Dr Luiz Henrique | WhatsApp

O que é endometriose?

A endometriose é uma doença complexa, com apresentações clínicas variadas e com potencial impacto significativo no bem-estar físico e emocional da mulher. Pode levar anos até que seja diagnosticada, portanto, a suspeita e a investigação são fundamentais para chegar precocemente ao tratamento adequado.

O acompanhamento com um médico especialista no manejo da endometriose pode ajudar a encurtar o caminho até a confirmação. Os passos para o diagnóstico incluem a avaliação da história clínica, a pesquisa dos sintomas e os achados do exame físico e das técnicas de imagem, como ultrassonografia e ressonância magnética.

Confira este artigo atentamente e conheça as principais características e implicações da endometriose!

O que é endométrio?

Antes de explicar o que é a endometriose, precisamos falar sobre o endométrio e suas funções e alterações cíclicas.

O útero é um órgão reprodutor de importância ímpar. Sua cavidade se expande para acomodar o feto em crescimento e sua parede é formada por três camadas: endométrio (parte interna); miométrio (camada medial); serosa ou perimétrio (parte mais externa).

O endométrio é, portanto, o revestimento interno do útero e o local onde o embrião deve se implantar no início da gravidez. As condições endometriais adequadas para a implantação embrionária incluem arquitetura normal (sem alterações anatômicas) e o aumento da espessura e da vascularização desse tecido.

O estrogênio, produzido nos ovários, é o hormônio responsável por estimular a proliferação das células endometriais ao longo do ciclo menstrual. Caso um óvulo seja fecundado, ele encontrará um endométrio receptivo devido à ação do estrogênio e da progesterona, outro importante hormônio ovariano; se não houver fecundação e implantação embrionária, os níveis hormonais se alteram e o tecido endometrial descama, resultando na menstruação.

O que é endometriose?

A endometriose é uma doença ginecológica de caráter crônico, geralmente associada a processos inflamatórios em vários locais da região pélvica. É identificada pelo crescimento de endométrio funcional fora do útero, sendo assim chamado de ectópico.

Os locais mais afetados pelos implantes de endométrio ectópico são: peritônio, tubas uterinas, ligamentos que sustentam o útero, ovários e intestino. Bexiga, ureteres, região retrocervical, septo retovaginal e vagina também podem ser acometidos.

As lesões endometrióticas podem causar dor intensa antes e durante a menstruação, bem como durante as relações sexuais e até mesmo na execução de funções básicas do organismo, como a evacuação.

A endometriose é estrogênio-dependente. Como vimos, o estrogênio é o hormônio que ativa o crescimento das células do endométrio, que depois descama e provoca o sangramento durante o período menstrual. Isso ocorre tanto dentro do útero quanto no tecido endometriótico alojado em outros órgãos, levando a respostas do organismo que produzem a inflamação.

Embora não seja uma condição rara, a endometriose ainda é, muitas vezes, subdiagnosticada. Há mulheres que lutam por anos, chegando a passar por vários médicos e exames sem receber um diagnóstico concludente.

Quais são as consequências dessa doença?

A endometriose pode ter sérias consequências, resultando no comprometimento significativo da qualidade de vida da mulher. Um dos impactos negativos da doença é a dor, que pode ser severa a ponto de limitar as atividades cotidianas e necessitar de medicação analgésica.

Os sintomas dolorosos da endometriose incluem:

  • cólicas menstruais intensas;
  • dor na relação sexual;
  • dor pélvica crônica, que pode se manifestar em qualquer período do mês (acíclica);
  • dores para evacuar e urinar durante o período menstrual.

Outra consequência preocupante da endometriose é a dificuldade para engravidar. A doença causa várias modificações no sistema reprodutor que interferem no processo conceptivo, por exemplo:

  • ambiente pélvico prejudicado pela inflamação, afetando os óvulos e espermatozoides;
  • distorção ou obstrução das tubas uterinas, além de redução da motilidade tubária;
  • aumento da resistência à progesterona, reduzindo a receptividade do endométrio.

Quais são as opções de tratamento?

O manejo da endometriose pode envolver diferentes abordagens — dependendo dos sintomas sentidos pela mulher, da localização e tamanho das lesões e dos objetivos reprodutivos de cada mulher —, incluindo o uso de medicamentos para controlar os sintomas, cirurgia e técnicas de reprodução assistida.

Vale esclarecer que a endometriose é crônica, portanto, não é uma condição que pode ser curada. Apesar disso, é possível minimizar as dores e melhorar a qualidade de vida das mulheres afetadas, inclusive ampliando suas chances de gravidez.

O tratamento medicamentoso é uma opção para pacientes que não querem engravidar em breve. A cirurgia é indicada em situações de maior comprometimento dos órgãos, quando há muitas aderências e os sintomas não melhoram com o uso de medicação. Já as técnicas da medicina reprodutiva são viáveis para mulheres que desejam uma gestação.

Na reprodução assistida, os tratamentos podem ser feitos com técnicas de baixa complexidade (coito programado ou inseminação artificial) ou alta complexidade (FIV fertilização in vitro). O planejamento terapêutico depende dos resultados de uma avaliação individualizada de cada casal.

Leia mais ao seguir este link para o texto completo sobre endometriose!

O que é infertilidade?

A infertilidade é uma condição que acomete de 10% a 15% dos casais em idade reprodutiva. É um diagnóstico que tem grande impacto emocional. As causas podem variar muito: entre as mulheres, alguns dos fatores mais comuns são os distúrbios ovulatórios, obstrução das tubas uterinas e endometriose; já nos homens, os problemas estão associados a alterações na produção ou na qualidade dos espermatozoides.

Hoje, sabemos que a infertilidade não é um problema exclusivamente feminino, mas nem sempre foi assim. No passado, a sociedade atribuía a responsabilidade principalmente às mulheres, o que gerava um peso emocional ainda maior para elas.

Embora possa ser causada por fatores femininos ou masculinos isolados, a infertilidade deve ser considerada conjugal. Sendo assim, a mulher e o homem precisam ser examinados quando o casal enfrenta dificuldades para engravidar.

Há, também, situações em que ambos são avaliados e nenhum fator é diagnosticado. Nesse cenário, o casal tem infertilidade sem causa aparente (ISCA).

Com a leitura deste post, você vai entender o que é infertilidade e descobrir quais são os principais fatores que causam tal condição. Acompanhe!

O que é infertilidade?

A infertilidade é caracterizada pela dificuldade de um casal engravidar ou levar a gravidez a termo após um ano de tentativas, considerando que as relações sexuais sejam frequentes e sem uso de qualquer método contraceptivo.

De modo geral, as causas de infertilidade incluem disfunções hormonais, problemas anatômicos nos órgãos reprodutores, alterações genéticas, infecções genitais, fatores relacionados ao estilo de vida, idade avançada e outros.

Recomenda-se ao casal que enfrenta dificuldades para engravidar que procure avaliação médica após o citado período de 1 ano de tentativas sem sucesso. Para mulheres com mais de 35 anos, a investigação da infertilidade deve ser feita após 6 meses de tentativas, pois quanto mais a idade avança há menos chances de gravidez.

É importante sempre considerar a infertilidade como uma condição conjugal, visto que ambos os parceiros em um casal sexualmente ativo precisam ser avaliados. Fatores que dificultam a concepção natural podem ser encontrados nas duas pessoas.

Quais são os fatores masculinos?

A infertilidade masculina é caracterizada por alterações seminais, as quais podem ter relação com problemas na produção dos espermatozoides, na qualidade dessas células ou no transporte pelo trato reprodutivo.

Entre os fatores masculinos que podem ser diagnosticados na avaliação da infertilidade conjugal, estão:

  • varicocele — dilatação anormal das veias testiculares, resultante de falhas no retorno venoso;
  • deficiência de testosterona ou de outros hormônios que regulam as funções sexuais e reprodutivas;
  • alterações genéticas e imunológicas;
  • defeitos congênitos, como criptorquidia ou ausência dos ductos deferentes;
  • quadros inflamatórios e infecciosos nos órgãos reprodutores, como uretrite e epididimite, muitas vezes associados a infecções sexualmente transmissíveis (ISTs);
  • fatores do estilo de vida, como obesidade, tabagismo, consumo de álcool em excesso e estresse, que podem afetar os níveis hormonais, levando à infertilidade tanto masculina quanto feminina.

Quais são os fatores femininos?

A infertilidade feminina pode ter relação com anormalidades estruturais uterinas, obstrução tubária, doenças inflamatórias e, principalmente, problemas de ovulação. Veja quais são os fatores envolvidos:

  • disfunções ovulatórias, decorrentes de alterações hormonais associadas ao estilo de vida ou doenças endócrinas, sobretudo a síndrome dos ovários policísticos (SOP);
  • endometriose, uma condição crônica e inflamatória que afeta a fertilidade por vários mecanismos;
  • doenças estruturais uterinas e malformações, como mioma submucoso, pólipo endometrial, adenomiose, síndrome de Asherman e septo uterino;
  • hidrossalpinge, alteração nas tubas uterinas caracterizada pelo acúmulo de fluído seroso e consequente obstrução tubária;
  • endometrite, inflamação no endométrio (parte interna do útero), geralmente desencadeada após infeção por clamídia;
  • idade acima de 35 anos, que está relacionada à redução na qualidade dos óvulos e risco aumentado para alteração cromossômica no embrião, falha de implantação e aborto;
  • menopausa precoce, decorrente de condições médicas, como quimioterapia, ou genéticas;
  • síndromes cromossômicas, como a síndrome de Turner, ou alterações estruturais nos cromossomos, por exemplo as translocações.

Como tratar?

O tratamento da infertilidade depende da causa subjacente e pode incluir medicamentos, cirurgias e técnicas de reprodução assistida.

Além dos tratamentos médicos, é importante adotar hábitos mais saudáveis para melhorar a saúde reprodutiva. Alimentação balanceada, prática regular de exercícios físicos e redução do estresse podem contribuir para a melhora da fertilidade.

Antes de estabelecer o caminho mais adequado para o tratamento, o casal precisa passar por vários exames:

A medicina tem avançado significativamente no tratamento da infertilidade. Condições mais leves, como as disfunções hormonais, podem melhorar com medicação. Já as doenças estruturais precisam ser avaliadas com mais profundidade para considerar intervenções cirúrgicas.

Na medicina reprodutiva, o casal recebe um acompanhamento personalizado. Tendo em vista todos os fatores de infertilidade presentes, a indicação pode ser para o tratamento com fertilização in vitro (FIV) ou técnicas de baixa complexidade, que incluem coito programado e inseminação artificial ou intrauterina.

A infertilidade pode representar desafios físicos e psicológicos. No entanto, com o apoio médico adequado e os tratamentos disponíveis atualmente, muitos casais conseguem alcançar o objetivo de ter filhos.

Aumente seu entendimento com a leitura do nosso texto completo sobre infertilidade!

Congelamento de óvulos: indicações

O congelamento de óvulos é uma opção para mulheres que desejam adiar a maternidade ou preservar sua fertilidade por motivos médicos. Essa técnica aumentou significativamente as chances de sucesso nos tratamentos de reprodução assistida, pois os óvulos podem ser congelados por anos, mantendo sua qualidade.

Nos tratamentos atuais, a criopreservação de materiais biológicos é feita principalmente por vitrificação, método esse que representa um avanço importante no campo da reprodução assistida. Dessa forma, podemos congelar óvulos, sêmen e embriões com um método ultrarrápido, o que impede a formação de cristais de gelo que podem danificar as células.

Hoje, o congelamento de óvulos é uma das técnicas mais realizadas na reprodução assistida. Além da preservação da fertilidade, há outras indicações, conforme abordaremos neste post. Confira!

O que é congelamento de óvulos?

O objetivo do congelamento de óvulos é preservar os gametas de mulheres que não podem ou não querem engravidar em breve espaço de tempo. No futuro, quando houver intenção de gravidez, os óvulos podem ser descongelados e fecundados em um programa de fertilização in vitro (FIV).

O processo de congelamento de óvulos passa pelas etapas de estimulação ovariana, captação dos óvulos e vitrificação. Começa com o uso de medicações hormonais para estimular os ovários a desenvolverem vários folículos, a fim de obter um bom número de óvulos maduros.

Na etapa seguinte, quando os folículos ovarianos atingem o tamanho adequado, realiza-se a aspiração folicular e os óvulos são coletados. Por fim, as células reprodutoras são mergulhadas em substâncias crioprotetoras para protegê-las durante o congelamento e imersas em cilindros de nitrogênio líquido, onde permanecem em temperatura de, aproximadamente, -196°C. Os óvulos podem ficar congelados por um longo período, sem perder sua qualidade.

Quais são as indicações?

O congelamento de óvulos é indicado para mulheres que querem ou precisam adiar os planos de ter filhos. Também é uma indicação em tratamentos com FIV, quando é necessário adiar a transferência do embrião para o ciclo seguinte.

Veja cada situação com mais detalhes!

Preservação da fertilidade

A preservação da fertilidade se refere ao congelamento de óvulos, sêmen e embriões com o objetivo de manter as chances de uma gravidez no futuro. Isso pode ser feito devido a condições médicas ou por decisão pessoal.

Quando associada a doenças ou tratamentos, também é chamada de preservação oncológica da fertilidade. É uma indicação para mulheres e homens que precisam se submeter a intervenções médicas como quimioterapia, radioterapia e cirurgia para retirada de tumores dos órgãos reprodutores.

Cirurgias para tratamento de endometriose (principalmente a ovariana) e correção de varicocele também podem ser precedidas pelo congelamento de gametas. É uma conduta preventiva, visto que esses procedimentos podem ou não afetar as funções reprodutivas.

Outra condição médica que pode motivar o congelamento de óvulos é o risco de insuficiência ovariana prematura (“menopausa precoce”) devido a alterações genéticas, como a pré-mutação do X frágil ou histórico familiar de insuficiência ovariana prematura.

Quando o congelamento de óvulos é feito por escolha da mulher, chamamos de preservação social da fertilidade. Adiar a maternidade é uma decisão comum na sociedade atual. Por razões pessoais e profissionais, as mulheres estão, cada vez mais, deixando para ter filhos após os 30 ou até 40 anos.

Pessoas que desejam realizar tratamento para mudança de gênero também podem congelar seus óvulos antes do início do uso dos hormônios que serão prescritos. Dessa forma, há possibilidade te ter filhos com suas características genéticas em um momento futuro.

Quanto mais jovem a mulher estiver no momento do congelamento de óvulos, melhor será a qualidade das células e maiores as chances de engravidar no futuro. Sendo assim, idealmente, indica-se que a preservação social da fertilidade seja feita antes dos 35/36 anos. 

Amplie seu conhecimento acerca do tema com a leitura do texto sobre congelamento de óvulos, sêmen e embriões!

Histeroscopia cirúrgica e tratamento da infertilidade

A histeroscopia é um procedimento médico minimamente invasivo, indicado para avaliar e tratar doenças que afetam a cavidade uterina. Consiste no uso de um pequeno tubo chamado histeroscópio, que é inserido no útero através da vagina e da cérvice (colo do útero), permitindo ao médico visualizar o interior do órgão.

Há duas modalidades: ambulatorial e cirúrgica. A primeira é feita em ambulatório, com finalidade diagnóstica. Por sua vez, a histeroscopia cirúrgica requer todos os recursos de um centro operatório, portanto, é realizada em hospital.

Tanto a histeroscopia cirúrgica quanto a ambulatorial são úteis para identificar a presença de pólipos endometriais, miomas, aderências ou tumores uterinos. A abordagem cirúrgica por sua vez é aquela que pode tratar essas e outras condições.

Neste texto, abordaremos os principais aspectos relacionados à histeroscopia cirúrgica e sua importância no tratamento da infertilidade!

O que é histeroscopia cirúrgica?

A histeroscopia cirúrgica é um procedimento realizado por via vaginal com o objetivo de diagnosticar e tratar lesões na parte interna do útero. É considerada a técnica padrão ouro no tratamento de afecções intrauterinas, sendo uma das abordagens mais indicadas para corrigir problemas relacionados à infertilidade, como os miomas submucosos.

Tal procedimento começou a ser realizado no século XIX. Os avanços científicos e tecnológicos permitiram o desenvolvimento de instrumentos de menor calibre e sistemas de iluminação que deixaram a histeroscopia mais segura e precisa.

Para a realização da cirurgia, a paciente recebe anestesia (geralmente sedação) e é adequadamente posicionada. Um instrumento com microcâmera acoplada em sua extremidade (o histeroscópio) é introduzido na vagina, passa pelo colo do útero e chega à cavidade uterina, onde capta e transmite imagens em tempo real do interior do órgão. As imagens são acompanhadas em um monitor de vídeo.

O histeroscópio contém um compartimento para que os instrumentos cirúrgicos, como pinça e tesoura para ressecção, sejam introduzidos no útero. Além disso, há o canal de fluídos que garante o fluxo contínuo de um meio de distensão para melhorar a visibilidade da cavidade uterina.

Quais são as indicações da histeroscopia cirúrgica?

A histeroscopia cirúrgica pode ser indicada quando há suspeita de alguma doença uterina na região interna do útero (endométrio). Frequentemente, exames como ultrassonografia transvaginal e ressonância magnética têm grande valor para avaliação dessas doenças e planejamento terapêutico adequado.

As indicações para a histeroscopia cirúrgica incluem o tratamento de:

  • Mioma com componente submucoso;
  • pólipo endometrial;
  • Sinequias uterinas ou síndrome de Asherman;
  • alguns tipos de malformação uterina.

Os miomas são tumores benignos, frequentemente encontrados em exames ginecológicos como a ultrassonografia. Nem todos os tipos de mioma causam infertilidade. Os submucosos são os que mais interferem nas chances de gravidez, pois alteram o tecido endometrial, que é o local de implantação do embrião.

Pólipos endometriais são crescimentos anormais no tecido endometrial, que também alteram as características uterinas, dificultando a implantação embrionária e a evolução da gravidez. Nessa condição, a remoção do pólipo por histeroscopia é indicada para restauração da fertilidade ou como conduta de prevenção, visto que há risco — embora o risco seja baixo — de transformação maligna.

A síndrome de Asherman é uma condição caracterizada pela presença de muitas sinequias (aderências de tecido cicatricial) na cavidade uterina. Com isso, o espaço interno do órgão fica ocluído, dificultando implantação e manutenção de um embrião.

Quanto às malformações uterinas, o principal tipo que pode ser tratado com a histeroscopia cirúrgica é o útero septado. A mulher com esse diagnóstico tem a cavidade do útero dividida por uma parede (septo) de tecido que pode ser removida com a cirurgia.

Qual é o papel da histeroscopia cirúrgica na reprodução assistida?

A histeroscopia cirúrgica tem papel importante em deixar a “casa do embrião” adequada para sua implantação e desenvolvimento. Esse embrião pode chegar ao interior da cavidade uterina de forma natural por meio dos tratamentos de baixa complexidade (relação sexual programada ou inseminação artificial ou intrauterina) ou de alta complexidade, como a fertilização in vitro (FIV).

Na FIV, um embrião já com 5 a 7 dias de desenvolvimento em laboratório é inserido na cavidade uterina. É fundamental que esse embrião encontre um ambiente adequado e livre de doenças para poder se desenvolver.

Leia também o texto principal sobre histeroscopia cirúrgica e saiba muito mais!

Casais homoafetivos e reprodução assistida: conheça em detalhes as possibilidades

Nas últimas décadas, temos presenciado mudanças sociais importantes, o que reflete diretamente nas configurações familiares. Dentre essas transformações, está a acessibilidade cada vez maior dos casais homoafetivos a direitos como o casamento e a adoção.

A medicina reprodutiva tem acompanhado e se adaptado a essas novas realidades, oferecendo opções para que os casais homoafetivos tenham chances de ter filhos biológicos.

Antes, a ideia de família era tradicionalmente associada à união entre um homem e uma mulher, com (frequentemente) a finalidade principal de ter filhos. Com a crescente conscientização sobre a diversidade, hoje, em muitos países, inclusive no Brasil, sabemos que os casais homoafetivos têm liberdade para constituir uma família.

Nesse cenário, a reprodução assistida se tornou uma ferramenta importante. Com suas técnicas específicas, como a doação de gametas e a barriga solidária, esses casais podem ter a experiência de gerar descendentes com sua herança genética.

Leia o texto na íntegra e entenda quais são as possibilidades da reprodução assistida para os casais homoafetivos!

Como os casais homoafetivos podem ter filhos biológicos?

No contexto atual da medicina reprodutiva, existem diversas possibilidades para os casais homoafetivos terem seus filhos biológicos. Há diferenças entre os tratamentos dos casais masculinos e femininos.

Para as mulheres, o processo pode ser um pouco mais simples, pois as duas parceiras têm óvulos e útero para engravidar e precisam apenas de doação de sêmen. Embora o tratamento seja um pouco mais complexo para os homens, também é possível que os casais masculinos realizem o sonho da paternidade.

Veja quais técnicas são indicadas para os casais homoafetivos masculinos e femininos!

Reprodução assistida para casais homoafetivos masculinos

Os casais masculinos têm os espermatozoides de ambos os parceiros para efetuar seu tratamento de reprodução, mas precisam de ovodoação (doação de óvulos) e barriga solidária. A opção de tratamento de reprodução assistida para esses casais é a fertilização in vitro (FIV).

Os dois parceiros podem passar pela avaliação da fertilidade masculina, que inclui a realização do espermograma, além de dosagens hormonais, rastreio de infecções e exames genéticos. O material de um deles é coletado e submetido às técnicas de preparo seminal, permitindo a seleção dos espermatozoides com maior potencial de fertilização.

Na etapa seguinte, os espermatozoides são utilizados para fecundar óvulos doados por uma mulher saudável. Os óvulos usados são, geralmente, de uma doadora anônima (mas pode também ser de uma parente de até quarto grau – desde que não incorra em consanguinidade).

Os embriões gerados são acompanhados em incubadora com ambiente adequado para seu desenvolvimento fora do útero. Depois de 5 a 7 dias de cultivo, os embriões ou são congelados ou são transferidos para um útero.

O casal homoafetivo masculino precisa contar com a participação de uma mulher que aceite gestar o bebê. Com a técnica chamada de barriga solidária, cessão temporária de útero ou gestação de substituição, os futuros pais têm a possibilidade de acompanhar de perto o desenvolvimento de seu filho, do início ao fim da gravidez.

Todos os envolvidos passam por avaliação física e psicológica e recebem os devidos esclarecimentos, antes de embarcar nessa jornada. Entre os pontos importantes que são previamente estabelecidos, estão a questão da filiação dentro dos aspectos legais e o comprometimento do casal para arcar com todo o suporte que a cedente temporária de útero precisar na gravidez e no pós-parto.

Reprodução assistida para casais homoafetivos femininos

As mulheres em relacionamento homoafetivo podem ter filhos com duas técnicas da reprodução assistida: a FIV e a inseminação artificial ou intrauterina.

A inseminação artificial é uma técnica de baixa complexidade, de realização mais simples que a FIV. Consiste, basicamente, em três etapas: estimulação ovariana, preparo seminal e introdução do sêmen no útero.

Para realizar a inseminação intrauterina, é preferível que a candidata à gestante tenha no máximo 35 anos. As parceiras podem decidir entre elas qual será a gestante e mãe genética da criança ou podem ter essa decisão orientada pelo médico especialista, com base na avaliação da fertilidade e da saúde geral de ambas.

Uma alternativa bastante interessante na reprodução assistida para casais homoafetivos femininos é a gestação compartilhada, situação essa em que as duas mulheres podem participar da gestação, em momentos diferentes.

A gestação compartilhada acontece somente no contexto da FIV e consiste em fertilizar os óvulos de uma das parceiras e transferir o (s) embrião (ões) para o útero da outra. Assim, uma é a mãe genética e a outra vivencia a gravidez.

Com todas essas possibilidades da medicina reprodutiva, os casais homoafetivos têm chances de realizar o sonho de construir sua família com filhos biológicos. Nessa trajetória, é importante contar com o apoio de profissionais experientes e capacitados, que vão esclarecer todas as dúvidas do casal e apresentar as técnicas disponíveis.

Para complementar sua leitura e ampliar o entendimento, leia também o texto institucional sobre reprodução assistida para casais homoafetivos!

Avaliação da reserva ovariana: saiba como é feita

A avaliação da reserva ovariana é uma etapa importante tanto na investigação da infertilidade conjugal quanto para aquelas mulheres que desejam preservar sua fertilidade por meio do congelamento de óvulos. É um conjunto de exames que mostram quantos óvulos, aproximadamente, a mulher tem em determinado momento de sua vida.

Reserva ovariana é um conceito que se relaciona tanto à qualidade do óvulos quanto à quantidade de óvulos ainda presentes nos ovários. As mulheres nascem com um número de óvulos determinado e a partir da primeira menstruação esse número vai sempre descrescendo. Não há formação de novos óvulos ao longo da vida da mulher (diferentemente dos homens, que produzem novos espermatozoides diariamente).

Acompanhe este post com atenção e descubra como a reserva ovariana pode ser avaliada!

Qual é a relação entre reserva ovariana e fertilidade feminina?

Há uma relação clara entre reserva ovariana e fertilidade feminina, pois os óvulos são os gametas, isto é, as células reprodutivas da mulher. Para engravidar, é preciso que aconteça a união entre um óvulo e um espermatozoide (gameta masculino).

A idade reprodutiva tem seu início na puberdade, quando acontece o primeiro ciclo menstrual. A partir disso, ciclo após ciclo, um grupo de folículos ovarianos é recrutado para o desenvolvimento e, geralmente, um deles chega ao estágio de maturação ideal para ovular.

Os outros folículos que não foram recrutados são descartados pelo organismo da mulher. Como isso ocorre continuamente, há uma redução ininterrupta da reserva ovariana ao longo dos anos. Você sabia que essa perda constante de óvulos ocorre mesmo em mulheres em uso de anticoncepcional (que bloqueia os ciclos ovarianos) e também durante a gravidez?

Essa redução na quantidade e também na qualidade dos óvulos se acentua após os 35 ou 36 anos de idade, até chegar ao completo esgotamento, na idade da menopausa (geralmente após os 45 anos).

Podemos dizer que quanto melhor é o estado da reserva ovariana, maiores são as chances de concepção. Entretanto, o número de óvulos não é o único fator associado à fertilidade feminina, também devemos considerar: a qualidade das células reprodutivas; o equilíbrio dos hormônios que estimulam a função ovulatória; as condições do útero e das tubas uterinas; entre outros fatores.

Como é feita a avaliação da reserva ovariana?

Já sabemos que o conceito de reserva ovariana relaciona-se tanto à quantidade quanto à qualidade dos óvulos.

A medicina ainda não desenvolveu um teste que consiga predizer a qualidade dos óvulos de determinada mulher. Só sabemos que, quanto mais jovem, melhor a qualidade. Sabemos também que essa perda de qualidade é acelerada após os 36 anos de idade e que, próximo aos 44/45 anos, a chance de um óvulo ser fertilizado e formar um embrião saudável é muito pequena.

Em contrapartida, existem testes que conseguem estimar qual é o potencial de produção de óvulos de um ovário quando ele é estimulado. Para tratamentos de Medicina Reprodutiva como a fertilização in vitro (FIV) ou o congelamento de óvulos, utilizam-se medicações que hiperestimulam o ovário e causam uma hiperovulação.

Dessa forma, em vez de naquele mês o ovário liberar um único óvulo (e desprezar algumas dezenas), estimulamos o ovário para que consigamos aproveitar também aqueles óvulos que seriam descartados.

A avaliação da reserva ovariana é feita com análises bioquímicas e exame de ultrassonografia pélvica. Os mais utilizados são a dosagem do hormônio antimülleriano (AMH) e a contagem dos folículos antrais.

O HAM é produzido por células dos folículos ovarianos antrais e pré-antrais, sendo considerado o biomarcador sanguíneo mais confiável na avaliação da reserva ovariana. Já a ultrassonografia para contagem de folículos antrais permite visualizar e somar todos os folículos em crescimento presentes nos dois ovários. Quanto maior o HAM ou quanto mais folículos antrais são identificados, maior o potencial daquele ovário em produzir óvulos ao ser estimulado.

Outros marcadores que podem ser analisados na avaliação da reserva ovariana, mas que oferecem informação de pior qualidade são: hormônio folículo-estimulante (FSH), estradiol, inibina-B e medida do volume ovariano.

A baixa reserva ovariana pode afetar os resultados dos tratamentos de reprodução assistida. Quando a reserva está reduzida, a mulher pode ter uma resposta pobre ao uso de medicações para estimulação ovariana, resultando no desenvolvimento de um baixo número de óvulos para o tratamento.

É importante pontuar que, embora a avaliação da reserva ovariana seja fundamental na investigação da infertilidade, não é usada de forma isolada para estabelecer o prognóstico reprodutivo do casal, pois vários outros fatores também precisam ser avaliados.

Confira outro texto sobre avaliação da reserva ovariana e fique bem-informada!

O que é PGT?

O PGT é uma ferramenta de relevância ímpar que pode ser utilizada especificamente nos tratamentos de fertilização in vitro (FIV). O objetivo é rastrear possíveis alterações genéticas nos embriões antes que eles sejam colocados no útero materno.

Alterações genéticas representam diferentes tipos de mutação, que podem ocorrer: em genes específicos (distúrbios monogênicos); no número de cromossomos (aneuploidias); na estrutura dos cromossomos (translocações, deleções etc.).

Alguns tipos dessas anormalidades podem resultar em indivíduos com síndromes com potencial de impactar a saúde física ou intelectual em diferentes níveis. Outras alterações genéticas encontradas nos embriões levam a problemas reprodutivos, como falhas de implantação embrionária (teste de gravidez negativo) ou abortamento.

Hoje, a reprodução assistida, graças ao PGT, pode ser indicada para evitar doenças genéticas. Neste post, confira o que é PGT e para quem é indicado!

O que é PGT?

PGT é a sigla para teste genético pré-implantacional, também referido como biópsia embrionária. Os diferentes subtipos de PGT estão descritos a seguir:

  • PGT-A, que pesquisa aneuploidias;
  • PGT-M, que faz o rastreio de doenças monogênicas, como anemia falciforme e fibrose cística;
  • PGT-SR, que avalia alterações cromossômicas estruturais;
  • PGT-P, que rastreia a presença de genes nos embriões que possam aumentar o risco de doenças poligênicas, como diabetes, câncer e doenças cardiovasculares.

Dentre todas essas análises, o PGT-A é aquele que é utilizado com mais frequência. As aneuploidias são representadas pela perda ou o ganho de cromossomos, alterando o cariótipo normal que seria de 23 pares de cromossomos. Um exemplo bem conhecido é a trissomia 21, conhecida como síndrome de Down.

As alterações cromossômicas numéricas também estão associadas a falha de implantação e a aborto.

Como o PGT é realizado?

O PGT é feito somente no contexto da FIV. Essa é uma técnica de alta complexidade, que envolve uma sequência de procedimentos em ambiente controlado para promover o processo reprodutivo.

O primeiro passo para a realização da análise genética de embrião é o tratamento de FIV. Por meio desse tratamento é que embriões serão formados e o material poderá ser fornecido para avaliação genética.

A FIV começa com a estimulação ovariana, visando à coleta de múltiplos oócitos (óvulos). Os gametas femininos e masculinos são coletados e a fertilização (união de óvulo e espermatozoide) ocorre em laboratório.

Em seguida, temos a etapa de cultivo embrionário, que dura entre 5 e 7 dias. Os embriões são mantidos em incubadora com ambiente apropriado para o desenvolvimento embrionário.

O embrião parte de uma única célula, que se divide até atingir mais de 100 células. Nessa etapa de desenvolvimento embrionário, ele recebe a denominação de blastocisto. A biópsia embrionária é feita quando o embrião atinge o estágio de blastocisto. Uma amostra de cerca de 5 células do embrião é coletada e enviada para análise, de acordo com o tipo de PGT indicado.

Os embriões biopsiados são congelados para serem transferidos no ciclo menstrual seguinte. De acordo com os resultados da análise genética, os embriões são descongelados e transferidos para o útero. Para evitar gestação gemelar, habitualmente transfere-se apenas um embrião saudável por vez.

Quais são as indicações da biópsia embrionária?

De modo geral, a indicação da análise genética é feita com a finalidade de melhorar os resultados reprodutivos do casal, além de prevenir alterações genéticas que possam ter implicações na saúde dos futuros descendentes.

Algumas síndromes comprometem o desenvolvimento motor e/ou intelectual, reduzem a autonomia do indivíduo e podem até ser fatais. Por esse ponto de vista, entende-se que o PGT é uma ferramenta inovadora e de grande relevância.

Considerando também que a detecção de aneuploidias ajuda a evitar falhas de implantação e aborto, a biópsia embrionária pode aumentar as taxas de sucesso por transferência embrionária. Veja quais são as principais indicações:

  • histórico familiar de doenças monogênicas;
  • alterações cromossômicas encontradas no exame do cariótipo feito na mãe e/ou no pai durante a investigação da infertilidade conjugal;
  • histórico de abortos recorrentes ou de falhas de implantação na FIV;
  • idade materna avançada — após os 37 anos, há mais risco de aneuploidia;
  • intenção de transferir um único embrião.

Os tratamentos de reprodução assistida são personalizados, planejados com base na investigação da infertilidade e nas características de cada casal. A partir de todos os dados coletados e fatores identificados, o especialista pode acrescentar as técnicas complementares, como o PGT.

Casais que não têm causas de infertilidade diagnosticadas também podem se beneficiar de um tratamento com FIV e PGT quando apresentam alto risco de transmitir doenças genéticas para seus descendentes.

Fique mais um pouco, siga este link para o texto principal sobre PGT e obtenha mais informações!

 

O que é SOP?

Durante os anos férteis de uma mulher, mês a mês os órgãos passam por processos cíclicos e o corpo se prepara para uma possível gravidez. Uma das condições mais frequentes que tem o potencial de prejudicar esse funcionamento cíclico dos órgãos reprodutores femininos é a síndrome dos ovários policísticos (SOP).

Leia este post até o fim e entenda o que é SOP!

O que é SOP?

SOP é a sigla para síndrome dos ovários policísticos.

As causas da SOP não são completamente esclarecidas, mas acredita-se que predisposição genética e fatores ambientais/comportamentais exercem forte influência.

Os sinais e sintomas mais frequentes dessa síndrome são:

  • alterações menstruais e reprodutivas — oligomenorreia (menstruação infrequente), amenorreia (ausência de menstruação) e infertilidade;
  • alterações na pele e nos cabelos, por exemplo, acne, pele oleosa, queda de cabelo (alopécia) e aumento de pelos em locais tipicamente masculinos (hirsutismo).
  • presença de múltiplos cistos menores do que 10 mm nos ovários (folículos);
  • aumento de níveis sanguíneos de hormônios androgênicos.

Também podem ocorrer disfunções metabólicas, incluindo maior risco de obesidade (sobretudo, de gordura abdominal), resistência insulínica, diabetes tipo 2, aumento do colesterol, gordura no fígado, entre outras.

A SOP é uma endocrinopatia comum e chega a afetar quase 20% das mulheres em idade reprodutiva, dependendo dos critérios adotados para avaliação. Atualmente, o diagnóstico é baseado na presença de ao menos 2 dos 3 critérios seguintes:

  • anovulação crônica;
  • sinais clínicos ou laboratoriais de hiperandrogenismo;
  • ovários policísticos, confirmados com exame de ultrassonografia.

Por que a SOP pode causar infertilidade?

Para falar sobre a relação entre SOP e infertilidade, precisamos recordar uma série de assuntos importantes sobre o funcionamento dos ovários, começando com a formação da reserva ovariana. Esse é o nome dado ao estoque de óvulos que as mulheres têm.

A reserva ovariana é formada durante a vida intrauterina. Assim, a menina nasce com todos os óvulos que poderá desenvolver ao longo de sua vida reprodutiva, desde o primeiro ciclo menstrual até a menopausa.

A partir da puberdade, os ovários funcionam de modo cíclico, sendo estimulados pelos hormônios gonadotróficos e promovendo os processos de ovulação, produção de hormônios e preparação do útero.

Em resumo, o ciclo menstrual acontece da seguinte forma:

  • no início do ciclo (período marcado pelo início da menstruação), a hipófise (glândula localizada no cérebro) libera as gonadotrofinas — hormônio folículo-estimulante (FSH) e hormônio luteinizante (LH) —, que estimulam os ovários;
  • sob estímulo hormonal, os ovários começam a desenvolver um grupo de folículos ovarianos, responsáveis por armazenar os óvulos;
  • esses folículos em crescimento produzem estrógenos, hormônios que estimulam a proliferação das células do endométrio (camada interna do útero);
  • geralmente, apenas um dos folículos ovarianos prossegue com seu desenvolvimento, sendo chamado de folículo dominante;
  • na metade do ciclo menstrual (aproximadamente, 2 semanas após o início da menstruação), o folículo dominante atinge a maturação final e se rompe para liberar um óvulo maduro — é o evento da ovulação;
  • após a ovulação, as células do folículo dominante formam o corpo-lúteo, uma glândula endócrina temporária que produz estrogênio e progesterona para deixar o endométrio receptivo a um possível embrião;
  • se não existir embrião para se implantar no útero, o corpo-lúteo involui e para de produzir os hormônios que mantêm a integridade e a função do endométrio. Então, o tecido endometrial descama e é eliminado do corpo como menstruação.

Nas mulheres com diagnóstico de SOP frequentemente esse processo cíclico não funciona adequadamente. Os policistos ovarianos observados na ultrassonografia são decorrentes das falhas no desenvolvimento folicular, pois vários folículos começam a crescer e não progridem.

A anovulação crônica é o principal fator para a infertilidade em mulheres com SOP, mas não o único. Também pode haver redução da receptividade endometrial devido à deficiência na produção de progesterona.

Além de infertilidade, alguns estudos identificaram que mulheres com SOP podem apresentar maior risco de problemas obstétricos, como abortamento espontâneo, diabetes gestacional, pré-eclâmpsia e parto prematuro. A boa notícia é que medidas comportamentais podem proteger as mulheres do risco desses diagnósticos.

Como é o tratamento?

Os objetivos do tratamento da SOP incluem: controlar os sintomas de hiperandrogenismo e restaurar a função ovulatória. A conduta terapêutica depende, entre outros fatores, da intenção de gravidez da paciente.

Mulheres com sobrepeso ou obesidade devem começar o tratamento com modificações no estilo de vida. A perda de cerca de 5% do peso corporal pode ajudar a normalizar a ovulação e os ciclos menstruais.

Quando não há desejo de engravidar, pode-se controlar os sintomas com medicações hormonais com anticoncepcionais e medicações antiandrogênicas. Já as mulheres que desejam engravidar têm opções de tratamento de reprodução assistida, que incluem indução da ovulação associada a técnicas de baixa ou alta complexidade, dependendo da avaliação geral do casal infértil.

Mulheres jovens e que apresentam somente os problemas de ovulação podem ter sucesso com coito programado ou inseminação artificial. Se existirem outros fatores de infertilidade conjugal além da SOP, como idade materna superior a 35 anos ou alterações masculinas, pode ser indicado o tratamento com fertilização in vitro (FIV).

Aproveite a visita em nosso site e leia o texto sobre SOP para saber mais!

O que é espermograma e qual é sua importância na investigação da infertilidade masculina?

A fertilidade masculina é tão importante quanto a feminina para a concretização dos planos reprodutivos de um casal. Há várias condições que podem deixar um homem infértil, desde hábitos de vida que levam a distúrbios hormonais até doenças que causam alterações anatômicas nos órgãos reprodutores.

A capacidade reprodutiva do homem está relacionada às características seminais. O espermograma é um exame de rastreamento indicado para analisar os aspectos do sêmen. Distúrbios hormonais, funcionais, anatômicos podem alterar este exame e direcionar uma investigação mais aprofundada.

Com a leitura deste artigo, você vai compreender como o espermograma é feito e qual é a importância desse exame para a avaliação da fertilidade masculina. Acompanhe!

Espermatozoide e sêmen: qual é a diferença?

Muitas pessoas podem utilizar os dois termos como sinônimos, mas não são. Os espermatozoides são as células reprodutivas do homem, que carregam o DNA. Essas células compõem somente cerca de 15% do sêmen, que também é constituído por líquido seminal e secreção prostática.

Portanto, além dos espermatozoides, o sêmen ou esperma é composto por fluídos secretados pelas glândulas acessórias (próstata e vesículas seminais). A “mistura” de secreções fornece uma fonte de substâncias (enzimas, aminoácidos livres, frutose, ácido cítrico etc.) que nutrem os espermatozoides e os protegem para que cumpram sua função dentro do trato reprodutivo feminino.

O espermatozoide é uma célula especializada, capaz de fertilizar o óvulo para gerar uma nova vida. Em sua morfologia normal, o gameta masculino é constituído por três partes: cabeça oval, peça intermediária e cauda longa. Para chegar ao local da fecundação, esses gametas precisam ter capacidade de se mover de forma direcional e contínua, o que chamamos de motilidade progressiva.

O sêmen, em seu aspecto normal, é um líquido viscoso, branco opalescente, que contém vários componentes nutritivos que protegem e dão energia para os espermatozoides dentro do trato reprodutivo feminino. Alterações na coloração, no pH, no volume ejaculado ou em outros aspectos seminais podem ser sinal de alguma doença associada à infertilidade.

O que é espermograma?

O espermograma é um exame laboratorial realizado para analisar as características macro e microscópicas do sêmen. É uma ferramenta fundamental para avaliação da fertilidade masculina. Entretanto, não é um exame de diagnóstico, ou seja, caso sejam reveladas alterações espermáticas, o homem deve passar por uma investigação aprofundada com outras técnicas, como, por exemplo, o ultrassom da bolsa escrotal.

São dois tipos de análises no espermograma: primeiramente, realiza-se a avaliação dos aspectos macroscópicos, incluindo volume ejaculado, cor do esperma, viscosidade, pH e tempo de liquefação; na segunda etapa do exame, são avaliados os aspectos microscópicos, como concentração, morfologia e motilidade dos espermatozoides.

Antes do exame, o homem deve ficar sem atividades sexuais entre 2 e 3 dias. A amostra obtida é, geralmente, coletada por masturbação. É preciso realizar, no mínimo, duas análises com amostras colhidas em dias diferentes para obter uma média.

Espermograma e reprodução assistida: qual é a relação?

O espermograma é um dos exames necessários na investigação da infertilidade conjugal. Quando detectada alguma alteração masculina, o médico especialista prossegue com a pesquisa das causas e propõe o tratamento mais adequado, considerando todos os fatores diagnosticados. Entre as abordagens indicadas, estão as técnicas de reprodução assistida.

Para casais com alterações leves na morfologia ou na motilidade dos espermatozoides, o tratamento de reprodução pode ser feito com a inseminação artificial, que é uma técnica de baixa complexidade. No entanto, o sucesso dessa abordagem também depende das condições reprodutivas da mulher, que deve ter tubas uterinas saudáveis e, preferivelmente, menos de 35 anos.

A fertilização in vitro (FIV) é a técnica mais promissora quando se trata de superar a infertilidade masculina, inclusive diante de condições mais complexas, como a oligozoospermia severa ou a azoospermia. Nessa situação (azoospermia), os gametas masculinos não são encontrados em quantidade suficiente no ejaculado e, como alternativa, eventualmente podem ser coletados diretamente dos órgãos reprodutores (dos testículos ou epidídimos).

Se obtido sucesso por meio de procedimentos de recuperação espermática — PESA, MESA, TESE ou Micro-TESE —, os gametas são utilizados na fertilização com a injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI). Dessa forma, mesmo obtendo um número reduzido de gametas masculinos, cada um deles é individualmente micromanipulado e injetado dentro de um óvulo.

Além de detectar alterações espermáticas que podem estar associadas a doenças do sistema reprodutor, o espermograma ajuda a direcionar o tratamento de reprodução assistida.

Aproveite para ler o texto institucional sobre espermograma e conheça mais detalhes do exame!

 

Endometriose: conheça e saiba identificar os sintomas

A endometriose é uma grande causa de infertilidade feminina. É uma doença benigna, caracterizada por processo inflamatório principalmente na região pélvica, decorrente do crescimento de tecido endometrial ectópico (fora do seu local de origem). 

O tecido endometrial reveste o útero por dentro. As lesões endometrióticas são causadas pela presença de células de endométrio fora de seu local habitual. Os implantes desse tecido ectópico podem surgir em vários órgãos, como próximos ao útero, como tubas uterinas, ovários, intestino, bexiga, entre outros.

A endometriose pode afetar a fertilidade por vários motivos. Cerca de 40% a 50% das mulheres com diagnóstico de infertilidade terão dificuldade para engravidar naturalmente.

Além do risco elevado de infertilidade, a endometriose pode causar sintomas álgicos e prejudicar a qualidade de vida da mulher. Sendo assim, a avaliação médica e o tratamento são de grande importância.

Com a leitura deste post, entenda como identificar a endometriose!

Quais são os sintomas de endometriose?

A endometriose é reconhecida por seus sintomas dolorosos, que podem até ser incapacitantes. Há mulheres que podem ser assintomáticas ou ter manifestações leves da doença, o que as faz acreditar que essas dores são típicas do período menstrual.

Entre os sintomas mais comuns de endometriose estão a dismenorreia (cólica menstrual) e a dor pélvica. São sintomas que aumentam nos dias antes da menstruação e durante o período menstrual. A dor pélvica pode se tornar crônica e acíclica.

Outra manifestação comum é a dispareunia de profundidade, isto é, a dor sentida no fundo da vagina durante a relação sexual. Esse sintoma prejudica a vida íntima da mulher, pois a relação sexual se torna desconfortável e o medo de sentir dor pode até reduzir libido e trazer conflitos na esfera conjugal.

Quando as lesões endometrióticas afetam a bexiga e o intestino, podem ocorrer alterações nos hábitos urinários e intestinais durante o período menstrual, como: micção e evacuação dolorosas; urgência miccional; constipação intestinal.

Algumas mulheres têm sintomas severos, que prejudicam a execução das atividades de rotina. Em resumo, as dores intensas, o comprometimento da vida sexual, as alterações urinárias e intestinais, bem como a dificuldade de engravidar, são condições que diminuem a qualidade de vida das portadoras de endometriose. Portanto, é fundamental controlar a doença.

Como chegar ao diagnóstico de endometriose?

Reconhecer os sintomas da endometriose é o primeiro passo para chegar ao diagnóstico correto. Algumas manifestações são semelhantes às de outras enfermidades ginecológicas, portanto, uma anamnese detalhada e o relato o mais específico possível dos sintomas são importantes para a suspeita dessa doença.

Diagnosticar a endometriose pode ser um desafio. Muitas mulheres convivem com os sintomas por anos e anos até que o diagnóstico seja fechado. Além de avaliação clínica aprofundada e exame físico detalhado, com profissional que tenha experiência no manejo da endometriose, é preciso realizar exames de imagem de boa acurácia.

A ultrassonografia pélvica com preparo intestinal realizada por médico especializado é um dos exames mais eficazes para identificar e mapear as lesões de endometriose. Outra técnica importante é a ressonância magnética da pelve. 

Por que a endometriose causa infertilidade?

A dificuldade de engravidar é um dos sintomas de endometriose, isso ocorre por diversas razões. A doença está associada a várias modificações no organismo, as quais têm potencial para provocar infertilidade ou subfertilidade, incluindo:

  • inflamação crônica na região pélvica, que desencadeia efeitos prejudiciais aos óvulos e espermatozoides;
  • formação de aderências pélvicas (tecido cicatricial) que podem distorcer e obstruir as tubas uterinas;
  • alteração da motilidade tubária, afetando o transporte dos gametas e embriões;
  • redução da receptividade endometrial, devido ao aumento da resistência à progesterona no endométrio.

Outro fator importante na relação entre endometriose e infertilidade é a diminuição da reserva ovariana, nome dado ao número de óvulos remanescentes nos ovários. Essa redução pode ocorrer principalmente em mulheres com a doença severa e endometrioma(s) (cisto que se forma quando há tecido endometriótico no ovário).

A presença de endometrioma pode alterar a qualidade do tecido ovariano e reduzir o número de folículos ao redor do cisto. Os folículos ovarianos são “a casa do óvulo”, é dentro deles que os oócitos ficam armazenados e se desenvolvem.

Para mulheres com indicação de cirurgia para o tratamento da endometriose, pode-se, antes do procedimento, realizar preservação da fertilidade com o congelamento de óvulos. Futuramente, se necessário, esses óvulos serão descongelados e utilizados em um tratamento de reprodução com fertilização in vitro (FIV).

É importante ressaltar que o diagnóstico de endometriose não é sinônimo de infertilidade. Após avaliação individualizada, tratamentos como relação sexual programada, inseminação intrauterina ou FIV podem oferecer excelentes chances de sucesso. 

Leia agora o texto principal sobre endometriose!