar físico e emocional da mulher. Pode levar anos até que seja diagnosticada, portanto, a suspeita e a investigação são fundamentais para chegar precocemente ao tratamento adequado.

O acompanhamento com um médico especialista no manejo da endometriose pode ajudar a encurtar o caminho até a confirmação. Os passos para o diagnóstico incluem a avaliação da história clínica, a pesquisa dos sintomas e os achados do exame físico e das técnicas de imagem, como ultrassonografia e ressonância magnética.

Confira este artigo atentamente e conheça as principais características e implicações da endometriose!

O que é endométrio?

Antes de explicar o que é a endometriose, precisamos falar sobre o endométrio e suas funções e alterações cíclicas.

O útero é um órgão reprodutor de importância ímpar. Sua cavidade se expande para acomodar o feto em crescimento e sua parede é formada por três camadas: endométrio (parte interna); miométrio (camada medial); serosa ou perimétrio (parte mais externa).

O endométrio é, portanto, o revestimento interno do útero e o local onde o embrião deve se implantar no início da gravidez. As condições endometriais adequadas para a implantação embrionária incluem arquitetura normal (sem alterações anatômicas) e o aumento da espessura e da vascularização desse tecido.

O estrogênio, produzido nos ovários, é o hormônio responsável por estimular a proliferação das células endometriais ao longo do ciclo menstrual. Caso um óvulo seja fecundado, ele encontrará um endométrio receptivo devido à ação do estrogênio e da progesterona, outro importante hormônio ovariano; se não houver fecundação e implantação embrionária, os níveis hormonais se alteram e o tecido endometrial descama, resultando na menstruação.

O que é endometriose?

A endometriose é uma doença ginecológica de caráter crônico, geralmente associada a processos inflamatórios em vários locais da região pélvica. É identificada pelo crescimento de endométrio funcional fora do útero, sendo assim chamado de ectópico.

Os locais mais afetados pelos implantes de endométrio ectópico são: peritônio, tubas uterinas, ligamentos que sustentam o útero, ovários e intestino. Bexiga, ureteres, região retrocervical, septo retovaginal e vagina também podem ser acometidos.

As lesões endometrióticas podem causar dor intensa antes e durante a menstruação, bem como durante as relações sexuais e até mesmo na execução de funções básicas do organismo, como a evacuação.

A endometriose é estrogênio-dependente. Como vimos, o estrogênio é o hormônio que ativa o crescimento das células do endométrio, que depois descama e provoca o sangramento durante o período menstrual. Isso ocorre tanto dentro do útero quanto no tecido endometriótico alojado em outros órgãos, levando a respostas do organismo que produzem a inflamação.

Embora não seja uma condição rara, a endometriose ainda é, muitas vezes, subdiagnosticada. Há mulheres que lutam por anos, chegando a passar por vários médicos e exames sem receber um diagnóstico concludente.

Quais são as consequências dessa doença?

A endometriose pode ter sérias consequências, resultando no comprometimento significativo da qualidade de vida da mulher. Um dos impactos negativos da doença é a dor, que pode ser severa a ponto de limitar as atividades cotidianas e necessitar de medicação analgésica.

Os sintomas dolorosos da endometriose incluem:

  • cólicas menstruais intensas;
  • dor na relação sexual;
  • dor pélvica crônica, que pode se manifestar em qualquer período do mês (acíclica);
  • dores para evacuar e urinar durante o período menstrual.

Outra consequência preocupante da endometriose é a dificuldade para engravidar. A doença causa várias modificações no sistema reprodutor que interferem no processo conceptivo, por exemplo:

  • ambiente pélvico prejudicado pela inflamação, afetando os óvulos e espermatozoides;
  • distorção ou obstrução das tubas uterinas, além de redução da motilidade tubária;
  • aumento da resistência à progesterona, reduzindo a receptividade do endométrio.

Quais são as opções de tratamento?

O manejo da endometriose pode envolver diferentes abordagens — dependendo dos sintomas sentidos pela mulher, da localização e tamanho das lesões e dos objetivos reprodutivos de cada mulher —, incluindo o uso de medicamentos para controlar os sintomas, cirurgia e técnicas de reprodução assistida.

Vale esclarecer que a endometriose é crônica, portanto, não é uma condição que pode ser curada. Apesar disso, é possível minimizar as dores e melhorar a qualidade de vida das mulheres afetadas, inclusive ampliando suas chances de gravidez.

O tratamento medicamentoso é uma opção para pacientes que não querem engravidar em breve. A cirurgia é indicada em situações de maior comprometimento dos órgãos, quando há muitas aderências e os sintomas não melhoram com o uso de medicação. Já as técnicas da medicina reprodutiva são viáveis para mulheres que desejam uma gestação.

Na reprodução assistida, os tratamentos podem ser feitos com técnicas de baixa complexidade (coito programado ou inseminação artificial) ou alta complexidade (FIV fertilização in vitro). O planejamento terapêutico depende dos resultados de uma avaliação individualizada de cada casal.

Leia mais ao seguir este link para o texto completo sobre endometriose!

O que é infertilidade?

A infertilidade é uma condição que acomete de 10% a 15% dos casais em idade reprodutiva. É um diagnóstico que tem grande impacto emocional. As causas podem variar muito: entre as mulheres, alguns dos fatores mais comuns são os distúrbios ovulatórios, obstrução das tubas uterinas e endometriose; já nos homens, os problemas estão associados a alterações na produção ou na qualidade dos espermatozoides.

Hoje, sabemos que a infertilidade não é um problema exclusivamente feminino, mas nem sempre foi assim. No passado, a sociedade atribuía a responsabilidade principalmente às mulheres, o que gerava um peso emocional ainda maior para elas.

Embora possa ser causada por fatores femininos ou masculinos isolados, a infertilidade deve ser considerada conjugal. Sendo assim, a mulher e o homem precisam ser examinados quando o casal enfrenta dificuldades para engravidar.

Há, também, situações em que ambos são avaliados e nenhum fator é diagnosticado. Nesse cenário, o casal tem infertilidade sem causa aparente (ISCA).

Com a leitura deste post, você vai entender o que é infertilidade e descobrir quais são os principais fatores que causam tal condição. Acompanhe!

O que é infertilidade?

A infertilidade é caracterizada pela dificuldade de um casal engravidar ou levar a gravidez a termo após um ano de tentativas, considerando que as relações sexuais sejam frequentes e sem uso de qualquer método contraceptivo.

De modo geral, as causas de infertilidade incluem disfunções hormonais, problemas anatômicos nos órgãos reprodutores, alterações genéticas, infecções genitais, fatores relacionados ao estilo de vida, idade avançada e outros.

Recomenda-se ao casal que enfrenta dificuldades para engravidar que procure avaliação médica após o citado período de 1 ano de tentativas sem sucesso. Para mulheres com mais de 35 anos, a investigação da infertilidade deve ser feita após 6 meses de tentativas, pois quanto mais a idade avança há menos chances de gravidez.

É importante sempre considerar a infertilidade como uma condição conjugal, visto que ambos os parceiros em um casal sexualmente ativo precisam ser avaliados. Fatores que dificultam a concepção natural podem ser encontrados nas duas pessoas.

Quais são os fatores masculinos?

A infertilidade masculina é caracterizada por alterações seminais, as quais podem ter relação com problemas na produção dos espermatozoides, na qualidade dessas células ou no transporte pelo trato reprodutivo.

Entre os fatores masculinos que podem ser diagnosticados na avaliação da infertilidade conjugal, estão:

  • varicocele — dilatação anormal das veias testiculares, resultante de falhas no retorno venoso;
  • deficiência de testosterona ou de outros hormônios que regulam as funções sexuais e reprodutivas;
  • alterações genéticas e imunológicas;
  • defeitos congênitos, como criptorquidia ou ausência dos ductos deferentes;
  • quadros inflamatórios e infecciosos nos órgãos reprodutores, como uretrite e epididimite, muitas vezes associados a infecções sexualmente transmissíveis (ISTs);
  • fatores do estilo de vida, como obesidade, tabagismo, consumo de álcool em excesso e estresse, que podem afetar os níveis hormonais, levando à infertilidade tanto masculina quanto feminina.

Quais são os fatores femininos?

A infertilidade feminina pode ter relação com anormalidades estruturais uterinas, obstrução tubária, doenças inflamatórias e, principalmente, problemas de ovulação. Veja quais são os fatores envolvidos:

  • disfunções ovulatórias, decorrentes de alterações hormonais associadas ao estilo de vida ou doenças endócrinas, sobretudo a síndrome dos ovários policísticos (SOP);
  • endometriose, uma condição crônica e inflamatória que afeta a fertilidade por vários mecanismos;
  • doenças estruturais uterinas e malformações, como mioma submucoso, pólipo endometrial, adenomiose, síndrome de Asherman e septo uterino;
  • hidrossalpinge, alteração nas tubas uterinas caracterizada pelo acúmulo de fluído seroso e consequente obstrução tubária;
  • endometrite, inflamação no endométrio (parte interna do útero), geralmente desencadeada após infeção por clamídia;
  • idade acima de 35 anos, que está relacionada à redução na qualidade dos óvulos e risco aumentado para alteração cromossômica no embrião, falha de implantação e aborto;
  • menopausa precoce, decorrente de condições médicas, como quimioterapia, ou genéticas;
  • síndromes cromossômicas, como a síndrome de Turner, ou alterações estruturais nos cromossomos, por exemplo as translocações.

Como tratar?

O tratamento da infertilidade depende da causa subjacente e pode incluir medicamentos, cirurgias e técnicas de reprodução assistida.

Além dos tratamentos médicos, é importante adotar hábitos mais saudáveis para melhorar a saúde reprodutiva. Alimentação balanceada, prática regular de exercícios físicos e redução do estresse podem contribuir para a melhora da fertilidade.

Antes de estabelecer o caminho mais adequado para o tratamento, o casal precisa passar por vários exames:

A medicina tem avançado significativamente no tratamento da infertilidade. Condições mais leves, como as disfunções hormonais, podem melhorar com medicação. Já as doenças estruturais precisam ser avaliadas com mais profundidade para considerar intervenções cirúrgicas.

Na medicina reprodutiva, o casal recebe um acompanhamento personalizado. Tendo em vista todos os fatores de infertilidade presentes, a indicação pode ser para o tratamento com fertilização in vitro (FIV) ou técnicas de baixa complexidade, que incluem coito programado e inseminação artificial ou intrauterina.

A infertilidade pode representar desafios físicos e psicológicos. No entanto, com o apoio médico adequado e os tratamentos disponíveis atualmente, muitos casais conseguem alcançar o objetivo de ter filhos.

Aumente seu entendimento com a leitura do nosso texto completo sobre infertilidade!

Congelamento de óvulos: indicações

O congelamento de óvulos é uma opção para mulheres que desejam adiar a maternidade ou preservar sua fertilidade por motivos médicos. Essa técnica aumentou significativamente as chances de sucesso nos tratamentos de reprodução assistida, pois os óvulos podem ser congelados por anos, mantendo sua qualidade.

Nos tratamentos atuais, a criopreservação de materiais biológicos é feita principalmente por vitrificação, método esse que representa um avanço importante no campo da reprodução assistida. Dessa forma, podemos congelar óvulos, sêmen e embriões com um método ultrarrápido, o que impede a formação de cristais de gelo que podem danificar as células.

Hoje, o congelamento de óvulos é uma das técnicas mais realizadas na reprodução assistida. Além da preservação da fertilidade, há outras indicações, conforme abordaremos neste post. Confira!

O que é congelamento de óvulos?

O objetivo do congelamento de óvulos é preservar os gametas de mulheres que não podem ou não querem engravidar em breve espaço de tempo. No futuro, quando houver intenção de gravidez, os óvulos podem ser descongelados e fecundados em um programa de fertilização in vitro (FIV).

O processo de congelamento de óvulos passa pelas etapas de estimulação ovariana, captação dos óvulos e vitrificação. Começa com o uso de medicações hormonais para estimular os ovários a desenvolverem vários folículos, a fim de obter um bom número de óvulos maduros.

Na etapa seguinte, quando os folículos ovarianos atingem o tamanho adequado, realiza-se a aspiração folicular e os óvulos são coletados. Por fim, as células reprodutoras são mergulhadas em substâncias crioprotetoras para protegê-las durante o congelamento e imersas em cilindros de nitrogênio líquido, onde permanecem em temperatura de, aproximadamente, -196°C. Os óvulos podem ficar congelados por um longo período, sem perder sua qualidade.

Quais são as indicações?

O congelamento de óvulos é indicado para mulheres que querem ou precisam adiar os planos de ter filhos. Também é uma indicação em tratamentos com FIV, quando é necessário adiar a transferência do embrião para o ciclo seguinte.

Veja cada situação com mais detalhes!

Preservação da fertilidade

A preservação da fertilidade se refere ao congelamento de óvulos, sêmen e embriões com o objetivo de manter as chances de uma gravidez no futuro. Isso pode ser feito devido a condições médicas ou por decisão pessoal.

Quando associada a doenças ou tratamentos, também é chamada de preservação oncológica da fertilidade. É uma indicação para mulheres e homens que precisam se submeter a intervenções médicas como quimioterapia, radioterapia e cirurgia para retirada de tumores dos órgãos reprodutores.

Cirurgias para tratamento de endometriose (principalmente a ovariana) e correção de varicocele também podem ser precedidas pelo congelamento de gametas. É uma conduta preventiva, visto que esses procedimentos podem ou não afetar as funções reprodutivas.

Outra condição médica que pode motivar o congelamento de óvulos é o risco de insuficiência ovariana prematura (“menopausa precoce”) devido a alterações genéticas, como a pré-mutação do X frágil ou histórico familiar de insuficiência ovariana prematura.

Quando o congelamento de óvulos é feito por escolha da mulher, chamamos de preservação social da fertilidade. Adiar a maternidade é uma decisão comum na sociedade atual. Por razões pessoais e profissionais, as mulheres estão, cada vez mais, deixando para ter filhos após os 30 ou até 40 anos.

Pessoas que desejam realizar tratamento para mudança de gênero também podem congelar seus óvulos antes do início do uso dos hormônios que serão prescritos. Dessa forma, há possibilidade te ter filhos com suas características genéticas em um momento futuro.

Quanto mais jovem a mulher estiver no momento do congelamento de óvulos, melhor será a qualidade das células e maiores as chances de engravidar no futuro. Sendo assim, idealmente, indica-se que a preservação social da fertilidade seja feita antes dos 35/36 anos. 

Amplie seu conhecimento acerca do tema com a leitura do texto sobre congelamento de óvulos, sêmen e embriões!